Silêncio de Demóstenes causa tumulto

 

Na terça-feira, o senador Demóstenes Torres prestou depoimento ao Conselho de Ética do Senado e confirmou sua ligação com o empresário Carlinhos Cachoeira

LUCIANA LIMA
Da Agência Brasil - Brasília 

No início da reunião ontem em que prestaria depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) disse que não responderia às perguntas feitas pelos parlamentares. Demóstenes alegou que seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, solicitou ao Conselho de Ética a degravação de seu depoimento e as notas taquigráficas para entregá-las aos integrantes da comissão.

“Anteontem (terça-feira) prestei depoimento por mais de cinco horas no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, cuja pertinência temática é a mesma desta CPI. Em decorrência disso, por solicitação do meu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, endereçamos ontem petição a essa comissão e comunicamos, até por uma questão de lealdade, que permaneceríamos calados, conforme faculdade expressamente prevista na Constituição Federal”, disse Demóstenes.

A atitude de Demóstenes fez com que o deputado Sílvio Costa (PTB-PE) se exaltasse e começasse a ofender o senador, acusado de ligações com o suposto esquema criminoso liderado pelo empresário de jogos ilegais Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, investigado pela Polícia Federal. O presidente da comissão decidiu dispensar Demóstenes da oitiva, mesmo procedimento que vem adotando diante dos demais depoentes que se negaram a falar. No entanto, essa atitude acabou irritando ainda mais o deputado.

Na última terça-feira, Demóstenes prestou depoimento ao Conselho de Ética do Senado e confirmou sua ligação com o empresário Carlinhos Cachoeira. Ele sustentou que não sabia do envolvimento de Cachoeira com atividades ilícitas, apesar dos mais de dez anos de convivência com o empresário e negou ter recebido dinheiro de Cahoeira.

Além disso, Demóstenes também confirmou usar um celular via rádio doado por Cachoeira e que era o empresário que pagava a conta. Ontem, os integrantes da CPMI quebraram os sigilos telefônicos, bancário, fiscal, de e-mail e de mensagens por celular de Demóstenes.

DEPOIMENTOS

O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), anunciou ontem que o depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) será realizado no próximo dia 12 de junho. No dia seguinte, dia 13, será a vez do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) prestar esclarecimentos no colegiado.

A convocação dos dois governadores foi aprovada na sessão de ontem da CPI. Na ocasião, o pedido para ouvir Sérgio Cabral (PMDB-RJ) foi rejeitado. A convocação de Perillo e Agnelo ocorreu em meio a um racha na base aliada.

O PMDB, aliado do PT, articulou os 16 votos pela convocação de Agnelo, com o apoio de PP, PR PSC, PSB, PDT e da oposição. Doze parlamentares votaram contra. O depoimento de Perillo foi aprovado por unanimidade.

Segundo a PF (Polícia Federal), Perillo recebeu R$ 1,4 milhão de Carlinhos Cachoeira pela venda de uma casa e nomeou funcionários a pedido do empresário, preso sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal.

Agnelo, diz a PF, também teve assessores corrompidos pelo grupo de Cachoeira. Tanto o petista quanto o tucano negam irregularidades. A ação do PMDB foi interpretada no PT como um troco pelo fato de o partido ter apoiado a ampliação da quebra dos sigilos fiscal e bancário da Delta. A empreiteira é suspeita de se beneficiar da relação de um de seus diretores com Cachoeira. Vários políticos do PMDB são próximos a Fernando Cavendish, presidente licenciado da Delta. 

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