BRASILEIROS VÃO PARA A GUERRA: SALÁRIO DE R$ 26 MIL NO FRONT E R$ 2 MILHÕES À FAMÍLIA EM CASO DE MORTE
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(crédito: foto reprodução "IA" Sociedade Militar) |
Postagem publicada às 17 horas deste domingo, 06 de julho de 2025.
Desde o início do conflito entre Ucrânia e Rússia, em 2022,
milhares de estrangeiros se voluntariaram para lutar ao lado das forças
ucranianas. Entre eles, um número crescente de brasileiros tem chamado a
atenção, motivados por razões diversas - ideológicas, humanitárias, políticas
ou até econômicas. O português, inclusive, está entre os cinco idiomas aceitos
oficialmente para o alistamento na chamada Legião Internacional da Ucrânia, que
integra oficialmente as Forças Armadas do país.
Pouca gente sabe, mas os militares estrangeiros têm um
emprego formal e totalmente legalizado no Exército da Ucrânia. Se um combatente
estrangeiro falecer em combate ele tem todos os direitos previstos para um
soldado nativo e seus familiares receberão uma indenização capaz de
proporcionar uma vida relativa mente tranquila para cônjuge e filhos por
bastante tempo.
Mas como funciona esse processo? Quanto ganha um combatente estrangeiro? O que acontece se ele for ferido ou morto em combate? E, mais importante, quais são os riscos e responsabilidades de um brasileiro que decide enfrentar a guerra que hoje ocorre no Leste Europeu?
A Legião Internacional: parte formal das Forças Armadas
A Legião Internacional da Ucrânia não é uma força de
mercenários, uma milícia ou um exército irregular. Trata-se de uma estrutura
totalmente formal dentro do Comando das Forças Terrestres da Ucrânia. Os
estrangeiros alistados passam a ser, legalmente, soldados do Exército
ucraniano, com todos os deveres, direitos e riscos inerentes à função.
As unidades que recrutam estrangeiros variam desde pelotões e
companhias até batalhões inteiros com composição internacional. A seleção,
contudo, é bastante criteriosa e pode levar várias semanas.
Há um processo seletivo: do formulário à entrevista com o
comandante
O primeiro passo para um brasileiro que deseja se alistar não
é comprar uma passagem para Kiev. O próprio Ministério da Defesa da Ucrânia
alerta: “Comparecer pessoalmente apenas sobrecarrega os centros de recrutamento
locais”.
O correto é preencher o formulário online no site oficial da Legião Internacional. Após o envio da candidatura, a documentação é analisada formalmente. Se aprovada, é encaminhada para unidades militares compatíveis com o perfil do candidato.
Caso uma dessas unidades manifeste interesse, o voluntário será contatado para uma entrevista final com um comandante ou recrutador. Esse processo pode levar de 14 a 21 dias se o candidato é um ex-militar do Exército Brasileiro, ou um ex-soldado do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, por exemplo, podendo demorar mais em casos de candidatos sem experiência militar anterior.
Experiência militar é desejável, mas não obrigatória
A experiência prévia em Forças Armadas ou forças de segurança
é vista como um diferencial importante, mas não é um pré-requisito. Segundo o
centro de recrutamento da Legião Internacional, a motivação, a saúde física e o
comprometimento também são fatores considerados durante a seleção.
O domínio de pelo menos um dos idiomas aceitos (inglês, espanhol, português, russo ou ucraniano) é um requisito obrigatório.
O que o novo recruta deve levar e o que ele recebe
Aos combatentes estrangeiros aprovados, o Exército da Ucrânia
fornece todos os equipamentos básicos necessários: uniforme, capacete, colete
balístico, armamento, botas e outros itens essenciais. Ainda assim, o
comandante ou o recrutador pode recomendar materiais adicionais que devem ser
comprados localmente.
O voluntário deverá arcar com seus custos de viagem até a Ucrânia, sem qualquer reembolso. Isso – segundo explicado pelo Ministério da Defesa ucraniano – tem o objetivo evitar que o processo seja usado como forma de imigração disfarçada para a Europa.
O salário de um combatente estrangeiro alistado no Exército da Ucrânia é atraente
O soldado estrangeiro tem direito ao mesmo pagamento que os
soldados ucranianos, em moeda local (hryvnia), depositado em conta bancária
ucraniana. Os valores variam conforme a função e a zona de atuação:
US$ 550 por mês em áreas de retaguarda – equivalente a cerca de 3 mil reais mensais.
US$ 1.100 por mês em zonas perigosas – equivalente a cerca de
6 mil reais mensais.
Até US$ 4.800 por mês em missões de combate direto –
equivalente a 26 mil reais mensais
Segundo informado pelos militares ucranianos, bônus
adicionais podem ser aplicados conforme a unidade e a natureza da missão
executada.
Seguro, indenização e apoio em caso de morte ou ferimento
Os riscos do combate obviamente são reais e reconhecidos pelo
governo ucraniano. Em caso de ferimento, o militar tem acesso a tratamento
médico gratuito e, dependendo da gravidade da lesão, recebe indenização
proporcional.
Já no caso de morte em combate, os familiares do combatente têm direito a uma indenização de 15 milhões de hryvnias, o equivalente a aproximadamente US$ 365 mil. A família deverá abrir contas bancárias na Ucrânia e apresentar a documentação necessária para receber o valor da indenização.
Caso o militar esteja desaparecido, os salários a que faz jus continuam a ser pagos até que haja uma declaração oficial de óbito.
O contrato padrão tem duração de três anos, podendo ser prorrogado automaticamente. Entretanto, o militar pode solicitar a rescisão após seis meses, desde que não esteja engajado em missão ativa de combate.
Um brasileiro alistado no Exército Ucraniano pode ser considerado mercenário?
A Legião Internacional é uma força oficialmente integrada às
Forças Armadas ucranianas. Assim, o brasileiro que se alista legalmente e passa
a fazer parte do contingente não está violando acordos internacionais sobre
mercenarismo, segundo a legislação ucraniana.
Entretanto, o governo ucraniano recomenda expressamente que cada voluntário verifique previamente a legislação do seu país de origem. O Brasil, por exemplo, não possui uma lei específica que proíba seus cidadãos de servirem em Forças Armadas estrangeiras — desde que não haja envolvimento em crimes de guerra ou ações contrárias aos interesses nacionais.
O perfil dos brasileiros que vão à guerra
Entre os brasileiros que já integraram ou ainda integram a
Legião Internacional, há ex-militares, seguranças privados, praticantes de
artes marciais e pessoas que nunca foram militares mas são apaixonados por
militarismo, combate etc. Alguns veem na guerra uma forma de recomeçar a vida e
muitos dos voluntários enxergam o alistamento como resposta a um chamado
ideológico para combater o que veem como uma ameaça autoritária por parte da
Rússia.
Um dos brasileiros alistados no Exército Ucraniano é conhecido por seus companheiros como Padre Makariy, ele ministra orações e faz as vezes de capelão para as tropas. Segundo o site da Legião Internacional, ele atua em necessidades relacionadas à espiritualidade e fé.
“Ele é uma personalidade muito brilhante — diz o Major Oleksandr Yakymovych, comandante da 2ª Legião Internacional de Defesa da Ucrânia. — E ele é muito positivo. Os rapazes o adoram. E, de fato, ele ajuda com todas as necessidades relacionadas à fé, representantes de todas as denominações e religiões que podem ser encontrados em nossa Legião.”
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Com informações Revista Sociedade Militar.
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