EM VÍDEO PUTIN DEFENDE BRICS ORGANIZAÇÃO-CHAVE COM INFLUÊNCIA EM ESPANSÃO
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(crédito: foto reprodução Agência Brasil) |
Postagem publicada às 16h35 deste domingo, 6 de julho de 2025.
Presidente russo enviou vídeo para a reunião do bloco, no Rio
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa em transição
on-line durante a abertura da Sessão plenária “Paz e Segurança e Reforma da
Governança Global” da Cúpula de Lideres do BRICS no Museu de Arte Moderna
(MAM), no Rio de Janeiro.
Versão em áudioEm vídeo enviado à 17ª Reunião de Cúpula do
Brics, que é realizada neste domingo (6), no Rio de Janeiro, o presidente da
Rússia, Vladimir Putin, destacou que o bloco de países emergentes se tornou uma
das principais organizações-chave do mundo com enorme potencial político,
econômico e tecnológico e influência em expansão.
“A autoridade e a influência desse grupo aumentam a cada ano,
e o Brics é agora um dos principais grupos e organizações-chave no mundo. E
nossa voz é ouvida em alto e bom som em todo o cenário internacional”, disse o
mandatário russo.
Putin destacou ainda que o mundo unipolar – concentrado nos
Estados Unidos (EUA) – está “se tornando coisa do passado”, afirmando que o
modelo de globalização liberal está ultrapassado.
“[A ordem unipolar] está sendo substituída por um mundo
multipolar mais justo. Tudo indica que o modelo de globalização liberal está se
tornando obsoleto, o centro da atividade empresarial está se deslocando para os
mercados em desenvolvimento, o que está desencadeando uma poderosa onda de
crescimento, inclusive nos países do Brics”, acrescentou o russo.
Nos últimos dois anos, o Brics cresceu de cinco para 11
integrantes permanentes, além de incluir dez novos membros parceiros.
Administrar essa expansão foi um dos desafios da presidência do Brasil para
consolidar o fórum que pretende modificar a atual arquitetura global de
poder.
Putin agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo
“trabalho ativo" dentro do Brics.
“É importante que nossos colegas brasileiros tenham se
aprofundado nas iniciativas apresentadas durante a presidência da Rússia no ano
passado e proposto trabalhar em sua implementação”, disse.
O presidente da Rússia defendeu o aprofundamento da
cooperação. “Nossa associação expandiu-se significativamente e inclui os
principais Estados da Eurásia, África, Oriente Médio e América Latina. Juntos,
temos um potencial político, econômico, científico, tecnológico e humano
verdadeiramente enorme”, acrescentou o chefe do Kremlin
Segundo o governo russo, Putin não compareceu pessoalmente ao
encontro por causa do mandado de prisão aberto contra ele no Tribunal Penal
Internacional (TPI) por acusações de crimes de guerra na Ucrânia, o que ele
nega. Como o Brasil é signatário do TPI, corria-se o risco da Justiça
brasileira determinar sua prisão.
Desdolarização
A Cúpula do Brics em Kaza, realizada em 2024 na Rússia, foi
apontada por analistas consultados pela Agência Brasil como muito ambiciosa, em
parte, devido à situação do país euroasiático de isolamento internacional
promovido pelas potências ocidentais após a invasão da Ucrânia. A Rússia é um
dos mais interessados na promoção da desdolarização do comércio internacional.
No vídeo enviado à Cúpula do Rio, Putin reforçou a
necessidade de avançar no uso de moedas locais para o comércio entre os países
do bloco.
“A criação de um sistema independente de liquidação e
depósito na plataforma do Brics, ao que tudo indica, tornará as transações
cambiais mais rápidas, eficientes e seguras. A propósito, o uso de moedas
nacionais no comércio entre nossos países está em constante crescimento: em
2024, a participação da nossa moeda nacional, do rublo e das moedas de países
amigos nos acordos da Rússia com outros países do BRICS chegou a 90%”, disse.
Segundo comunicado do grupo de trabalho dos ministros das
Finanças do Brics, houve avanços na construção do sistema de pagamento em
moedas locais. O texto, no entanto, não detalha os progressos alcançados.
Equilibrar o poder
A professora de Relações Internacionais da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro Ana Garcia, pesquisadora do BRICS Policy
Center, destacou que hoje o bloco tem o papel de balancear o poder com as
potências ocidentais para criar uma ordem internacional mais equilibrada.
“A Rússia utilizou o Brics muito para expandir sua zona de
influência, para propor mecanismos inovadores, particularmente na área
monetária e financeira. O Brics hoje é um instrumento para equilibrar o poder
global que é muito favorável ao bloco liderado pelos Estados Unidos (EUA)”,
comentou.
Ana Garcia ponderou que, economicamente, o poder hoje já está
distribuído, mas politicamente, as instituições internacionais, como Fundo
Monetário Internacional (FMI) e Conselho de Segurança da ONU, por exemplo,
seguem controladas por poucos países.
“Economicamente, o Brics está participando da economia
global. O que não se tem é isso refletido nas instituições internacionais. As
estruturas políticas estão defasadas e é isso que precisa ser reequilibrado”,
concluiu.
Brics
O Brics é um bloco que reúne representantes de 11 países
membros permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia
Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.
Também participam os países parceiros: Belarus, Bolívia,
Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia, Nigéria, Vietnã e Uzbequistão.
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