VAMOS CONHECER OS RECURSOS NATURAIS QUE TRUMP SUPOSTAMENTE AMBICIONA PARA ALIVIAR TARIFAÇO DE 50% SOBRE PRODUTOS BRASILEIROS?

(crédito: foto reprodução "IA" Sociedade Militar)

Postagem publicada às 21h30 desta segunda-feira, 28 de Julho de 2025.

O Brasil ocupa uma posição privilegiada no mapa dos recursos naturais. Além de deter a segunda maior reserva de terras raras do mundo, atrás apenas da China, o país também lidera o ranking global de reservas de nióbio, com cerca de 98% das reservas conhecidas e possui a maior reserva mundial de grafite e a terceira de níquel, ambos cruciais para baterias e tecnologias verdes.

Imagine um recurso que move turbinas eólicas, alimenta carros elétricos, equipa caças de última geração e ainda é decisivo no jogo geopolítico global. Agora imagine que o Brasil é um dos países que mais possui esse recurso no mundo. Estamos falando das terras raras, um conjunto de 17 elementos químicos que, embora pouco comentados no noticiário cotidiano, estão no centro de uma disputa silenciosa entre potências como Estados Unidos e China, mas adivinha quem está no meio dessa confusão? O Brasil, claro.

Nos últimos meses, o assunto voltou a ferver após sinais de que o governo Donald Trump estaria mirando os minerais estratégicos brasileiros como moeda de troca em meio a uma escalada tarifária. Um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, previsto para entrar em vigor, acendeu o alerta em Brasília e colocou os recursos naturais brasileiros no centro de um impasse comercial que tem tudo para se transformar num cabo de guerra político e econômico.

O que são terras raras e por que o mundo quer tanto isso?

Apesar do nome, as terras raras não são exatamente escassas na natureza. O problema é que elas aparecem em baixas concentrações e exigem tecnologia e investimento pesado para serem extraídas e processadas. Entre os elementos mais valiosos estão o neodímio, usado em ímãs superpotentes de motores elétricos e turbinas eólicas, e o ítrio, essencial na produção de telas e dispositivos digitais. Outros, como o dísporo, estão presentes em equipamentos militares avançados, como radares, mísseis e sistemas de laser de precisão.

Resumindo: sem terras raras, não teríamos smartphones, carros elétricos, painéis solares, nem aviões de combate modernos. E isso explica por que países como EUA e China estão em uma verdadeira corrida para garantir o fornecimento desses minerais.

China domina o mercado, e os EUA querem mudar isso

A China controla atualmente mais de 60% da produção global de terras raras e cerca de 85% da capacidade de processamento desses minerais. Em 2023, Pequim restringiu as exportações de certos ímãs e metais raros, obrigando empresas ocidentais a buscar alternativas. Isso colocou o tema na lista de prioridades do governo americano.

De acordo com a agência Reuters, essa restrição levou os Estados Unidos a intensificarem a busca por fontes confiáveis fora do eixo chinês. E foi aí que o Brasil entrou no radar de Washington como potencial parceiro estratégico, ao lado de países como Ucrânia e Groenlândia.

Brasil: um gigante da mineração adormecido

O Brasil ocupa uma posição privilegiada no mapa dos recursos naturais. Além de deter a segunda maior reserva de terras raras do mundo, atrás apenas da China, o país também lidera o ranking global de reservas de nióbio, com cerca de 98% das reservas conhecidas e possui a maior reserva mundial de grafite e a terceira de níquel, ambos cruciais para baterias e tecnologias verdes.

Mesmo com esse potencial mineral gigantesco, o Brasil ainda exporta a maior parte de seus minerais para a China. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), aproximadamente 70% das exportações minerais brasileiras têm como destino o mercado chinês. Isso fez acender o alerta em Washington: será que o Brasil poderia ser convencido a redirecionar parte dessas riquezas para os EUA?

Pressão tarifária e o plano de barganha dos EUA

O pano de fundo dessa disputa é a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por parte do governo Trump. Em meio às negociações diplomáticas para tentar evitar esse impacto, surgiu a proposta informal de um acordo envolvendo acesso a terras raras brasileiras em troca de aliviar as sanções tarifárias.

Durante reuniões em Brasília, o diplomata americano Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada dos EUA, procurou representantes do governo e da indústria da mineração para reforçar o interesse em elementos como nióbio, lítio e terras raras. Segundo relatos, Escobar teria afirmado que o Brasil está bem posicionado para se tornar um parceiro-chave dos EUA no fornecimento desses minerais críticos.

A movimentação americana não foi isolada: em junho de 2025, as câmaras de comércio dos dois países apresentaram um plano de cooperação bilateral, com cinco frentes principais:

Plano estratégico de longo prazo

Mapeamento geológico conjunto

Financiamento internacional para extração e refino

Pesquisa e tecnologia em mineração

Sustentabilidade e engajamento com comunidades locais

A soberania em jogo: o alerta do governo brasileiro

Apesar do tom amistoso, o governo brasileiro enxergou com cautela o possível vínculo entre acesso aos minerais e alívio nas tarifas. Durante discurso oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi enfático: “Aqui ninguém põe a mão nas nossas riquezas”. A fala foi interpretada como um recado direto aos EUA e a qualquer outro país que tente condicionar negociações comerciais ao controle dos recursos brasileiros.

O Brasil também busca proteger-se juridicamente. Está em tramitação no Congresso uma Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, que visa criar um marco legal para a exploração desses recursos. O objetivo é dar segurança jurídica para investidores, sem renunciar ao controle nacional e da sustentabilidade.

Há motivo para preocupação? Basta olhar o caso da Ucrânia

Quem acha que o receio brasileiro é exagero deveria prestar atenção no que aconteceu com a Ucrânia. Em abril de 2025, os EUA pressionaram Kiev a assinar um acordo que garantia o acesso americano às terras raras ucranianas em troca da continuidade da ajuda militar. O então presidente Donald Trump declarou que o acesso aos minerais era condição indispensável para manter o apoio.

Esse tipo de precedente reforça os temores de que o Brasil possa ser colocado em situação semelhante, trocando soberania por alívio comercial.

Estratégia do Brasil: negociar sem cederPor enquanto, o governo brasileiro tenta ganhar tempo e negociar em várias frentes. Conseguiu adiar a aplicação das tarifas por 60 a 90 dias e, ao mesmo tempo, busca apoio de congressistas americanos que se opõem ao tarifaço. Até membros do Senado dos EUA já criticaram abertamente Trump, apontando possível abuso de poder.

O Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Mineração também têm se mobilizado para reforçar o protagonismo brasileiro nas decisões sobre o setor, defendendo um modelo de cooperação equilibrada que traga benefícios econômicos, sem comprometer a autonomia nacional.

Nióbio, lítio e terras raras: Riquezas brasileiras no centro do jogo global

No fundo, o que está em jogo não é apenas minério, é influência, poder e independência. Os minerais estratégicos passaram a ser tratados como peças de um tabuleiro geopolítico global. E o Brasil, com suas reservas ainda pouco exploradas, virou um dos terrenos mais disputados dessa nova corrida mundial.

A tensão entre China e EUA nessa área deve continuar, e o Brasil precisará manter habilidade diplomática para não virar moeda de troca ou campo de influência direta de nenhuma das potências. A chave será transformar as terras raras em vetor de desenvolvimento interno e não em dependência externa.

 

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Com informações Revista Sociedade Militar.

 

 

 

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