CASO BRAGA NETTO: ALTAS PATENTES DO EXÉRCITO EM RESERVA SE PRONUNCIAM, "QUALQUER ATO CONTRA O ESTADO DE DIREITO É INACEITÁVEL"

(crédito: foto reprodução/Revista Sociedade Militar)

Postagem publicada às 17h46 desta quinta-feira, 19 de dezembro de 2024. 

A prisão preventiva do general de quatro estrelas do Exército, Walter Braga Netto, realizada pela Polícia Federal no último sábado (14), motivou declarações contundentes entre integrantes do alto escalão do Exército. Em conversas reservadas, ouvidas pela Folha de S. Paulo durante evento no Comando Militar do Sudeste, oficiais de alta patente reforçaram que qualquer ato contra o estado de Direito é inaceitável, ainda que seja assegurado ao general o pleno direito à defesa.

Um silêncio eloquente e uma mensagem clara

O posicionamento surgiu em meio a um clima de discrição e tensão. Durante a solenidade de despedida do general Guido Amin Naves, futuro ministro do STM (Superior Tribunal Militar), jornalistas foram orientados a evitar questões políticas ou sobre o caso Braga Netto, sob pena de interrupção da entrevista coletiva. Após uma pergunta específica sobre o cenário político atual, a coletiva foi encerrada abruptamente.

Ainda assim, segundo a Folha, o tom das conversas informais e as declarações sob anonimato indicam uma clara tentativa da cúpula militar de se distanciar de episódios que possam comprometer a credibilidade da instituição.

Braga Netto e as sombras da investigação

O general Braga Netto foi preso sob suspeita de tentar interferir nas investigações sobre uma trama golpista. A prisão ocorre em um momento de intensificação do escrutínio sobre as Forças Armadas devido ao suposto envolvimento de militares em atos contra o estado de Direito.

As acusações contra Braga Netto ganharam peso a partir da colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, homologada em setembro pelo STF. Segundo Cid, Braga Netto teria procurado o general Mauro Lourena Cid, pai do delator, para obter informações sobre seu depoimento.

Legalidade sob tensão

Durante a cerimônia, o general Guido Amin, ao se despedir do Comando Militar do Sudeste, destacou o compromisso do Exército com a legalidade, chamando atenção para os “tempos instáveis” vividos pelo país. “É preciso muito caráter moral para tomar decisões nesse contexto”, afirmou.

Enquanto isso, o novo comandante do Sudeste, general Pedro Celso Coelho Montenegro, evitou menções políticas, adotando um discurso protocolar e alinhado ao espírito de neutralidade institucional.

Divisão nos bastidores

No almoço de confraternização que se seguiu à solenidade, o caso Braga Netto foi tema de conversas entre os militares presentes. Comentários divergiram: alguns defendiam a necessidade de investigar profundamente os fatos, enquanto outros criticavam a prisão do general.

No entanto, uma mensagem se manteve uníssona entre os oficiais de maior hierarquia: atos que atentem contra a ordem democrática e o estado de Direito não serão tolerados, independentemente de quem os pratique.


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Com informações Revista Sociedade Militar. 

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