MARINHA DO BRASIL DESAFIOU OS EUA NOS ANOS 2000 AO TREINAR SECRETAMENTE A CHINA PARA OPERAR SEUS PODEROSOS PORTA-AVIÕES, CONFIRA
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(crédito: foto reprodução "IA" Sociedade Militar) |
Postagem publicada às 10h24 deste domingo, 24 de agosto de 2025.
Marinha do Brasil, China e porta-aviões: a parceria histórica pouco conhecida que acelerou o salto naval de Pequim e mudou o equilíbrio militar com os EUA, a maior força armada do mundo.
Pouca gente sabe, mas no início dos anos 2000 a China
precisou recorrer à Marinha do Brasil para dar um passo decisivo rumo ao que se
tornaria sua atual frota de porta-aviões. A história pode parecer improvável,
mas revela o peso geopolítico que o Brasil chegou a ter em um momento chave da
transformação militar chinesa.
A ambição chinesa e a lacuna naval
A partir dos anos 2000, o governo chinês já deixava claro que
queria transformar o país na maior potência militar do planeta até 2050. No
entanto, havia um setor que ainda ficava para trás em relação ao Exército e à
Força Aérea: a Marinha.
Enquanto a economia chinesa crescia de forma acelerada, seus
interesses estratégicos também se expandiam para além das fronteiras. Pequim
entendia que já não bastava proteger apenas o mar territorial ou a zona
econômica exclusiva. Para rivalizar com os Estados Unidos e projetar poder em
qualquer região do mundo, seria indispensável dominar a operação de
porta-aviões.
Pequim não tinha como aprender com Estados Unidos, França e
Rússia
No final da década de 2000, apenas quatro países no mundo
tinham porta-aviões de grande porte plenamente operacionais: Estados Unidos,
França, Rússia e Brasil.
Os norte-americanos jamais repassariam treinamento a um país
que já viam como a principal ameaça ao seu domínio econômico e militar. A
França, aliada da OTAN, também não poderia arriscar uma cooperação que
contrariasse Washington. A Rússia, por sua vez, desconfiava da China após
acusações de espionagem tecnológica envolvendo caças de combate copiados sem
licença.
Restava apenas uma opção viável: o Brasil.
Na época, a Marinha do Brasil operava o A-12 São Paulo, um
porta-aviões de 30 mil toneladas capaz de lançar até 16 caças A-4 Skyhawk por
catapulta, além de helicópteros e aviões de patrulha. Era a oportunidade
perfeita para Pequim conseguir, de forma legítima, treinar suas tripulações e
acelerar um processo que poderia levar décadas caso fosse feito de maneira
isolada.
O cenário político também ajudou. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, eleito em 2003, quebrou o alinhamento automático com os Estados
Unidos e buscava aproximar o Brasil de países como China, Irã, Cuba e
Venezuela. Essa postura abriu espaço para um acordo inédito.
O acordo revelado em 2009
Em 2009, o então ministro da Defesa Nelson Jobim confirmou
publicamente a cooperação. Ao mesmo tempo, o almirante Júlio Soares de Moura
Neto, comandante da Marinha, participava de eventos na China ligados à revisão
da frota local.
Naquele mesmo ano, o ministro da Defesa chinês declarou que
Pequim estava concluindo um projeto de quase 30 anos para aprender a construir
e operar porta-aviões. Os pilotos navais já treinavam em simuladores e
aeronaves adaptadas. O último passo que faltava era justamente a preparação de
tripulações para o dia a dia em alto-mar, papel assumido pelo Brasil.
De acordo com fontes da época, o Brasil ganharia prestígio
militar internacional por auxiliar uma potência emergente em um campo tão
estratégico.
O impacto: o nascimento do Liaoning
Graças à cooperação, a China conseguiu colocar em operação,
em 2012, o Liaoning, seu primeiro porta-aviões. A embarcação, originalmente
soviética, foi adquirida da Ucrânia e adaptada para servir como escola de
doutrina naval.
Hoje, mais de uma década depois, a frota chinesa já conta com
três porta-aviões, incluindo o moderno Fujian, lançado em 2022 e projeta
rivalizar diretamente com os EUA no Pacífico segundo análises do CSIS.
Especialistas apontam que, sem a ajuda inicial brasileira, o processo teria
sido muito mais lento e custoso para Pequim.
Brasil viu seu único porta-aviões navegar sem rumo por 6
meses e ser afundado no atlântico
A grande questão é: o Brasil realmente ganhou prestígio
internacional com essa cooperação ou acabou apenas fornecendo conhecimento a
uma potência que, anos depois, estaria em posição de impor influência global
até mesmo sobre a América Latina?
Enquanto a Marinha do Brasil hoje enfrenta dificuldades de
orçamento e viu seu único porta-aviões navegar sem rumo por 6 meses e ser
afundado no atlântico – como noticiou o Sociedade Militar, a China já se
consolidou como a segunda maior marinha do mundo em número de navios de guerra.
Para acessar o artigo do IPRIS em inglês em formato PDF, clique aqui.
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