AMBULANTES FATURARAM 1 MILHÃO DURANTE A BANDA DE IPANEMA, SAIBA MAIS

Blocos como a Banda de Ipanema movimentam economia informal
Blocos como a Banda de Ipanema movimentam economia informal Foto: Marcelo Piu / Agência O Globo
Nice de Paula - O Globo

RIO - Pelo menos 1.400 ambulantes ofereceram seus produtos (bebidas, alimentos e fantasias) durante o desfile da Banda de Ipanema no último sábado e venderam nada menos do que R$ 1 milhão, com lucro médio de R$ 350 pelo dia de trabalho. E a maioria dos clientes ficou satisfeita com o preço cobrado. As conclusões são de uma pesquisa realizada por Daniel Plá, professor de Varejo da Fundação Getúlio Vargas. Para fazer o estudo, ele acompanhou e entrevistou um grupo de vendedores das 16 horas de sábado até as 3h30 de ontem.
— Eles vêm de áreas distantes como Irajá, Bangu, Vila da Penha e Belford Roxo e chegam a levar quatro horas no trajeto de ir e voltar até Ipanema. A grande maioria (80%) tem outra atividade profissional e só trabalha como ambulante no carnaval, muitas vezes junto com amigos ou com a família inteira — conta Plá.
Os dados recolhidos indicam que os ambulantes faturaram entre R$ 200 e R$ 1.500 durante o desfile da banda e metade desse valor foi o lucro pelo trabalho que, em alguns casos, começou das duas horas de um dia e só terminou às 6 horas da manhã do dia seguinte.
— A maioria ficou satisfeitíssima porque arrebentou nas vendas — diz Plá.
‘Isoporzinho’ foi solução para 25% dos foliões
A pesquisa do professor Daniel Plá, da Fundação Getúlio Vargas, mostrou que cerca de 25% dos foliões que estavam no desfile da Banda de Ipanema levaram bebidas de casa, embaladas em sacos com gelos ou caixas de isopor. O comportamento foi observado principalmente nos foliões que estavam em grupos de quatro ou mais pessoas.
Mas, ao contrário do que vem acontecendo na maioria dos locais do Rio, quem deixou para comprar os produtos dos ambulantes que trabalhavam no local não reclamou dos preços.
De acordo com o levantamento do professor, o cachorro-quente, grande destaque de vendas, estava custando R$ 5, a cerveja em lata variava entre R$ 3 e R$ 4, o preço da ice estava entre R$ 5 a 7 e os chapéus para fantasia saíam a R$ 5.
—Os clientes estavam achando os preços bem razoáveis, principalmente por ser carnaval. Isso prova que o mercado se autorregula. Havia muita concorrência entre os ambulantes e a maior parte dos foliões que estava ali não tinha poder aquisitivo muito elevado — disse Plá.
400 sanduíches
A receptividade e o clima de simpatia entre ambulantes e clientes foi outro ponto que chamou a atenção do professor. Mesmo havendo uma grande maioria de informais, ele elogiou o fato de não ter havido uma ação repressiva ao trabalho dos ambulantes, como já ocorreu em outras ocasiões e gerou tumultos.
— É interessante a prefeitura criar algumas regras do jogo, para não haver excessos. Mas essa coisa da informalidade faz parte da cidade do Rio de Janeiro. A maioria dos ambulantes era muito simpática, alguns anunciavam os produtos de forma muito divertida.
Entre os personagens mais interessantes do “bloco dos ambulantes”, Plá destacou uma mulher, que tem três filhos e contou viver apenas da renda do Bolsa Família, e o vendedor de cachorro-quente que estava pronto para entregar 400 sanduíches apenas na noite de sábado, a R$ 5 cada um. Na véspera, dia de menor movimento, ele havia vendido 150 unidades.

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