O TIRO SAI PELA CULATRA EM: "LUZ, CÂMARA, PICHAÇÃO" NO FESTIVAL DO RIO DE JANEIRO.



Victor Rocha | Cinema | 12/10/2011 23h00
Foto: DivulgaçãoO documentário "Luz, Câmera, Pichação" (Brasil, 2011) tenta mostrar a prática pelos próprios pichadores, mas apesar de contemplá-los, acaba passando uma imagem bem pior do que as expectativas.

Com uma arte muito boa, o que não poderia ser diferente, o longa abusa de filmagens noturnas para mostrar a ação dos pichadores como uma cultura a ser compreendida no Rio de Janeiro. O filme é composto por relatos clássicos e demonstrações práticas da atitude que é periodicamente questionada como arte. A produção é simples, com uma montagem fraca além precariedades e erros na luz e no som. Apesar de cumprir um papel antropológico, ainda é muito amadora. Mas, levando em conta que apenas três pessoas (Marcelo Guerra, Gustavo Coelho, Bruno Caetano) foram responsáveis pelo trabalho todo, chega a ser louvável. O grande erro do filme (ou não) é acabar transmitindo exatamente o oposto do que pretendia.

Nos deparamos com relatos sobre o gosto pelo risco da ilegalidade, afirmações de que o único propósito da pichação é a autopromoção, comparações nada amigáveis com formatos de arte já consagrados, além de contradições complicadas. Outro fato peculiar é que se realmente houver algum interesse da polícia em autuar os praticantes da pichação, tida por lei como vandalismo, o longa é praticamente um mandato de prisão, relacionando os codinomes com os praticantes, explicando a técnica da atuação e registrando inúmeros delitos (provas).

No documentário, a pichação acaba sendo ainda comparada com a publicidade, que é "posta em qualquer lugar na rua", e até mesmo com a sexualidade, como algo que não se escolhe, apenas sente. Os entrevistados, completamente parciais, acabam atuando contra si na medida em que fazem afirmações pouco pensadas e demonstram falta de cultura ou revolta sem argumento. Apesar do esforço, a obra não deixa de ser fraca e vale apenas como experiência.
Fonte: Blog do Sidnei Rezende.

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