MILITAR DA MARINHA É CONDENADO POR DESVIAR APROXIMADAMENTE R$ 200 MIL E SERÁ EXPULSO DAS FORÇAS ARMADAS
![]() |
(crédito: Sociedade Militar) |
Postagem publicada às 15h55 deste sábado, 28 de junho de 2025
Decisão unânime do Superior
Tribunal Militar mantém pena de prisão e exclusão de suboficial que desviou
verbas públicas, revelando falhas nos controles internos e acendendo alerta
sobre corrupção em estruturas estratégicas e sensíveis da administração militar
brasileira.
Durante anos, ele era o
responsável por gerenciar uma conta de uso emergencial para pagamentos rápidos
a militares da Marinha.
Na prática, a Conta de Pagamentos
Imediatos (Copimed) deveria garantir agilidade na quitação de benefícios a
integrantes das Forças Armadas.
Mas o que parecia ser apenas um
procedimento administrativo revelou-se um esquema pessoal de desvio de verbas
públicas.
Segundo informações do portal
”Carta Capital”, o Superior Tribunal Militar (STM) manteve, por unanimidade, a
condenação de um suboficial da Marinha do Brasil, acusado de ter desviado R$
192.285,00 da conta oficial da instituição.
A decisão da corte superior foi
tomada após julgamento de um recurso que buscava reverter a sentença proferida
em maio de 2024 pelo Conselho Permanente de Justiça da 1ª Auditoria da 1ª
Circunscrição Judiciária Militar (CJM), sediada no Rio de Janeiro.
Além da condenação a quatro anos de prisão em regime inicial aberto, o militar também será expulso das Forças Armadas, perdendo sua função e prerrogativas.
Crime de peculato e condenação
mantida
O suboficial foi enquadrado no
artigo 303 do Código Penal Militar, que trata do crime de peculato.
O peculato ocorre quando um
servidor público se apropria de bens ou valores sob sua guarda em função do
cargo, utilizando-os em benefício próprio.
O relator do processo, ministro
General de Exército Marco Antônio de Farias, foi direto em seu voto: “Ficou
comprovado que o réu se valeu do cargo para desviar os recursos.”
Os demais ministros da corte
seguiram o voto do relator por unanimidade.
Como o esquema foi descoberto
A denúncia foi oferecida pelo
Ministério Público Militar (MPM), que identificou irregularidades nas
movimentações da Copimed.
Segundo a acusação, o suboficial
realizava transferências de valores diretamente para sua própria conta
bancária, justificando falsamente que os valores seriam repassados a militares
beneficiários.
Porém, auditorias internas e
perícias contábeis apontaram que parte dos recursos foi desviada para uso
pessoal, sem qualquer destinação oficial.
Um relatório de análise bancária
apontou ainda transferências para contas de terceiros, incluindo depósitos que
somavam mais de R$ 154 mil na conta do pai do militar.
Os valores movimentados não
condiziam com a renda declarada pelo réu, indicando enriquecimento ilícito.
Defesa buscou alternativas para
evitar condenação
Durante o julgamento do recurso,
a defesa do suboficial alegou que o réu teria se comprometido a ressarcir
integralmente os cofres públicos.
Segundo os advogados, desde abril
de 2018, o militar sofre descontos mensais de R$ 701,31 em seu contracheque,
como forma de devolução voluntária do prejuízo causado.
Caso o valor continue sendo
descontado regularmente, o total só será quitado em julho de 2041.
A defesa pediu a extinção da
punibilidade, a desclassificação do crime para apropriação indébita simples
(artigo 240 do CPM), ou até mesmo a aplicação de um acordo de não persecução
penal, alternativas previstas para crimes de menor gravidade.
Nenhum dos pedidos foi aceito.
Para o relator, a devolução
parcial dos valores não apaga a gravidade do crime nem impede a
responsabilização penal.
Peculato: um crime comum, mas
difícil de punir
O crime de peculato figura entre
os delitos mais graves cometidos por servidores públicos civis ou militares.
O Código Penal Militar trata o
peculato com rigor, especialmente quando praticado por quem ocupa função de
confiança ou acesso direto a recursos públicos.
Apesar disso, é comum que casos
de peculato demorem anos para serem julgados em definitivo.
A devolução parcial dos valores
desviados não elimina a natureza criminosa da ação, tampouco exclui a pena
privativa de liberdade.
No caso julgado pelo STM, o réu
permaneceu em liberdade e teve direito de recorrer fora da prisão, devido à
pena ser aplicada em regime aberto.
O que é a Copimed e por que ela é
importante?
A Copimed, Conta de Pagamentos
Imediatos, é um instrumento da Marinha do Brasil utilizado para pagamentos
urgentes, como indenizações, verbas atrasadas ou benefícios pendentes de
militares.
O gestor da conta tem permissão
para movimentar valores de forma célere, justamente para evitar burocracias que
retardem pagamentos a servidores.
No entanto, essa autonomia também
exige altos padrões éticos e fiscalizatórios, pois abre brechas para desvios se
não for bem supervisionada.
O caso do suboficial condenado
expôs falhas de controle interno e serviu de alerta para que outras áreas das
Forças Armadas intensifiquem auditorias em contas semelhantes.
*********
Com informações Revista Sociedade Militar.
Comentários