APÓS NAVEGAR SEM RUMO POR 6 MESES O PODEROSO PORTA-AVIÕES DA MARINHA DO BRASIL AFUNDOU NO ATLÂNTICO
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(crédito: foto reprodução "IA" Sociedade Militar) |
Postagem publicada às 6h30 desta terça-feira 19 de agosto de 2025.
Marinha do Brasil gastou R$ 37,2 milhões para afundar porta-aviões desativado São Paulo, que havia sido vendido por R$ 10 milhões
Após navegar sem rumo por 6 meses o poderoso porta-aviões da
Marinha do Brasil afundou no Atlântico
Marinha do Brasil gastou R$ 37,2 milhões para afundar
porta-aviões desativado São Paulo, que havia sido vendido por R$ 10 milhões
O maior navio de guerra já operado pela Marinha do Brasil terminou de forma tão simbólica quanto controversa: afundado a 5 mil metros de profundidade, a 350 km da costa, em fevereiro de 2023. O porta-aviões São Paulo, que um dia representou poder naval e prestígio internacional, acabou virando sinônimo de desperdício, embates ambientais e decisões contestadas.
O que era para ser apenas mais um desmonte naval se transformou em um drama diplomático, militar e logístico.
Um gigante francês que virou orgulho brasileiro
O navio nasceu na França nos anos 1950, batizado como Foch, e
serviu a Marinha francesa por décadas em operações de peso, como os testes
nucleares no Pacífico e missões no Oriente Médio e na África.
Em 2000, o Brasil decidiu comprar o casco por US$ 12 milhões, acreditando que ele seria a peça central para manter o país no seleto grupo de nações com porta-aviões.
Rebatizado como São Paulo, o navio se tornou o maior da frota nacional, preparado para lançar caças A-4 Skyhawk, aeronaves que já haviam combatido na Guerra do Vietnã.
Mas a glória durou pouco. Em 2005, um incêndio grave acelerou
a decadência da embarcação. Somado ao alto custo de manutenção, o episódio
deixou claro que o São Paulo não teria vida longa.
Nos anos seguintes, o navio passou mais tempo em reparos do que em atividade real, até ser desativado definitivamente.
A venda e a reviravolta inesperada
Em 2021, a Marinha fechou negócio com o estaleiro turco Sök
Denizcilik, que pagou R$ 10 milhões pelo casco. A ideia era desmontar o
porta-aviões em um estaleiro certificado na Europa.
O problema é que, em 2022, quando o navio já se aproximava do Mediterrâneo, as autoridades turcas barraram sua entrada.
A justificativa foi a presença de amianto, material usado em larga escala nos anos 1960 e 1970 como isolante térmico em navios militares, mas que hoje é classificado como altamente cancerígeno.
Sem autorização para seguir viagem, o São Paulo foi obrigado a voltar. E aí começou um impasse: nenhum porto brasileiro aceitou recebê-lo.
Durante meses, o navio ficou à deriva na costa de Pernambuco, rebocado em círculos sem rumo, enquanto se discutia o que fazer com ele.
Segundo a transportadora MSK Maritime, que havia assumido a missão de rebocá-lo, os prejuízos chegaram a R$ 5 milhões e poderiam dobrar caso a novela se arrastasse.
A empresa acabou desistindo da embarcação, e a responsabilidade voltou para a Marinha do Brasil.
A decisão mais cara da Marinha do Brasil: afundar o porta aviões São Paulo, custou 298 militares e R$ 37,2 milhões
Com a situação fora de controle e riscos ambientais cada vez
mais citados, a Marinha optou pelo afundamento controlado. A operação,
realizada em fevereiro de 2023, mobilizou 298 militares e custou R$ 37,2
milhões.
De acordo com nota oficial da Força, o Centro Hidrográfico da Marinha escolheu uma área considerada segura, fora da Zona Econômica Exclusiva, para minimizar impactos.
A decisão, no entanto, não passou sem críticas. Organizações como o Greenpeace chamaram o episódio de “crime ambiental em águas profundas”, alegando que o casco carregava toneladas de metais pesados e amianto.
A Marinha, por sua vez, rebateu. Em comunicado divulgado na época, disse que o afundamento foi “a medida mais viável e segura diante da impossibilidade de atracação em portos nacionais ou estrangeiros”.
O fim de uma era de porta-aviões da Marinha do Brasil
Com o São Paulo no fundo do mar, o Brasil fechou um ciclo
iniciado nos anos 1960 com o porta-aviões Minas Gerais, desativado em 2001 e
desmontado na Índia.
Hoje, o único navio de grande porte da frota é o porta-helicópteros Atlântico, comprado do Reino Unido em 2018, que cumpre parte das funções estratégicas, mas não substitui a capacidade de lançar jatos de combate.
Apesar disso, a Marinha e o governo já falam em planos mais ousados. O Plano Estratégico da Defesa Nacional prevê que o Brasil tenha um porta-aviões nuclear até 2040, um projeto ambicioso que colocaria o país novamente entre as potências navais.
Especialistas, no entanto, questionam se o orçamento militar e a indústria nacional têm condições de bancar um desafio dessa escala.
Desmonte do porta-aviões brasileiro foi “um vexame internacional” que expôs a fragilidade logística do Brasil na gestão de meios navais
O caso do São Paulo escancarou a falta de estrutura
brasileira para lidar com desmontes de grande porte. Sem estaleiros
especializados, o país se viu obrigado a exportar o problema e acabou gastando
quase quatro vezes mais apenas para afundar o navio.
Para analistas de defesa, como o professor Roberto Godoy, o episódio foi “um vexame internacional” que expôs a fragilidade logística do Brasil na gestão de meios navais.
Já ambientalistas apontam que a decisão abre um precedente perigoso para o descarte de embarcações de guerra sem transparência plena sobre os riscos.
Enquanto isso, a memória do porta-aviões São Paulo segue dividindo opiniões: para alguns, símbolo de prestígio e soberania; para outros, um exemplo de má gestão e de como decisões mal planejadas podem custar caro ao país.
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Com informações Revista Sociedade Militar.
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