O QUE EXPLICA O ROMBO HISTÓRICO DAS ESTATAIS NO GOVERNO LULA
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(crédito: foto reprodução "IA"/Canal Gov) |
Postagem publicada às 9h37 desta segunda-feira, 20 de outubro de 2025.
Escolha de investimentos, aumento de gastos e uso político indevido são alguns dos motivos do déficit recorde das estatais federais na terceira passagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Palácio do Planalto, segundo especialistas ouvidos pelo CNN Money.
Sob o Lula 3, as empresas federais acumularam um déficit
primário de R$ 18,5 bilhões - excluindo Petrobras e bancos públicos -, mostram
dados do BC (Banco Central). Esse é o maior déficit registrado para o período
em toda a série histórica.
O pedido de socorro dos Correios na última semana, incluindo
um empréstimo de R$ 20 bilhões e um plano de reestruturação, deu novo fôlego ao
debate sobre como as estatais estão sendo geridas, e como esse cenário pode
ameaçar as contas públicas.
Para a economista Elena Landau, que atuou como ex-diretora de
privatizações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
os resultados contam com uma raiz mais profunda, que escapa do panorama
macroeconômico.
O impacto maior surgiria de uma “filosofia” de que a estatal
é um instrumento político, e não uma empresa, pela quantidade de cargos
comissionados por indicações internas.
“Os Correios são um caso impressionante. Um estudo de caso,
tamanho o descalabro que aconteceu”, opina a economista. “São escolhas da
administração, de gastar em propaganda, de gastar em pessoal, de gastar fazendo
obras que não lhe dizem respeito.”
Landau descarta questões externas. A opinião, contudo, não é
unânime.
Para o economista-chefe da Lev Asset Management, Jason
Vieira, há fatores estruturais que auxiliam na queda brusca das contas das
empresas públicas, como o aumento de gastos movido pela inflação e custos de
insumos e de energia.
Além disso, há a chamada de "inércia regulatória"
de algumas estatais, como os Correios, que necessitam constantemente de
subsídios do governo.
"São empresas que muitas vezes tem baixa competitividade
e depende de uma receita não recorrente. Quando a gente fala agora da questão
não estrutural, mais conjuntural, a gente pode falar que tem uma grande
gerência política nas suas estatais, que tem uma série de nomeações sem
qualificação, especialmente em termos de conselho", acrescenta.
O que pode explicar uma piora nas estatais no 3º governo
Lula?
Resultados financeiros mais fracos (como Correios e Caixa
Econômica)
Maior polarização política interna, que também pode
dificultar a gestão das empresas
Críticas quanto à nomeação de aliados políticos para cargos
de gestão
Pressões fiscais com a mudança da âncora fiscal, do Teto para
o Arcabouço
Conjuntura econômica global menos favorável (Conflitos
internacionais como na Ucrânia e Oriente Médio afetam os preços de energia e
alimentos)
Assim como Landau, Vieira defende que as estatais estão
carentes de pessoas com capacidade técnica para o setor, e são usadas como
instrumentos para sustentação política.
Com isso, também há o que classifica como investimentos
agressivos com retorno a longo prazo, como nas áreas de publicidade, ou a
aposta geral do governo Lula no PAC (Programa de Aceleração e Crescimento) -
que acabam drenando um caixa já deficitário das empresas.
"Falta obviamente buscar o que funciona nessas empresas
em termos de desempenho", diz. "Boa parte dessas empresas estão em
custo elevado, margem apertada, e precisam muitas vezes recorrer a empréstimos.
O Tesouro não está conseguindo cobrir muitas das vezes", afirma.
Vieira acrescenta que parte das estatais operam com custos
elevados e margens apertadas, recorrendo muitas vezes a empréstimos, como é o
caso dos Correios. Isso sustaria o problema estrutural de financiamento,
governança e modelo de negócio, que piora progressivamente na percepção dos
especialistas.
Correios não são caso isolados ao exporem uma dificuldade
estrutural de algumas estatais em se adaptarem à nova economia digital e IA,
diz Alexandre Espirito Santo, economista-Chefe da Way Investimentos.
O especialista acrescenta a existência de problemas de
governança, investimentos e gestão para as outras empresas públicas.
"Há fatores macroeconômicos relevantes, mas as decisões
administrativas também têm grande peso", afirma Alexandre.
De acordo com dados do MGI (Ministério da Gestão e Inovação)
compilados pelo CNN Money, as cinco estatais campeãs de prejuízo ao longo do
governo Lula 3 foram, além dos Correios, a CBTU (Companhia Brasileira de Trens
Urbanos), a Embrapa, a Infraero e a Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares.
Vieira, da Lev Asset, também chama a atenção para recentes
resultados negativos do Banco do Brasil, uma empresa de capital misto. Entre os
motivos, segundo ele, enquadram-se os juros altos, com a Selic atualmente em
15% ao ano, além da inadimplência no setor agrícola.
O BB observou o lucro do 2º trimestre despencar 60% em
comparação ao ano anterior, reduzindo em 30% o percentual a ser distribuído
entre os acionistas, chamado payout.
Já o economista-chefe da Way, contudo, explica que as
primeiras gestões de Lula no início dos anos 2000 continham resultados
diferentes. As estatais apresentavam crescimento, investimentos e resultados
financeiros robustos, muitas vezes impulsados pelo boom das commodities, além
da herança de superávit fiscal deixada por Fernando Henrique Cardoso.
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Com informações CNN Brasil.
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