LÍDERES ISLÂMICOS REPUDIAM NOVA CHARGE DE MAOMÉ
O secretário-geral da Organização para a Cooperação
Islâmica (OIC), Iyad Amin Madani, lembrou que o mundo islâmico não só condenou
os ataques terroristas ocorridos na última semana na França, como participou,
por meio de cidadãos e líderes, da marcha em Paris; "Mas, ao mesmo tempo
nós vemos que, no dia seguinte, o jornal voltou a publicar desenhos de Maomé.
Isso é uma insolência, uma ignorância e uma irresponsabilidade".
Fonte: Agência
Brasil/EBC
A decisão do jornal satírico francês Charlie Hebdo de
publicar uma nova charge de Maomé na capa da edição histórica que foi às bancas
hoje (14) gerou reações de líderes islâmicos em todo o mundo. O
secretário-geral da Organização para a Cooperação Islâmica (OIC), Iyad Amin
Madani, qualificou a atitude do jornal de "insolente, ignorante e
irresponsável".
Madani lembrou que o mundo islâmico não só condenou os
ataques terroristas ocorridos na última semana na França, como participou, por
meio de cidadãos e líderes, da marcha que reuniu 1,5 milhão de pessoas domingo
(11), em Paris. "Mas, ao mesmo tempo nós vemos que, no dia seguinte, o
jornal voltou a publicar desenhos de Maomé. Isso é uma insolência, uma
ignorância e uma irresponsabilidade.
Pessoas marcharam pela sua liberdade de
expressão, mas essa liberdade não pode atingir a crença de outras
pessoas", enfatizou Madani.
O ministro do Exterior do Irã, Mohammad Javad Zarif,
disse que "valores e crenças precisam ser respeitadas para que haja um
diálogo sério com o Ocidente". Zarif fez a declaração em entrevista
concedida antes de iniciar reunião com o chefe da diplomacia norte-americana,
John Kerry, sobre a redução da capacidade nuclear do país. O grupo Hamas, movimento islâmico fundamentalista, também
se manifestou. Em Gaza, o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, condenou a charge
do profeta Maomé. "Esta é uma ação perigosa. É claramente um ataque aos
muçulmanos, é uma motivação para o ódio e a consolidação do ódio contra os
muçulmanos no mundo e na França. Todas essas campanhas contra o islamismo, contra
o profeta Maomé e contra os muçulmanos no Ocidente precisam parar".
A capa da edição histórica do Charlie Hebdo - a primeira
depois que a redação do jornal foi atacada por terroristas, que mataram 12
pessoas na última quarta-feira (7) - traz uma charge do profeta Maomé com
lágrimas nos olhos, segurando uma placa onde se lê "Je suis Charlie",
que quer dizer "Eu sou Charlie", a mesma frase usada por milhões de
manifestantes que marcharam pelas ruas da França no domingo. No topo, o título:
Tudo está perdoado.
A edição do Charlie Hebdo tinha tiragem prevista de 3
milhões de exemplares, mas, com a grande demanda registrada nesta manhã, foi
ampliada para 5 milhões, número mais de 80 vezes maior do que a circulação
normal, de 60 mil.
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