VAMOS ENTENDER O QUE É O BRICS, GRUPO QUE SE REÚNE A PARTIR DE DOMINGO NO RIO DE JANEIRO?
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(crédito: foto reprodução "IA" para ilustração do texto) |
Postagem publicada às 9h59 desta sexta-feira, 04 de julho de 2025.
Brasil é um dos fundadores do bloco de países do Sul Global
Um pouco mais de oito meses depois de o Museu de Arte Moderna
(MAM) receber os holofotes do mundo para a reunião do G20 (grupo formado por 19
países e as uniões Europeia e Africana), o Rio de Janeiro ocupa novamente
cenário de destaque no palco das relações internacionais. No domingo (6) e na
segunda-feira (7), será realizada a reunião de Cúpula do Brics, sob a
presidência brasileira.
Fórum das maiores economias fora do G7, que reúne as
potências alinhadas aos Estados Unidos, o grupo é apontado como uma voz do Sul
Global. Entenda mais sobre esse evento internacional com a série de perguntas e
respostas abaixo, preparadas pela Agência Brasil.
O que é o Brics?
O grupo se define como um foro de articulação
político-diplomática de países que formam o chamado Sul Global, buscando
cooperação internacional e o tratamento multilateral de temas globais.
Além de buscar mais influência e equidade de seus integrantes
em instituições como Organização das Nações Unidas (ONU), Fundo Monetário
Internacional (FMI), Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio (OMC), o
Brics tem em seu radar a criação de instituições voltadas para seus
participantes, como o Novo
Banco de Desenvolvimento, chamado de banco do Brics.
Por não ser uma organização internacional, o Brics não tem um
orçamento próprio ou secretariado permanente.
Quantos países fazem parte do Brics?
Atualmente, o grupo conta com 11 países-membros e dez
países-parceiros.
Países-membros: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China,
Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia.
Países-parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba,
Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
Qual a diferença entre país-membro e país-parceiro?
A modalidade país-parceiro foi criada durante a Cúpula de
Kazan, na Rússia, em outubro de 2024. Esses países são convidados a participar
dos encontros e dos debates. A principal diferença entre as categorias é que
apenas os países-membros têm poder de deliberação, ou seja, votar nos
encontros, por exemplo, para referendar à declaração final do grupo.
O Brics começou com quantos países?
O termo Brics nasceu em um estudo de 2001, formulado pelo
economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O'Neil, que projetou a crescente
importância que Brasil, Rússia, Índia e China teriam na economia e na
geopolítica global no Século 21.
A organização desses países enquanto grupo se deu em 2006.Cinco anos depois, em 2011, o acrônimo ganhou o “s”, de South Africa (África do Sul, em inglês).
Em 2024, o grupo passou a incluir Egito, Etiópia, Irã, Arábia
Saudita e Emirados Árabes Unidos. A Argentina chegou a ser convidada, mas sob a
presidência de Javier Milei, recusou o ingresso. Em 2025, a Indonésia passou a
fazer parte do Brics.
Também no ano passado, foi anunciado que os países-parceiros
Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão
passariam a fazer parte do Brics a partir de 1º de janeiro de 2025.
A Nigéria recebeu o status em 17 de janeiro. O mais recente parceiro é o Vietnã, que foi anunciado no último dia 13 de junho.
Mais de 30 nações já manifestaram interesse em participar do
Brics, tanto na qualidade de membros como de parceiros.
O que é o Sul Global?
O Sul Global pode ser entendido como uma união entre países
em desenvolvimento, em regiões como América Latina, África, Ásia Meridional e
sudeste asiático.
Esses países apresentam similaridades, como passado de
colonização, economias diversificadas e desafios sociais. As nações buscam
articulações entre si para reivindicar reformas na ordem econômica e política
global, reduzindo a dependência dos países desenvolvidos.
Apesar no nome, muitos desses países se localizam geograficamente no hemisfério Norte, como Rússia, China, Arábia Saudita e Egito.
