Belo Monte: Ao participar do III Fórum Mundial de Sustentabilidade, Bianca Jagger " ex-mulher do cantor Mick Jagger", afirmou que existem interesses nos lucros a curto prazo. Segundo ela, estão ocorrendo abusos contra moradores da região


Ex-mulher do cantor Mick Jagger, do Rolling Stones, a ativista ambiental fez críticas à construção da usina de Belo Monte
No mais contundente discurso proferido no III Forum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus, a ativista ambiental Bianca Jagger – ex-mulher do cantor Mick Jagger – fez uma dura crítica ferrenha contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no meio da floresta amazônica, no estado do Pará, e afirmou ter provas de que já existe um êxodo na região por causa das obras.
Natural da Nicarágua, Bianca começou sua apresentação pedindo compreensão aos presentes para que suas críticas não constrangessem os brasileiros, aos quais apelou para que a vissem como uma irmã. Mas a partir dali, tomou para si a responsabilidade do contra-ataque em nome dos ambientalistas, povos ribeirinhos e nativos de várias etnias que serão prejudicados, segundo ela, com a inundação de áreas.
“Espero que vocês busquem no Google (imagens) para ver os impactos ambientais dessas usinas (as existentes na Amazônia). São ameaças aos povos indígenas”, discursou para uma palestra de empresários e ambientalistas, na tarde deste sábado (24). E foi além: “O que há são interesses nos lucros num curto prazo”.
Bianca está há dez dias em visitas a municípios, aldeias, nativos e ribeirinhos dos estados do Amazonas e Pará. Disse que ficou comovida com as reclamações deles. Lançou mão, logo, do debate universal em torno do direito à vida.
“Tenho visto abusos de direitos humanos por corporações (de todo o mundo), e testemunha dessas tribos que foram privadas dos seus meios de vida. As florestas pelo mundo estão desaparecendo em 30 milhões de hectares por ano”, discursou.
Êxodo
Para Bianca Jagger, a construção da usina de Belo Monte, cujas obras visitou, é uma violação aos direitos humanos. Ela classificou o consórcio Norte Energia de “Frankenstein”, por reunir quase uma dezena de empresas de diferentes setores, e alertou: “Eles vão deslocar milhares de pessoas. Principalmente quem vive ao longo dos rios Xingu e Madeira já foi afetado negativamente”.
Com esse cenário previsto, a ativista reforçou que haverá um êxodo crescente de ribeirinhos e nativos das etnias para as regiões metropolitanas, e denunciou que as indenizações pagas a eles, em torno de R$ 30 mil, os faz saírem de suas casas – alvo do futuro alagamento – e “acampar” na periferia das grandes cidades, entregando-se ao álcool e à prostituição.
O consórcio Norte Energia, em mensagens veiculados em vários meios de comunicação desde o ano passado, explica que não haverá alagamentos de áreas habitadas ou deslocamentos de tribos de nativos. Informação falsa, para Bianca, embasada nas visitas que fez a ribeirinhos que já admitem Belo Monte como uma realidade e deixam suas casas.
A ativista encerrou seu discurso com um apelo às autoridades brasileiras para que fomentem o debate em busca de energias renováveis, a exemplo de outros países. “Não existem só os combustíveis fósseis. Temos energia renovável. Dizem que é cara, mas não é verdade. Vejam a usina Belo Monte, que custa R$ 18 bilhões, e o valor aumenta “, salientou, e deixou nas entrelinhas a dica de que este valor poderia pagar pesquisas e projetos por novas energias.

Comentários

VEJA AS DEZ POSTAGENS MAIS VISITADAS NOS ÚLTIMOS 7 (SETE), DIAS