BOLSONARO DÁ CONDENAÇÃO COMO CERTA, MAS ALIADOS ESPERAM ALÍVIO DE PENA
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(crédito: foto reprodução "IA" Getty Images) |
Postagem publicada às 7h40 desta quinta-feira, 28 de agosto de 2025.
Bolsonaro está em prisão domiciliar desde o início do mês, quando investigadores e o tribunal identificaram o que seria um risco de fuga. De acordo com interlocutores, o ex-presidente tem demonstrado pessimismo e irritação com o processo, que trata como uma perseguição política
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dá como certa uma
condenação no processo sobre a trama golpista de 2022 e 2023 no STF (Supremo
Tribunal Federal), segundo relatos de aliados que estiveram com ele nos últimos
dias. O julgamento começa na próxima semana, com previsão de durar até o dia 12
de setembro.
Bolsonaro está em prisão domiciliar desde o início do mês,
quando investigadores e o tribunal identificaram o que seria um risco de fuga.
De acordo com interlocutores, o ex-presidente tem demonstrado pessimismo e
irritação com o processo, que trata como uma perseguição política.
Embora prevejam uma condenação, aliados esperam que a
Primeira Turma do Supremo não aplique a pena máxima pelos crimes que devem ser
imputados a ele. A expectativa é de que a defesa consiga atuar pela contenção
de danos e tenha sucesso na dosimetria, momento de definição do tempo de
detenção.
Uma reversão mais acentuada do cenário, na avaliação de
bolsonaristas, só seria possível com uma mudança do ambiente político, que
levasse à aprovação de uma anistia aos condenados nos ataques golpistas do 8 de
Janeiro, incluindo o ex-presidente. O Congresso, no entanto, permanece dividido
sobre o tema.
Bolsonaro é réu pelos crimes de organização criminosa armada,
tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de
Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio
público e deterioração do patrimônio tombado.
"Se o julgamento for pavimentado pela variável
estritamente jurídica -que é o que se espera-, não haveria por que recear uma
condenação. O fundamental é que esse julgamento não se contamine pelo perigoso
binômio de politização da Justiça/judicialização da política", afirmou o
advogado Paulo Cunha Bueno, que integra a defesa de Bolsonaro.
Somadas, as penas máximas dos crimes pelos quais o
ex-presidente é acusado ultrapassam 40 anos de prisão. Aliados dizem esperar
que, nas discussões dos magistrados da Primeira Turma, consigam uma redução de,
ao menos, dez anos. A punição ainda seria alta, o que deixaria Bolsonaro diante
de cenário de poucas alternativas.
Há a possibilidade ainda de um dos ministros da turma pedir
vista e interromper o julgamento por até 90 dias, mas aliados do ex-presidente
não depositam suas fichas nesse cenário, que levaria ao adiamento do término do
julgamento por mais alguns meses.
Caso o ex-presidente seja condenado por liderar a trama
golpista, sua defesa pode ainda recorrer -não no mérito, mas questionando
detalhes da sentença e do processo, com os chamados embargos. Esses recursos
devem ser julgados até outubro ou novembro.
Uma eventual prisão tenderia a ocorrer nesta época. Ela só
seria antecipada para uma prisão preventiva caso haja algum desrespeito, no
entendimento do ministro relator Alexandre de Moraes, das regras da prisão
domiciliar.
O pessimismo de pessoas próximas a Bolsonaro é tamanho que já
se discute onde ele ficaria preso: numa instituição militar, como o general
Walter Braga Netto; ou na carceragem da Polícia Federal, como o presidente Lula
(PT) na época da Operação Lava Jato.
Há ainda a possibilidade de ele ser mandado para uma cela
especial no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, visto como o cenário
menos provável por aliados de Bolsonaro.
Pessoas próximas à família acreditam que o Supremo não vai
desconsiderar o estado de saúde do ex-presidente. Bolsonaro tem enfrentado
crises de soluço, que, por vezes, levam a vômitos.
Ele está em prisão domiciliar desde 4 de agosto e só deixou o
local no último dia 16, para realizar exames médicos. O boletim divulgado na
ocasião informou que ele segue com tratamento para hipertensão arterial e
refluxo e medidas preventivas de broncoaspiração.
Para pessoas próximas ao clã, o STF poderia manter Bolsonaro
em prisão domiciliar por questões de saúde, mesmo diante da condenação na trama
golpista. A decisão final caberá a Moraes.
A semana que antecede o julgamento aumentou a irritação no
clã, com filhos do ex-presidente subindo o tom contra aliados que buscam uma
alternativa eleitoral ao pai.
Além disso, o ministro relator determinou que a Polícia Penal
do Distrito Federal monitore 24 horas por dia o endereço do ex-presidente,
ampliando a pressão sobre a família.
Segundo Moraes, a medida de segurança em relação a Bolsonaro
é necessária para afastar os riscos de o ex-presidente tentar fugir do Brasil
às vésperas do julgamento. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) disse que
tem sido difícil enfrentar os desafios.
"A cada dia que passa, o desafio tem sido enorme",
ela escreveu em uma postagem nas redes sociais. "Resistir à perseguição,
lidar com as incertezas e suportar as humilhações", completou. Michelle
disse ainda acreditar na vitória e citou Deus.
Nesta quarta-feira (27), o senador Sergio Moro (União
Brasil-PR), ex-ministro de Bolsonaro criticou pedido de diretor da PF, Andrei
Rodrigues, de colocar policiais agentes de vigilância dentro da casa do
ex-presidente. Ele chamou a solicitação de "mais uma escalada no abuso de
uma prisão domiciliar sem causa".
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Com informações Folhapress.
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