COM A PALAVRA ANONYMOUS BRASIL: HISTÓRIA DOS TRANSPORTES PÚBLICO NO BRASIL É A HISTÓRIA DA LUTA DOS EMPRESÁRIOS PARA CONSEGUIREM PRIVILÉGIO DO ESTADO
Fonte: Anonymous Brasil
Em qualquer cidade, trata-se de uma epopéia de quebras, falências e
concentração do setor na mão de poucas empresas. Sabe-se, por exemplo, que na maioria das cidades onde foram instalados
bondes no século XIX ou no começo do século XX as empresas que prosperaram eram ligadas às empresas de energia de capital anglo-saxão, que prestavam serviço de transporte como um plus ao serviço de
fornecimento de energia.
A
Empresa Viação Excelsior, criada em 1927 no Rio de Janeiro como subsidiária
da The Rio de Janeiro Tramway
Light & Power para atuar no setor de
ônibus, visto que a Rio de Janeiro Tramway já atuava no setor de bondes. Devido ao alto capital de giro, a Excelsior
conseguia não apenas inovar tecnologicamente, como também comprar diversas
outras empresas pequenas e aumentar sua frota.
Em
São Paulo, mesmo quando a Companhia Municipal de Transporte Coletivo – CMTC comprou a frota da The
São Paulo Tramway Light & Power Co. Ltd. e de quase todas as empresas de transporte da cidade em 1947 e efetuou
o pagamento através de suas ações, a Light se tornou a maior acionista da CMTC.
Em
Salvador, a Companhia de Trilhos Centrais encampou a Companhia de Transportes
Urbanos em 1904 e fundiu-se em 1905 à Guinle & Cia., que movimentava os portos do Rio de Janeiro e Santos, além de representar grandes empresas estrangeiras de energia
elétrica e serem responsáveis
pela construção de 95% das instalações de energia elétrica do país; esta mesma empresa compraria as linhas da antiga Cia. Tram-Road de
Itapuã. Ainda em Salvador, a empresa baiana Veículos Econômicos eletrificou
suas linhas, mas as dificuldades de operação levaram a empresa a ser
encampada pela mesma Siemens de quem comprara os novos bondes elétricos; em
1906 a Siemens venderia este setor à Bahia Tramway Light & Power Co. Ltd. de Portland (EUA), que deixou os serviços de transporte se deteriorarem até serem encampados pelo município em 1913.
A história dos transportes públicos no Brasil é também uma história de
luta dos empresários para conseguirem privilégios do Estado contra situações
adversas. Diante da chegada dos ônibus no Rio de Janeiro em 1837 pelas mãos de
João Lecocq, os alugadores de animais de montaria e segeiros apedrejaram o
novo veículo; os
donos de carruagens, cabriolés e tílburis pressionaram a Câmara Municipal a
cobrar impostos e taxas pesados contra os ônibus, além de regulamentos tal
como o uso de luzes noturnas, feitos
para impor mais gastos e tentar quebrar o negócio.
Em
Porto Alegre, em 1926, com a chegada dos ônibus e automóveis – maiores e mais
confortáveis que os bondes – as companhias de bondes exigiram, sem sucesso, que a Prefeitura aumentasse tarifas e lhes concedesse
exclusividade na exploração das linhas. Em
Recife, João Tude, da Auto Viação Progresso, conseguiu na década de 1950
isenção de impostos durante vinte anos para operar.
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