DECLARAÇÃO DO RIO: PAÍSES DO BRICS DEFENDEM ORDEM GLOBAL MAIS JUSTA
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(credito: foto reprodução Agência Brasil) |
Postagem publicada às 16h15 deste domingo, 06 de julho dde 2025.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da
Silva, posa para Fotografia de família dos Chefes de Estado e de Governo dos
países-membros do BRICS, no Museu de Arte Moderna (MAM). Na foto (da esquerda
para a direita): Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov;
Xeique Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan; Príncipe Herdeiro de Abu Dhabi,
Xeique Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan; Presidente da Indonésia, Prabowo
Subianto; Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; Presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva; Primeiro-Ministro da Índia, Narendra
Modi;
Primeiro-Ministro da República Popular da China, Li Qiang; Primeiro-Ministro da República Democrática Federal da Etiópia, Abiy Ahmed Ali; Primeiro-Ministro do Egito, Mostafa Kemal Madbouly e o Ministro das Relações Exteriores da República Islâmica do Irã, Seyed Abbas Araghchi. Rio de Janeiro - RJ.
Reunidos no Rio de Janeiro, os países do Brics divulgaram,
neste sábado (6), a Declaração Final da 17ª Reunião de Cúpula, na qual destacam
a “importância do Sul Global como um motor de mudanças positivas, especialmente
diante de desafios internacionais significativos", entre os quais o
documento inclui o agravamento das tensões geopolíticas, a desaceleração
econômica, as transformações tecnológicas aceleradas, as medidas protecionistas
e os desafios migratórios.
"Acreditamos que os países do BRICS continuam a desempenhar um papel central na expressão das preocupações e prioridades do Sul Global, assim como na promoção de uma ordem internacional mais justa, sustentável, inclusiva, representativa e estável, com base no direito internacional”, diz o documento.
Os países também se posicionam pela paz em relação a
conflitos e guerras no mundo e defendem a necessidade de aprofundarem a
cooperação econômica entre os membros do grupo, de se unirem diante da crise
climática e de cooperarem pela promoção do desenvolvimento humano, social e
cultural.
O Brics é um bloco que reúne representantes de 11
países-membros permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã,
Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Também
participam os países-parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba,
Uganda, Malásia, Nigéria, Vietnã e Uzbequistão.
Os 11 membros permanentes representam 39% da economia
mundial, 48,5% da população do planeta e 23% do comércio global. Em 2024,
países do Brics receberam 36% de tudo que foi exportado pelo Brasil, enquanto
nós compramos desses países 34% do total do que importamos.
Guerras
Em relação aos conflitos internacionais, os países expressam
preocupação “com os conflitos em curso”, e com o aumento dos gastos militares
globais:
“Expressamos preocupação com os conflitos em curso em
diversas partes do mundo e com o atual estado de polarização e fragmentação da
ordem internacional".
"Manifestamos apreensão diante da tendência atual de
aumento crítico dos gastos militares globais, em detrimento do financiamento
adequado para o desenvolvimento dos países em desenvolvimento. Defendemos uma
abordagem multilateral que respeite as diversas perspectivas e posições
nacionais sobre questões globais cruciais, incluindo o desenvolvimento
sustentável, a erradicação da fome e da pobreza e o enfrentamento global da
mudança do clima, ao mesmo tempo em que expressamos profunda preocupação com
tentativas de vincular segurança à agenda climática”.
Os países condenam os ataques militares contra o Irã, que é
membro do bloco, e pedem cessar-fogo na Faixa de Gaza. “Condenamos os ataques
militares contra a República Islâmica do Irã desde 13 de junho de 2025, que
constituem uma violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas,
e expressamos profunda preocupação com a subsequente escalada da situação de
segurança no Oriente Médio”, diz o texto.
Em relação à guerra em Gaza, a Declaração Final chama "as partes a se engajarem, de boa-fé, em novas negociações com vistas à obtenção de um cessar-fogo imediato, permanente e incondicional; à retirada completa das forças israelenses da Faixa de Gaza e de todas as demais partes do Território Palestino Ocupado; à libertação de todos os reféns e detidos em violação ao direito internacional; e ao acesso e entrega sustentados e desimpedidos da ajuda humanitária”.
Sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia, integrante fundadora
do Brics, a declaração diz que os países "esperam que os esforços atuais
conduzam a um acordo de paz sustentável".
"Registramos com apreço as propostas relevantes de
mediação e bons ofícios, incluindo a criação da Iniciativa Africana de Paz e do
Grupo de Amigos para a Paz, voltadas para a resolução pacífica do conflito por
meio do diálogo e da diplomacia".
