COLETIVA DE IMPRENSA: DESCONTO ILEGAL TERÁ QUE SER RESTITUÍDO A APOSENTADOS, DIZEM MINISTROS
Postagem publicada às 08h30 desta quinta-feira, 24 de abril de 2025.
A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU)
deflagraram, nesta quarta-feira (23), a Operação Sem Desconto para aprofundar
as investigações acerca de um suposto esquema de descontos não autorizados em
aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Os investigadores que apuram as suspeitas de irregularidades
calculam que, só entre 2019 e 2024, as organizações da sociedade civil
autorizadas a cobrar a chamada mensalidade associativa movimentaram cerca de R$
6,3 bilhões. Parte
deste montante pode ter sido deduzida ilegalmente dos benefícios pagos a
aposentados e pensionistas por um grupo de ao menos 11 entidades que são alvo
da operação deflagrada pela manhã.
Ao concederem entrevista coletiva para tratar da operação, os
ministros da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, da Previdência
Social, Carlos Lupi, e da Controladoria-Geral da União, Vinicius de Carvalho,
foram unânimes ao afirmar que os valores descontados ilegalmente deverão ser,
em algum momento, restituídos aos prejudicados. Nenhum deles, contudo, arriscou
uma data para que os eventuais prejudicados sejam ressarcidos.
“Cada caso terá que ser examinado individualmente.
Obviamente, mediante requisição, apuração interna, esse dinheiro, um dia, terá
que ser restituído para aqueles dos quais foi retirado indevidamente”, disse o
ministro Ricardo Lewandowski.
“Quanto à questão da devolução [dos valores deduzidos ilegalmente dos benefícios], cada caso é um caso. Vamos aguardar pelo desfecho desta operação para, depois, vermos as atitudes cabíveis”, reforçou Carlos Lupi.
Durante a coletiva de imprensa, os ministros anunciaram a suspensão, a partir de ontem, de todos os acordos
de cooperação técnica que o INSS assinou com organizações da
sociedade civil, autorizando-as a cobrar mensalidades associativas de
aposentados e pensionistas. A medida foi mais dura que a decisão inicial da Justiça Federal, que
determinou a suspensão dos contratos firmados com nove das 11
entidades-alvo da Operação Sem Desconto – além do afastamento cautelar de
seis servidores públicos, incluindo o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto,
e autorizou o cumprimento de 211 mandados de busca e apreensão e de seis
prisões temporárias.
“Para além da decisão judicial, que suspendeu os descontos
para nove dessas entidades, estamos suspendendo os acordos de cooperação
técnica de todas as demais organizações associativas”, disse o ministro da CGU,
revelando que, atualmente, cerca de 3 milhões de beneficiários do INSS têm
algum valor deduzido de suas aposentadorias e pensões a título de desconto
associativo.
Para Carvalho, a suspensão de todos os acordos e,
consequentemente, das deduções de qualquer valor, servirá como um “freio de
arrumação” no sistema de parcerias entre o INSS e as organizações da sociedade
civil, permitindo que o governo identifique a quantidade exata de pessoas
eventualmente prejudicadas pelo esquema.
“A necessidade de fazermos um freio de arrumação para
sabermos exatamente quem quer e quem não quer ter o desconto, quem quer se
associar [a uma entidade] e quem não quer, é uma etapa necessária e importante
para separarmos o joio do trigo e sabermos do que estamos falando em termos de
aposentados e aposentadas que sofreram descontos indevidos”, comentou o
ministro da CGU, destacando que os descontos ocorrem há tempos, com cifras
crescentes.
“Em 2016, foram R$ 413 milhões; em 2017, R$ 460 milhões; em
2018, R$ 617 milhões; em 2019, R$ 604 milhões. Em 2020, em meio à pandemia da
covid-19, o valor caiu para R$ 510 milhões. Em 2021 foram descontados R$ 536
milhões. Em 2022, R$ 706 milhões. Em 2023, R$ 1,2 bilhão. E, no ano passado, R$
2,8 bilhões”, detalhou Carvalho.
“Mas seria precipitado dizer que todo este montante é ilegal;
que 100% dos aposentados [que pagam o desconto associativo] tiveram seus
consentimentos fraudados”, completou o ministro da CGU. “Estas pessoas,
obviamente, merecem um ressarcimento. [Para isso] a Justiça bloqueou bens,
valores muito razoáveis [que superam R$ 1 bilhão]. Mas tudo isso terá que ser
discutido no Judiciário para garantirmos que quem foi cobrado
indevidamente possa ser devidamente ressarcido.”
A mensalidade associativa é uma contribuição que
aposentados, pensionistas ou pessoas de uma determinada categoria profissional
pagam, periodicamente, para fazer parte de uma associação, sindicato ou
entidade de classe sem fins lucrativos que represente os interesses de seus
membros do Regime Geral da Previdência Social (RGPS).
Entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o INSS recebeu 1 milhão
de reclamações acerca de descontos indevidos, motivando o cancelamento dos
descontos autodeclarados como não autorizados. Além disso, em março do ano
passado, o instituto estabeleceu novas regras para regulamentar o desconto
associativo.
Assinada por Alessandro Stefanutto, a Instrução Normativa Pres/INSS nº 162 estabelece
o percentual máximo da dedução e que o desconto deve ser previamente autorizado
pelo aposentado ou pensionista, que tem de assinar um termo de adesão.
O beneficiário que não reconhecer o desconto da mensalidade
associativa em seu benefício pode requerer a exclusão da cobrança usando o
aplicativo do instituto, o site Meu INSS ou a central
telefônica 135. Também é possível pedir o bloqueio temporário da cobrança.
O aposentado ou pensionista que não tenha autorizado os
descontos também pode solicitar o estorno de valores cobrados indevidamente.
Para isso, ele deve entrar em contato com a entidade responsável que recebeu as
quantias descontadas (cujo telefone é informado no contracheque do
beneficiário). Se preferir, o interessado também pode enviar e-mail para
o endereço eletrônico acordo.mensalidade@inss.gov.br, informando o ocorrido.
********
Com inforações Agência Brasil.




.jpg)


.png)
.webp)
.png)

Comentários