EVENTO NO MAM REÚNE GRAFITEIROS, DJS E SKATISTAS, ENCONTRO NO FIM DE SEMANA QUER MOSTRAR O RIO ALÉM DO BALNEÁRIO




Muro na Rua Humaitá, feito por Marcelo Ment: o grafite carioca está em alta no mundo -
Foto: Divulgação

Muro na Rua Humaitá, feito por Marcelo Ment: o grafite carioca está em alta no mundo -Divulgação
RIO - Há o mar, há a praia, há a garota de Ipanema. Mas o Rio não é só balneário. Há o muro, há o cinza, há a metrópole pulsante no compasso do concreto. E é esse lado urbano da cidade que os jardins e os pilotis do Museu de Arte Moderna (MAM) vão receber sábado e domingo. Nos dois dias, o cenário de um dos cartões-postais do Rio vai ficar sujo de tinta de spray. É lá que vai acontecer a primeira edição do Arte Core, evento dedicado à arte urbana que engloba diversas manifestações de rua, como grafite, música e skate.
Idealizado pela Homegrown — híbrido de loja e galeria de street art que funciona em Ipanema —, o evento promete uma programação variada das 10h às 20h: oficinas de skate e grafite para crianças, shows, além de exposição de alguns dos mais renomados grafiteiros cariocas.
— A mentalidade aqui no Rio em relação ao grafite já mudou muito. Já fomos muito marginalizados. Esse evento tem um lado educacional forte, além de pensar no futuro da arte urbana. Os artistas precisam continuar vivendo disso, não pode ser só um hobby — diz Marco André, sócio da Homegrown e um dos curadores do evento.
Comandando os sprays, um time de 16 grafiteiros de peso: artistas do calibre de Marcelo Ment, Bruno BR, Mateu Velasco, Rafo, Acme, Meton, Piá e Leo Uzai vão realizar, in loco, a pintura de quatro cubos de madeira (cada um ficará com uma face). Além das obras, o lugar vai ganhar uma galeria temporária, com 14 artistas expondo em diferentes suportes, como Bragga, Flávio Samelo, Alejandro Saavedra, João Lelo, Antonio Bokel e Bruno Big.
— O Rio está em alta num contexto mundial em relação ao grafite, por conta da nossa diversidade de estilos — afirma o carioca Marcelo Ment, que comemora 15 anos de carreira este ano e é o responsável pela identidade visual do Festival do Rio 2013. — Como demorou muito para que as referências chegassem aqui, a galera criou um estilo muito particular, de cores vibrantes.
Mateu Velasco concorda:
— Olhando para o que é feito lá fora, como em Los Angeles e Nova York, sinto que o grafite brasileiro tem mais ilustração, personagens, desenhos. Lá fora é mais letra.
Velasco, que também deixa seu traço na cidade há 15 anos, nota a diferença do crescimento da arte urbana no Rio:
— Mudou muito. No começo dos anos 2000, a gente escolhia o muro que ia pintar. Agora, parede branca na Zona Sul é praticamente impossível. Tem que ir pra Zona Oeste... tem muito mais gente fazendo grafite. Mercantilizou. Virou life style.
Tanto virou, que Nike, Adidas, Puma e Converse estão patrocinando o Arte Core. Além das gigantes, uma chancela de peso na validação da arte urbana: o MAM.
— Achamos tão legal que queremos colocar o evento no nosso calendário anual— avisa o presidente do MAM, Carlos Alberto Chateaubriand. — É uma forma de atrair um público mais jovem também.
Segundo Chateaubriand, a estratégia tem dado certo: desde que o Arte Core começou a ser divulgado, há duas semanas, a página do MAM no Facebook recebeu 2 mil visualizações a mais do que de costume.


Comentários

Veja os dez post mais visitados nos últimos sete dias