Acordando sem o inimigo: a demissão de Nelson Jobim » O Recôncavo

Acordando sem o inimigo: a demissão de Nelson Jobim » O Recôncavo

rizava o governo, tem conteúdo, prestígio e status nacional”, é o que disse o líder do PSDB no Senado Álvaro Dias a respeito da demissão de Nelson Jobim.

Já para o senador Demóstenes Torres (DEM/GO), líder do DEM, a saída de Jobim foi “uma péssima troca”. Segundo o senador “Jobim foi o único que conseguiu dar uma sistematização ao Ministério da Defesa. Acho que o Celso Amorim vai ser um desastre. Ele é um fanático esquerdista e não entende nada de Defesa. Com todo respeito aos diplomatas, mas a Defesa não é lugar para diplomata”, afirmou o senador, sem, entretanto, explicar se o lugar é cativo dos juristas.

Por sua vez, o deputado Duarte Nogueira (PSDB/SP), líder do PSDB na Câmara, afirmou que“Infelizmente, no lugar de demitir os diversos auxiliares envolvidos em denúncias de corrupção e irregularidades – ou fazê-lo a conta-gotas – a presidente Dilma abre mão de um ministro que vinha realizando um bom trabalho”.

O baiano ACM Neto, líder do DEM na Câmara, afirmou que “Jobim foi expulso por ser competente e falar a verdade”.

Quando um ministro passa a ser tão admirado pelos líderes da oposição, é sinal de que passou da hora dele pegar o boné e ir pescar. Como sabemos, a oposição nada tem de construtiva.

Nelson Jobim foi desleal à presidenta e fazia o papel de oposicionista, por isso tantos elogios de quem só quer ver a presidenta pelas costas.

As declarações dos principais líderes oposicionistas do país, em uníssono elogio ao ex-ministro Nelson Jobim, são provas irrefutáveis de que a presidenta Dilma Rousseff fez o certo ao demiti-lo.

Jobim era a oposição dentro do governo.

Agora, longe do ministério, o ex-ministro pode se dedicar, com mais afinco e tempo, a tarefa que se dispôs: sabotar o governo.

Por Charles Carmo

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Por Rodrigo Vianna no Escrevinhador

A ausência que preenche uma lacuna! Dilma ganha com a saída do fanfarrão

O Jobim pode ser arrogante. O Jobim pode ser oportunista. O Jobim pode ser uma espécie de Fouché brasileiro, na sua capacidade de servir a tucanos e petistas ao sabor das conveniências.

O Jobim, além de tudo, maltrata um dos nobres sobrenomes brasileiros. Jobim é nome de maestro, nome de poeta. Não deveria ser nome de minsitro fanfarrão.

Jobim pode ser tudo isso: arrogante, oportunista e fanfarrão. E muito mais. Mas uma coisa ele não é: bobo.

Ninguém acredita que um homem experiente, que já passou pelos 3 poderes da República, teria sido “infeliz” em seguidas declarações “desastradas”.

O que move Jobim?

Augusto da Fonseca, no “Festival de Besteiras da Imprensa”, testa uma hipótese: Jobim quer comandar a oposição. Por isso, Dilma teria tolerado tantas bobagens ditas pelo fanfarrão. Tudo o que ele quer é ser demitido, pra sair como vítima de uma presidenta que “maltrata” aliados (?!). A hipótese de Augusto é que Jobim esteja preparando o terreno para voltar ao leito original: um peemedebista a serviço do demo-tucanismo, a serviço de Serra.

Pode ser…. Mas, pergunto eu ao Augusto, por que Jobim teria resolvido agir agora? A eleição de 2014 não está longe demais? Parece cedo para fazer o papel do melindrado que salta para o barco do tucanismo.

Vou testar outra hipótese: Jobim era o principal articulador da concorrência para compra dos aviões da FAB. No governo Lula, tudo apontava para os “Rafalle” – aviões franceses.Jobim era o fiador dessa escolha, a maior concorrência para compra de aviões militares no mundo. Não era pouca coisa. Não era pouco dinheiro em jogo.

No governo Dilma, os concorrentes do Rafalle (suecos e norte-americanos) parecem ter voltado ao páreo. Jobim, teria sido colocado de escanteio na negociação? A súbita verborragia do (ex) ministro – que (com um nao de atraso) resolveu declarar voto em Serra, além de atacar o núcleo da coordenação política do governo Dilma - parece indicar que há algo no ar além dos aviões franceses

Seja como for, a saída de Jobim deixa uma gostosa avenida aberta para o verdadeiro partido de oposição, a velha mídia brasileira. Sem Jobim, o “caosaéreo” já pode voltar às manchetes. Também surge uma chance de prolongar a tal “crise entre os aliados do governo”. Jobim fora do governo, fora de um ministério poderoso, é chance para muita fofoca, para muita intriga a mostrar que a aliança com o PMDB “não vai bem”.

A velha mídia vai deitar e rolar.

E daí?

E daí, nada.

Na minha modestíssima opinião, Dilma ganha muito ao se livrar de Palocci e Jobim. Os dois eram parte da face mais “atucanada” desse governo - que começou titubeante em muitas áreas.

Ainda mais porque já se confirma: Celso Amorim será o novo ministro da Defesa. Sai o Jobim que se apequena diante de embaixadores estrangeiros, entra o Amorim que comandou a política externa independente sob Lula.

Além dessa ótima notícia, surgem aos poucos outros sinais positivos no governo:

- Dilma mostra que vai defender a economia brasileira da guerra cambial; não se renderá à lógica idiota dos comentaristas liberais; o governo vai intervir (e já começou a intervir) para defender indústrias e empregos;

- Dilma faz a autocrítica por se afastar de sua base original; mostrou isso ao se unir de surpresa a sindicalistas que estavam no Palácio – Dilma pediu desculpas por não ter incluído as centrais no debate sobre a nova política industrial.

Livre dos atucanados, firme na defesa da indústria (e dos empregos), e caindo na real sobre quem são os verdadeiros aliados: essa é a Dilma de agosto.

O que parece “crise” (nas manchetes da velha mídia e nas “reportagens” do JN de Ali Kamel)pode ser o começo de nova fase de governo. Dilma se fortalece – na opinião pública – ao se livrar de “aliados” como Jobim, Palocci e “a turma do PR” . E vai-se fortalecer mais se fizer movimentos para reorganizar sua base de apoio original (na sociedade).

Dilma precisará dessa força para enfrentar as “crises fabricadas”, os ataques da velha mídia e as turbulências da economia mundial.

Forte, e com a economia em ordem apesar dos sacolejos no mundo, Dilma poderá olhar para Jobim e tirar a conclusão lógica: essa é uma ausência que preenche uma lacuna!

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