Cooperação entre países
O texto final recebe o título de Declaração do Rio de
Janeiro: Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais
Inclusiva e Sustentável e contém 126 pontos, divididos em cinco tópicos:
Fortalecendo o Multilateralismo e Reformando a Governança
Global;
Promovendo a Paz, a Segurança e a Estabilidade
Internacionais;
Aprofundando a Cooperação Internacional em Economia, Comércio
e Finanças;
Combatendo a Mudança do Clima e Promovendo o Desenvolvimento
Sustentável, Justo e Inclusivo;
Parcerias para a Promoção do Desenvolvimento Humano, Social e
Cultural.
Em relação à cooperação financeira, entre outros pontos, o
documento afirma que os países buscarão, juntos, promover um sistema tributário
internacional justo, mais inclusivo, estável e eficiente.
“Reiteramos nosso compromisso com a transparência fiscal e
com a promoção do diálogo global sobre tributação eficaz e justa, aumentando a
progressividade e contribuindo para os esforços de redução da desigualdade.
Temos como meta aprofundar a coordenação global entre as autoridades
tributárias, melhorar a mobilização de receitas domésticas, assegurar uma
alocação justa dos direitos de tributação e combater a evasão fiscal e os
fluxos financeiros ilícitos relacionados a impostos”.
Os países também ressaltam a importância de promover um maior
engajamento do setor privado e de simplificar operações empresariais.
“Relembramos a relevância de seguir promovendo o engajamento
ativo do setor privado, apoiando o desenvolvimento e a promoção de micro,
pequenas e medias empresas (MSMEs, em inglês) e incentivando um ecossistema
global de comércio mais resiliente e dinâmico. Pretendemos seguir trocando
melhores práticas de apoio a MSMEs, incluindo por meio de serviços e
plataformas digitais voltados para a simplificação de operações empresariais”,
diz o documento.
Clima e inteligência artificial
Considerados também assuntos prioritários no encontro, as
mudanças climáticas e a inteligência artificial (IA) constam no documento
final. Em relação à IA, os países reconhecem que a tecnologia representa uma
oportunidade para impulsionar o desenvolvimento, mas defendem que "a
governança global da IA deve mitigar potenciais riscos e atender às
necessidades de todos os países, incluindo os do Sul Global".
"Um esforço global coletivo é necessário para
estabelecer uma governança da IA que defenda nossos valores compartilhados,
aborde riscos, construa confiança e garanta colaboração e acesso internacionais
amplos e inclusivos, em conformidade com as legislações soberanas, incluindo o
desenvolvimento de capacidades para países em desenvolvimento, com as Nações
Unidas em seu centro”, diz trecho do documento.
Sobre as mudanças climáticas, os países reafirmam o
compromisso e o reconhecimento de acordos globais como o Acordo de Paris ─
tratado internacional, adotado em 2015, na COP21, que visa combater as
alterações climáticas através da redução de emissões de gases de efeito estufa
– e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que
tem como objetivo principal estabilizar as concentrações de gases de efeito
estufa na atmosfera.
Além, disso, os países manifestam total apoio à Presidência
da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30),
exercida pelo Brasil.
“Reafirmarmos ainda nosso firme compromisso de, em busca do
objetivo da UNFCCC, enfrentar a mudança do clima ao fortalecer a implementação
plena e efetiva do Acordo de Paris, inclusive seus dispositivos relativos à
mitigação, adaptação e provisão de meios de implementação aos países em
desenvolvimento, refletindo equidade e o princípio das responsabilidades comuns
porém diferenciadas e respectivas capacidades, à luz das diferentes
circunstâncias nacionais”.
Os países também reconhecem o Fundo Florestas Tropicais para
Sempre (TFFF, na sigla em inglês), proposto pelo Brasil, como um mecanismo
inovador. “Saudamos os planos para lançar o Fundo Florestas Tropicais para
Sempre (TFFF, na sigla em inglês) em Belém, na COP30, e o reconhecemos como um
mecanismo inovador concebido para mobilizar financiamento de longo prazo,
baseado em resultados, para a conservação de florestas tropicais. Encorajamos
potenciais países doadores a anunciarem contribuições ambiciosas, de modo a
garantir a capitalização do fundo e sua operacionalização em tempo hábil”.
Documentos aprovados
Além da tradicional declaração de líderes, foram aprovados
três outros documentos: a Declaração Marco dos Líderes do BRICS sobre Finanças
Climáticas; a Declaração dos Líderes do BRICS sobre Governança Global da
Inteligência Artificial e a Parceria do BRICS para a Eliminação de Doenças
Socialmente Determinadas.
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Com informações Agência Brasil.
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