Uma partida de futebol no Egito que termina em confronto com a morte de setenta e quatro torcedores.


CAIRO — Pelo menos setenta e quatro pessoas morreram nesta quarta-feira no Egito em confrontos após uma partida de futebol entre dois times da cidade de Port-Saïd (Norte), que de acordo com a Irmandade Muçulmana foram causados por partidários do ex-presidente Hosni Mubarak.
O número de mortos ainda é provisório, mas já se trata de um dos piores episódios de violência registrados num estádio.
O exército egípcio foi mobilizado na noite desta quarta-feira em Port-Said, informou a emissora estatal.
O último balanço comunicado pelo Ministério de Saúde era de ao menos 74 mortos, entre eles um policial.
O primeiro-ministro, Kamal al Ganzuri, "liderará uma reunião de emergência nesta quinta-feira para discutir os acontecimentos de Port-Said", afirmou a emissora.
O Ministério do Interior anunciou que 47 pessoas foram detidas, enquanto que o chefe do exército, no poder no Egito, o marechal Hussein Tantawi, ordenou uma investigação, segundo a televisão.
Centenas de pessoas ficaram feridas nos confrontos, que marcaram o que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, qualificou de "dia negro" para esse esporte.
De acordo com dados apurados pela AFP em quatro hospitais da cidade de Port-Saïd, centenas de pessoas foram feridas.
Fontes médicas informaram que estas cifras ainda podem aumentar, já que ambulâncias continuavam a levar feridos aos hospitais horas após o início dos confrontos, que começaram logo após o apito final da partida.
Neste jogo válido pela 17ª rodada do Campeonato Egípcio, o Al-Ahly, um dos melhores clubes do país, perdeu por 3 a 1 do rival Al-Masri, sofrendo sua primeira derrota da temporada.
Um fotógrafo da AFP que presenciou as cenas de violência relatou que torcedores do Al-Masri atiraram pedras, garrafas de vidro e foguetes no setor reservado aos fãs do Al-Ahly.
Fontes médicas também relataram que pessoas morreram ou foram feridas por ter sido atacadas com armas brancas.
A Irmandade Muçulmana acusou simpatizantes do ex-presidente Hosni Mubarak de serem responsáveis por estes confrontos.
"Os eventos de Port-Saïd foram premeditados e têm a assinatura dos partidários do antigo regime", afirmou o deputado Essam al-Erian num comunicado publicado no site do Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), formação política da Irmandade Muçulmana.
Essam al-Erian declarou que a Assembleia do Povo, cuja maioria dos membros está ligada à Irmandade Muçulmana, pretende pedir ao ministro do Interior e aos responsáveis pela segurança do estádio que "assumam plenamente suas responsabilidades".
O presidente da Assembleia do Povo, o islamista Saad al-Katatni, anunciou que a Câmara dos Deputados se reunirá nesta quinta-feira para discutir a respeito destes eventos.
Já o deputado liberal Amr Hamzawi pediu a demissão do ministro do Interior, assim como do governador e do chefe de segurança da cidade de Port-Saïd.
A televisão de Estado mostrou diversas imagens do caos no estádio, com torcedores correndo para todas as direções.
O treinador do Al-Ahly, o português Manuel José, mostrou-se muito chocado quando deu entrevista à imprensa do seu país.
"Já era possível sentir a tensão durante o jogo. Quando terminou, milhares de pessas invadiram o gramado. Nem consegui chegar ao vestiário com toda a confusão. Apesar de protegido por seguranças, recebi golpes na cabeça e no pescoço, mas estou bem", relatou.
Todas as lojas da cidade de Port-Saïd fecharam suas portas e diversos voluntários ajudaram a transportar feridos com seus veículos.
Tiroteios foram ouvidos na estrada entre Port-Saïd e a capital Cairo.
Mais cedo, as autoridades egípcias relataram um incêndio em outra arena de futebol, o estádio Nacional de Cairo. O fogo foi controlado, mas a partida entre o al-Zamalek e o Ismaïly foi cancelada.
Fonte Google Notícia.

Comentários

VEJA AS DEZ POSTAGENS MAIS VISITADAS NOS ÚLTIMOS 7 (SETE), DIAS