ENCONTRO DE CARNAVAL REALIZADO PELO BLOG DO SIDNEI REZENDE EM PARCERIA COM A PUC-RIO REVELAM NOVAS REGRAS DO JULGAMENTO DA ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO E OUTRAS DIFICULDADES ADMINISTRATIVAS DO CARNAVAL.




Foto: Luana Freitas - SRZDGestão empresarial foi o tema em evidência no terceiro dia do seminário "Encontros de Carnaval". Discorrendo sobre a profissionalização das escolas de samba e a interferência dos enredos patrocinados, Roberto Almeida, vice-presidente administrativo da São Clemente, e Paulo Vianna, presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, relataram ao público os percalços que as agremiações enfrentam em busca de uma verba necessária para a produção do desfile e o cumprimento da folha salarial dos funcionários. No evento desta quinta-feira, promovido pelo SRZD-Carnaval em parceria com a PUC-Rio, os dirigentes revelaram ainda as novas regras do julgamento, decididas numa reunião realizada na Liesa, na última quarta.

Com apresentação de Hélio Ricardo Rainho, idealizador do seminário, e Rachel Valença, imperiana legítima e blogueira do SRZD-Carnaval, o evento trouxe à luz duas novidades em relação ao julgamento do Carnaval em 2012. Paulo Vianna revelou que as medidas de redução do grupo de jurados de 50 para 40 integrantes foi aprovada na reunião realizada na Liesa. O dirigente informou ainda que a faixa de notas terá uma variação de 9 a 10 pontos, diferente do limite mínimo de 8 utilizado no último desfile. Além disso, no próximo Carnaval, a menor nota será descartada.
- Liesa define novas regras para julgamento do Carnaval 2012

Na abertura do evento, Hélio Ricardo abordou de forma geral a trajetória das escolas de samba rumo ao modelo empresarial, paradigma que está se consolidando com mais força atualmente. Além disso, o idealizador da iniciativa citou a entrada do elemento patrocinador como um atenuante da necessidade de captação de recursos financeiros por parte das agremiações. Dando continuidade ao discurso inaugural da mesa, Rachel Valença indagou o dirigente Roberto Almeida sobre a suficiência do dinheiro originário das subvenções recebidas pelas escolas de samba.

Formado em Administração, o representante da São Clemente frisou as cifras que endossam as contas das agremiações. "A cota de direitos de transmissão de imagem paga pela TV Globo chega a R$ 1,2 milhão. Além deste aporte financeiro, temos a venda de ingressos e camarotes como outra fonte de receita. Sobre a ajuda em nível estadual, que inclui as leis de incentivo à cultura, obtemos um valor aproximado de R$ 800 mil. Já a prefeitura do Rio cede às escolas de samba R$ 300 mil", citou, revelando que o valor não é suficiente para realizar um desfile competitivo.
Foto: Luana Freitas - SRZD

O dirigente mencionou os gastos adminstrativos diários e as doações cada vez maiores de fantasias à comunidade como elementos que demandam recursos financeiros além da verba recebida pela escola que, segundo ele, pode chegar a R$ 4 milhões. Sobre a importância do patrocínio, Roberto destacou que as empresas preferem investir em escolas campeãs ou que apresentem algo criativo ao público durante os desfiles. Estes diferenciais, segundo o dirigente, são os que agregam valor à marca em questão. Já Paulo Vianna defendeu que "quem se contrapõe ao enredo patrocinado, na verdade, não tem noção de como é o trabalho dos presidentes para administrar financeiramente uma agremiação".

O presidente da Mocidade elegeu ainda o item da legalização da mão de obra no Carnaval para reforçar o argumento em defesa das sugestões de enredos patrocinados. "Temos um custo administrativo muito alto para manter as atividades na Cidade do Samba, além da própria taxa de condomínio que pagamos por utilizar o espaço. Além disso, os encargos trabalhistas aumentaram, pois há uma fiscalização frequente do INSS para coibir práticas contrárias à formalização trabalhista. Os funcionários têm que ter carteira assinada", salientou. Ainda assim, o dirigente afirmou que o desfile de 2012, em homenagem ao pintor Cândido Portinari, não terá nenhum financiamento privado.

Já Roberto Almeida citou o fato de que profissionais cobram um salário maior às escolas de samba, comparado à remuneração que recebem por exercer a mesma função em outros segmentos do mercado de trabalho. Paulo Vianna reforçou a situação, exemplificando com a sugestão que propôs, junto com outros dirigentes, referente ao tabelamento do valor dos serviços, para que não haja supostas cobranças abusivas.

Encerrando a discussão, Rachel Valença pontuou o debate com o questionamento acerca do retorno da Carnaval às bases independentes do "vilão necessário" chamado patrocínio. Enfático, Roberto Almeida disse que a manifestação cultural não difere das outras áreas da vida humana no que diz respeito à evolução. "Essa mudança é natural e necessária para a festa. Posso ser saudosista no coração. Mas, será que trazer um elemento do passado traria resultados nos dias de hoje, num desfile tão competitivo?", provocou. Já Paulo Vianna resumiu: "Não há como retroceder".

O seminário foi transmitido ao vivo pelo site da PUC-Rio. Nesta sexta, último dia do evento, também haverá transmissão em tempo real feita pela equipe de alunos de comunicação da universidade. O horário de exibição do evento começa às 11h e se estende até o final da apresentação dos temas.

A universidade fica na rua Marquês de São Vicente, nº 225, na Gávea. Já a sala em que os seminários serão realizados é a K102.

Confira a programação do último dia do evento:

7 out - 6ª feira Não entendi o enredo desse samba!
Discussão crítica sobre o atual contexto da ala de compositores, o chamado "samba de condomínio", critérios para disputa e escolha de samba nas quadras
Convidados: Gusttavo Clarão (compositor e presidente da Viradouro) e Serginho Procópio (ala de compositores e Velha Guarda da Portela)

Participação dos blogueiros do SRZD-Carnaval: Cláudio Russo (Mediador) e Nilcemar Nogueira

Fonte: Blog do Sidnei Rezende. 

Comentários

VEJA AS DEZ POSTAGENS MAIS VISITADAS NOS ÚLTIMOS 7 (SETE), DIAS