Mais países podem entrar no grupo?
Segundo a presidência brasileira, não há previsão, no
momento, de se realizar novo processo de expansão. Eventual manifestação de
interesse de ingresso no Brics será avaliada caso a caso. A decisão final sobre
a adesão é feita por consenso entre os líderes do grupo.
O Brics tem poder de decisão sobre temas internacionais?
O Brics não é uma organização internacional ou um bloco
formal. Trata-se de um foro de coordenação e cooperação entre países do Sul
Global. Consensos de discussões precisam ser implementados internamente pelos
países, caso queiram seguir o encaminhamento.
Por que o encontro acontece no Brasil? É a primeira vez?
A reunião de cúpula acontece no país-membro que ocupa a
presidência rotativa ─ em 2025, é a vez do Brasil. Por isso, foi escolhido o
Rio de Janeiro. Ao longo da presidência brasileira em 2025, foram realizadas
mais de 200 reuniões online e presenciais.
Em 2026, a cúpula será na Índia. No ano passado, o encontro
foi em Kazan, na Rússia.
O Brasil sediou três edições da cúpula: Brasília (2019 e
2010) e Fortaleza (2014).
O Brics representa quanto da população e da economia mundial?
Os 11 países representam 39% da economia mundial, 48,5% da
população do planeta e 23% do comércio global. Em 2024, países do Brics
receberam 36% de tudo que foi exportado pelo Brasil, enquanto nós compramos
desses países 34% do total do que importamos.
Qual o potencial do Brics na área de energia?
Em termos de capacidade energética, o grupo representa 43,6%
da produção mundial de petróleo e 36% de gás natural. O Brics detém 72% das
reservas mundiais de minerais classificados como terras raras, elementos
químicos fundamentais para diversas aplicações tecnológicas, desde eletrônicos
até energia renovável.
Quais as prioridades brasileiras no Brics?
Cooperação em saúde global;
Comércio, investimento e finanças;
Combate à mudança do clima;
Governança da inteligência artificial;
Arquitetura multilateral de paz e segurança;
Desenvolvimento institucional do Brics.
O que é o Banco do Brics?
Criado em 2015, O New Development Bank (NDB), Novo Banco de
Desenvolvimento, também conhecido como Banco do Brics, é um banco multilateral
de desenvolvimento criado para mobilizar recursos para financiar projetos de
infraestrutura e de desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento.
De acordo com o site da instituição, o NDB já aprovou 120
projetos e US$ 39 bilhões (equivalente a mais de R$ 210 bilhões) em
financiamentos.
Países de fora do Brics, casos de Uruguai, Argélia e
Bangladesh, também podem fazer parte. Os fundadores do Brics são os maiores
depositantes de recursos do banco de fomento. A Colômbia já manifestou
interesse em virar integrante. Por outro lado, a entrada no Brics não garante
acesso ao NDB.
Em 2023, a ex-presidente Dilma Rousseff foi escolhida
presidente do NDB, sendo reeleita em 2025.
Xangai, China, 13.04.2023 -
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na posse da
O que é o Arranjo Contingente de Reservas (ACR)?
O Arranjo Contingente de Reservas (ACR) é uma plataforma de
apoio financeiro entre os integrantes do Brics para os casos de dificuldades no
balanço de pagamentos do país (fuga de moedas estrangeiras, por exemplo).
O ACR está plenamente operacional e pode ser acionado a
qualquer momento por iniciativa de um dos membros.
Por meio do ACR, os membros se comprometem a colocar à
disposição reservas internacionais no valor de até US$ 100 bilhões,
distribuídos da seguinte maneira: China (US$ 41 bilhões), Brasil (US$ 18
bilhões), Índia (US$ 18 bilhões), Rússia (US$ 18 bilhões) e África do Sul (US$
5 bilhões).
Os novos membros do Brics podem solicitar adesão ao ACR.
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Com informações Agência Brasil.
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