Líder sírio aceita plano de paz da ONU, mas oposição desconfia

Bashar al-Assad, visitou o distrito de Baba Amr após quatro semanas de bombardeio de suas tropas ao local
O governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, concordou em seguir o plano de paz proposto pelo enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan. O anúncio foi feito nesta terça-feira pelo regime, embora representantes da oposição se mostrem céticos.
Para o ex-secretário-geral das Nações Unidas, o anúncio é "um importante passo inicial para trazer o fim da violência". Ele ressaltou que a implementação do plano, na prática, é fundamental para lidar com a situação alarmante no país, que vive intensos confrontos há mais de um ano.
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Também nesta terça-feira as Nações Unidas indicaram um aumento do número de mortos no país, cuja estimativa agora é de ao menos 9 mil vítimas.
As declarações de Annan incluíram ainda um agradecimento aos russos e chineses, que após vetarem tentativas de condenação da Síria no Conselho de Segurança da ONU, mais contundentes e com caráter vinculante, decidiram apoiar a iniciativa de paz.
Plano de paz foi elaborado duas semanas após reunião de Annan (esq.) com Assad, em Damasco
Após manter reuniões com o enviado especial em Pequim nesta terça-feira, o premiê da China, Wen Jiabao, disse que a situação na Síria chegou a um "ponto crítico" e que os "esforços de mediação levarão a um progresso". No fim de semana, Moscou também ofereceu apoio ao plano.
Mais cedo, Assad visitou o distrito de Baba Amr, na cidade de Homs, após quatro semanas de intensos bombardeios que deixaram ao menos 700 mortos.
Falta de prazo
Os seis pontos do plano de Annan
1. Um processo político liderado pela Síria para contemplar as aspirações e preocupações da população síria.

2. Uma interrupção monitorada pela ONU de toda a violência armada, sob qualquer forma e de todas as partes, para a proteção dos civis. 

3. Todas as partes devem garantir a chegada de assistência humanitária para todas as áreas afetadas por combates e implementar uma pausa humanitária diária de duas horas.

4. As autoridades devem intensificar o ritmo da libertação de pessoas detidas arbitrariamente.

5. As autoridades devem garantir a liberdade de movimento para jornalistas dentro do país.

6. As autoridades devem respeitar a liberdade de associação e o direito de expressão pacífica das pessoas.

O plano de seis etapas proposto por Annan e aceito por Assad inclui a retirada das forças de segurança, o fim dos bombardeios e um apelo às tropas do regime e da oposição para que coloquem em prática um cessar-fogo diário de duas horas –o que possibilita a entrega de ajuda humanitária à população.
Entre as críticas direcionadas à iniciativa estão a falta de um prazo para que as medidas sejam efetivadas e a ausência de um pedido para que Assad renuncie ao poder – a principal demanda dos manifestantes desde março do ano passado.
Em comparação, a resolução do Conselho de Segurança, caso tivesse sido aprovada por China e Rússia, incluiria um ultimato ao regime.
Analistas e oposicionistas veem o plano com ceticismo. Assad já havia prometido, anteriormente, cumprir um outro plano de paz proposto pela Liga Árabe, além de implementar reformas. As promessas, no entanto, jamais cumpridas.
Para o ativista Rami Jarrah, o anúncio nada mais é do que uma manobra do governo sírio para ganhar tempo.
"Nós já vimos isso antes, quando houve o protocolo do plano de paz proposto pela Liga Árabe, que o governo aceitou. O que aconteceu de fato, nas ruas, foi bem diferente", disse.
Refugiados
A proporções tomada pela crise na Síria e seus efeitos na região pode ser vista no êxodo de civis. Na semana passada, a ONU afirmou que 230 mil sírios deixaram suas casas desde o início dos protestos contra o governo e que, destes, 30 mil fugiram do país e 200 mil estão em outras partes da Síria.

Formatos alternativos
O Alto Comissário para Refugiados da ONU disse que centenas de pessoas cruzam diariamente as fronteiras para Turquia, Líbano e Jordânia.
Os turcos, que nos últimos meses diminuíram drasticamente a relação bilateral com a Síria, ex-aliada na região, sediam nesta terça-feira uma reunião com os diferentes grupos de oposição sírios. A Turkish Airlines também anunciou a suspensão de todos os voos para o país após o fechamento da embaixada turca em Damasco.

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