IRMÃOS DO MINISTRO NERI GELLER DA AGRICULTURA SE ENTREGAM
Fonte: Jornal 247
Os
irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, se entregaram à Polícia Federal
na noite desta quinta-feira 27 e foram levados para o Centro de Custódia de
Cuiabá, na capital do Mato Grosso. Milton e Odair Geller são suspeitos de
integrar uma quadrilha que fraudava lotes da União destinados à reforma agrária
no estado (leia mais).
Os dois
tiveram a prisão decretada ontem pela Justiça, durante a deflagração da
Operação Terra Prometida, mas a PF não conseguiu prendê-los. Os dois passaram a
noite na prisão. Em Diamantino, a 209 km da capital, outras 50 pessoas tiveram
a prisão preventiva decretada, inclusive. No município de Itanhangá, a PF
prendeu, entre outros suspeitos, o vice-prefeito, Rui Schenkel, e dois
vereadores.
Há ainda
suspeitas sobre o ex-prefeito de Lucas do Rio Verde (MT), apontado como o
"braço político e financeiro" do esquema, que suspeita-se, envolvia
80 empresários do agronegócio e pode ter causado prejuízo de R$ 1 bilhão aos
cofres públicos. Leia abaixo reportagem do portal Midianews, de Mato Grosso.
Franz
seria "braço político e financeiro" de esquema, diz PF
Ex-prefeito de Lucas do Rio Verde e dono da Fiagril, Marino Franz está preso
ISA SOUSA
DA REDAÇÃO
Ex-prefeito
de Lucas do Rio Verde, o produtor rural Marino Franz (PSDB) é apontado pelas
investigações da Polícia Federal como possível "braço político e
financeiro" do esquema de invasão de terras da União, desbaratado nesta
quinta-feira (27), por meio da operação "Terra Prometida".
Consta na
decisão assinada pelo juiz federal Fábio Henrique Rodrigues Fiorenza, que pediu
a prisão preventiva de 52 pessoas, determinou 146 mandados de busca e apreensão
e 29 medidas proibitivas, que Franz foi prefeito de Lucas por duas vezes e é
"muito rico, proprietário de diversas fazendas, empresas do agronegócio e
sócio-administrador da Fiagril".
Os indícios,
conforme o documento, é que Franz atuava como fornecedor de insumos para os
fazendeiros da suposta organização criminosa. Ele foi um dos presos ontem, pela
Polícia Federal.
"Há
indícios de que Marino atua como fornecedor de insumos, defensivos agrícolas e
sementes para os fazendeiros integrantes da suposta organização criminosa, bem
como que participaria ativamente das atividades e tomada de decisões junto dos
demais integrantes", diz trecho da investigação.
Por sua
participação, o ex-prefeito é considerado uma das lideranças da organização
criminosa.
Além de
atuar entre os empresários, caberia a Franz atuar nos poderes Executivo e
Legislativo de Lucas do Rio Verde.
"Ele
teria, supostamente, se utilizado de seu poderio financeiro (possivelmente
corrompendo pessoas na Prefeitura, Câmara Municipal e Incra) para regularizar o
Lote 581-A perante o Incra, Prefeitura e cartórios", diz outro trecho da
decisão.
Falsificação
Ainda, termo
de doação número 003, de 13 de março de 2006, indicaria que o Incra teria feito
a doação do terreno em questão, localizado no município de Itanhangá, à
prefeitura da localidade. A transação teria sido uma suposta regularização
fundiária.
"Todavia,
o que teria ocorrido, em verdade, é que o documento em questão teria sido
deliberadamente falsificado, tendo o lote sido revertido em benefício da
empresa Fiagril, cujo sócio-gerente é Marino Franz".
O termo em
questão teria sido produzido pelo servidor do Incra Genuíno Soares Magalhães,
então chefe do setor de cartografia e responsável pela confecção de tais
documentos.
A assinatura
do então superintendente do órgão, Leonel Wohlfahrt, teria sido falsificada
'conforme declarações e materiais gráficos, assim como declarações das testemunhas
do ato, Ronnie Siqueira, Madson de Barros e Saguio Moreira Santos".
Após a
doação, a Prefeitura teria promovido um processo licitatório com o objetivo de
conceder a área para fins de exploração econômica, sagrando-se ao fim,
exatamente a empresa de Franz, a Fiagril.
A licitação,
segundo a decisão judicial, teria sido "direcionada".
"Assim,
atualmente, a Fiagril seria a proprietária do Lote 581-A em Itanhangá. Às fls.
1162/1229 foi acostada petição da Fiagril Ltda. apresentando documentação do
Lote 581-A (Termo de Doação 3/2006, croqui, mapa, memorial descritivo,
escrituras e processo de licitação da Prefeitura Municipal de ltanhangá).
Todavia, há notícia anônima de que a licitação teria sido direcionada",
diz trecho da decisão.
Ainda,
conforme o magistrado em sua decisão, documentos indicam que o Incra teria
efetivado a doação, sob a justificativa de que a área seria utilizada na
"regularização de lotes urbanos, chácaras pararrurais, localizados no
Perímetro do Projeto de Assentamento Itanhangá/Tapurah e na sede do Município
de Itanhangá, Estado de Mato Grosso".
Apesar
disso, após a formalização da doação, o lote foi vendido pela prefeitura de
Itanhangá, assinado pelo prefeito João Antônio Vieira.
Pelos fatos
apresentados, a empresa de Marino Franz teria sido "indevidamente
beneficiada", e, portanto, sua prisão preventiva justificável.
"Com
efeito, há indícios suficientes de que ele tenha atuação bastante intensa na
organização criminosa e que, assim, participe dos crimes relacionados às
atividades dessa, como corrupção ativa, fraudes diversas e crimes ambientais.
Além, é claro, do crime de invasão de terras públicas".
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