Lula X Gilmar ENQUANTO O MINISTRO DA ALTA CORTE POLEMIZA COM O EX-PRESIDENTE LULA, MILHÕES DE BRASILEIROS MORREM NA FILA À ESPERA DE JUSTIÇA


Meu pai tem quase 80 anos, trabalhou por décadas como operário em uma multinacional na qual se tornou um competente técnico. Muitas vezes foi acordado durante a madrugada porque só ele seria capaz de consertar gigantescas máquinas,que não podiam parar. Apesar do bom emprego, sempre precisava inventar alguma coisa para complementar a renda. Mas, junto com a minha mãe, deu conta do recado e educou quatro filhos, ainda que aos trancos e barrancos.
Ele é um típico brasileiro que sobrevive com uma pequena aposentadoria, diferente de muitos políticos e de uma casta do funcionalismo público, especialmente aqueles do poder judiciário.
Esse homem comum sonha em receber a indenização de um processo na Justiça -  parado há anos em um tribunal superior em Brasília - para deixar as pendências em dia e trocar o velho carro, um Monza fora de produção. Deixei de trocar o meu carro para ajudá-lo, porque assim como qualquer um, sei que a Justiça é lenta, burocrática e dispendiosa. Assim como o meu pai, milhões de pessoas vivem a agonia e a angústia de que um dia a Justiça será feita, de preferência antes de morrer.
Não há quem recorrer para reclamar da Justiça, ao contrário de outros poderes. Estamos acostumados a xingar os políticos, mas somos nós que votamos e o elegemos. Se nos arrependermos, podemos tirá-los na próxima eleição, ou buscar outros meios para pressioná-los ou até mesmo retirá-los de seus cargos sejam eles nos poderes executivos ou legislativos.
No judiciário somente em 2004 criou-se um órgão para fiscalizar o Judiciário, o CNJ – Conselho Nacional de Justiça. A Corregedora do órgão, ministra Eliana Calmon, vem fazendo um trabalho brilhante. Pela primeira vez na história do Brasil houve a fiscalização e cobrança de tribunais e magistrados. Por isso ela foi quase massacrada por seus pares, inclusive ministros do STF. A saída dela do conselho deixará desolados milhões de brasileiros que têm a esperança de que algo mude nessa caixa preta da Justiça que anda a passos de tartaruga.
Gilmar Mendes X Lula
Enquanto os brasileiros amargam essa triste realidade, um ministro da mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal,Gilmar Mendes, torna pública uma conversa do ex-presidente Lula, sobre uma suposta pressão para não votar neste ano o mensalão. Ele próprio disse que Lula apenas externou a sua opinião, e não o pressionou. Mesmo não sendo petista, confesso que tenho a mesma opinião do ex-presidente. O STF teve sete anos para votar o mensalão, e porque vai julgar logo agora quando vai começar a campanha eleitoral? Isso poderia ser considerado uma manobra política, mas não acredito que seja, é mais uma prova da incompetência e lentidão da Justiça em decumprir o seu dever.
Nos dez anos que morei em Brasília, trabalhando tanto na redação quanto na assessoria de partidos ou ministérios, cansei de ver políticos se encontrando com ministros do STF para expor opiniões em relação aprocessos institucionais ou pessoais. Se for comparar com o atual caso de LulaX Gilmar é até pior, porque eles estavam em pleno exercício de seus cargos.Portanto,  o que aconteceu de diferenteagora?  Afinal de contas, houve uma pressão do ex-presidente? Houve alguma proposta indecente? O ministro foi ameaçado, intimidado, coagido?
Se houve, o ministro do STF deveria tomar outras providências, sejam quais forem, e não apenas pública uma conversa privada. Afinal o que ele quer, se defender, atacar o ex-presidente ou criar uma crise institucional?
Estou preocupado não só com o meu pai, mas com os milhões de brasileiros que esperam há anos uma decisão judicial que teria o condão de melhorar suas vidas. Se esse bafafá todo na mídia e nas esferas do poder, além da fúria do ministro, fossem voltados para melhorar o judiciário, talvez ajudasse a Justiça a ser mais ági

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