POLICIA CIVIL PRENDE ANÍSIO ABRAÃO DAVID PATRONO DA BEIJA FLOR
RIO - Quase um mês depois de uma grande operação montada para prender chefões do bicho, o patrono Aniz Abraão David, o Anísio da Beija-Flor, foi preso por agentes da Corregedoria de Polícia nesta quarta-feira, em frente a um laboratório de análises clínicas, na Rua Joaquim Nabuco, esquina com Avenida Atlântica, em Copacabana, na Zona Sul. Ele era considerado foragido desde a Operação Dedo de Deus, deflagrada no dia 15 de dezembro, e foi preso por determinação do desembargador Paulo Rangel, da 3ª Câmara do Tribunal de Justiça do Rio.
Em dezembro, a contravenção no Rio sofreu um golpe após a Operação Dedo de Deus, da Polícia Civil e do Ministério Público estadual, que prendeu 44 pessoas. Anísio era um dos alvos, mas não foi localizado na ocasião. A ação para tentar capturar o patrono teve direito a cenas de cinema: para chegar à cobertura que é patrono da Beija-Flor, em plena Avenida Atlântica, em Copacabana, policiais desceram de helicóptero fazendo rapel.
As prisões foram em municípios fluminenses e também em Recife, Salvador e São Luís. Entre os que foram presos na ocasião, estavam o ex-prefeito de Teresópolis Mário de Oliveira Tricano, dois policiais militares e um guarda municipal. O objetivo da operação Dedo de Deus foi desarticular uma quadrilha de contraventores que, para melhorar os negócios, investiu em tecnologia, utilizando máquinas de anotação eletrônica do jogo do bicho.
As investigações começaram em março do ano passado em Teresópolis, a partir de informações de que policiais do município eram corrompidos pelo jogo do bicho. Escutas telefônicas foram feitas para tentar prender esses agentes. Para levar à cadeia os chefões do bicho, foram expedidos para a operação do dia 15 de dezembro - que mobilizou cem delegados e 700 policiais civis - mandados de prisão para os chefes de quatro células da contravenção que funcionavam em Teresópolis, Petrópolis, Nilópolis, Duque de Caxias, São João de Meriti e no Rio de Janeiro. À frente das células, comparadas a uma máfia pelo corregedor, estavam Mário Tricano, Anísio, Luizinho Drummond, Helinho e Yuri Reis Soares, filho do bicheiro Jaider Soares, também da Grande Rio. Yuri foi preso na época.
Na ocasião da operação, o delegado corregedor Glaudiston Galeano Lessa alegou que foi preciso usar um helicóptero com rapel para evitar que Anísio escondesse ou mesmo destruísse provas que estavam em seu apartamento. A polícia alegou também que usou a aeronave porque na cobertura do contraventor as portas são blindadas, e havia a suspeita de que o local tinha seguranças armados.
No triplex, foram encontrados os filhos e a mulher do bicheiro. Eles disseram não saber onde Anísio estava e que era comum ele sair sem avisar. No local, os agentes apreenderam quatro Mercedes-Benz blindados. O apartamento do bicheiro tem salão de beleza, jardim japonês, lago artificial, academia de ginástica e uma piscina com a imagem de um beija-flor no fundo.
Dois dias depois, em outra operação, foram encontrados R$ 3,9 milhões na casa do tio de Helinho, na Barra. A fortuna - que teve que ser retirada do local em um carrinho de supermercado - estava escondida em fundos falsos na parede, em caixas de luz, no esgoto, no sótão e sob plantas. A descoberta foi feita durante uma operação da Polícia Civil, que precisou recorrer a um carrinho de supermercado para retirar a montanha de notas, de R$ 50 e R$ 100, encontrada no imóvel. Também foram apreendidos um computador, um Toyota blindado e a réplica de um fuzil AK-47.
O GLOBO
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