GREVE DE FUNCIONÁRIOS DE ÔNIBUS DO MUNICÍPIO DO RIO CAUSA TRANSTORNOS, MENOS DE 10% DA FROTA ESTÁ CIRCULANDO, SEGUNDO VICE -PRESIDENTE DA CATEGORIA, ELES NÃO ACEITARTAM PROPOSTA DE REAJUSTE OFERECIDA PELA RIO ÔNIBUS, DA QUAL SÓ TERIAM FICADO SABENDO PELA IMPRENSA





Trabalhadores na Avenida Brasil, em frente à garagem da empresa Real, na altura de Bonsucesso, aguardam cerca de duas horas para embarcar em um ônibus
Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo
Trabalhadores na Avenida Brasil, em frente à garagem da empresa Real, na altura de Bonsucesso, aguardam cerca de duas horas para embarcar em um ônibus Fernando Quevedo / Agência O Globo
RIO — A greve dos rodoviários do município do Rio provoca transtornos desde o início da madrugada desta sexta-feira. A situação começou a piorar por volta das 6h, com menos de 10% da frota de ônibus circulando, segundo o vice-presidente da categoria (Sintraturb-Rio) Sebastião José da Silva. Com isso a greve corre o risco de ser considerada ilegal.
A Rio Ônibus está analisando a contraproposta de reajuste de 15%, a categoria quer um aumento de 8%. Mas o maior ponto de conflito da negociação é em relação ao fim da dupla função de motorista e cobrador, que os donos das empresas se recusam a aceitar.
Já nas primeiras horas da paralisação da circulação dos ônibus, centenas de pessoas – a maioria delas pega de surpresa com a greve – se aglomeravam nos pontos da Central do Brasil, atingindo uma das faixas da Avenida Presidente Vargas. A Guarda Municipal foi deslocada para o local para evitar atropelamentos e organizar o trânsito de vans e táxis – únicas opções de transporte, já que trens e metrôs não funcionaram durante a madrugada.
Grevistas das 47 empresas que atuam no município do Rio de Janeiro tentam convencer os demais rodoviários a aderir à paralisação na garagem da empresa Real, na Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso. Desde o início da manhã os poucos ônibus que circulam estão lotados. O tempo de espera para aguardar um ônibus já chega a duas horas. A PM está reforçando o policiamento das garagens. Por enquanto não há registro de confusão.
- Eles estão lutando pelo direito deles. Somente estamos orientando para aderirem ao movimento - disse William Porto, diretor do sindicato da categoria (Sintraturb-Rio).
Por conta da greve, na Avenida Brasil no sentido Centro está congestionada desde o início da manhã, com grande quantidade de carros circulando pela via.
No início da madrugada, quem dependia de ônibus para voltar para casa já sofria as consequências da greve. Morador de Anchieta, na Zona Norte, o assistente de restaurante Ricardo Santos, de 21 anos – que estava há mais de uma hora esperando ônibus para o bairro – comentou que foi surpreendido com a paralisação e não sabia como ia voltar para casa.
– Geralmente, pego a minha condução em menos de cinco minutos. O pior é que não tenho muitas alternativas a essa hora. O jeito é tentar pegar uma van para Deodoro e caminhar durante uns 30 minutos até Anchieta. Não vou conseguir nem descansar direito e já vou ter que enfrentar isso tudo novamente para voltar ao trabalho – disse, indignado, enquanto avisava aos pais pelo celular que chegaria tarde em casa.
O mesmo ocorreu com o copeiro Edson Rodrigues, de 27 anos, morador da Maré. Depois da longa espera por um ônibus en Ipanema, na Zona Sul, onde trabalha, ele aguardava a segunda condução há mais de meia hora.
– A gente sai do trabalho doido para chegar em casa e tem que enfrentar tudo isso – comentou.
Já os amigos Danielle Souza da Silva, de 23 anos, e Carlos Henrique de Campos, de 26 – moradores da Zona Oeste – voltavam da Lapa quando também foram surpreendidos pela longa fila que se formava na Central da Brasil.
– Saímos do trabalho e nos encontramos para um 'happy hour' com os amigos. Não sabíamos dessa greve. Agora vai ser complicada essa volta para casa – comentou a assistente comercial.
Motoristas e cobradores de ônibus decidiram, em assembleia realizada na noite desta quinta-feira, entrar em greve a partir do primeiro minuto de sexta-feira. De acordo com o sindicato da categoria (Sintraturb-Rio), cerca de três mil trabalhadores se reuniram no Guadalupe Country Clube para deliberar. A paralisação está prevista para durar de 24 horas, mas pode ser suspensa antes do prazo dependendo das negociações com o Rio Ônibus (sindicato das empresas de ônibus do Rio). Depois da assembleia, motoristas e cobradores fizeram um protesto, fechando os dois sentidos da Avenida Brasil, em Guadalupe, na Zona Norte. Policiais do Batalhão de Polícia Rodoviária Em Vias Especiais (BPVe) foram cionados e desobstruiram a via.
Nesta sexta-feira, ao meio-dia, o sindicato realizará uma nova reunião, também no Country Clube de Guadalupe. Ainda de acordo com o Sintraturb-Rio, os funcionários não aceitaram a proposta de reajuste de 8% oferecida pelo Rio Ônibus, da qual, segundo eles, só ficaram sabendo pela imprensa.
O Rio Ônibus solicitou reforço de segurança à Polícia Militar nas garagens da empresas para os rodoviários e informou que apresentará uma liminar à Justiça para que a greve seja declarada ilegal. Para o sindicato dos empresários, não houve o aviso prévio obrigatório de 48 horas para a população. Diariamente, 8.800 ônibus trafegam na capital, oferecendo transporte a 3,2 milhões de pessoas.
o globo


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