MORTE DE GADAFI CRIA BASES PARA DEMOCRACIA NA LIBIA




Segundo a agência, Gadafi teria sido capturado e ferido nas pernas. Um dos combatentes escutados pela agência Reuters afirmou que Gadafi, ao ser descoberto escondido em uma tubulação, teria gritado "Não atire! Não atire!". Fontes de rebeldes líbias afirmam que o corpo do ex-ditador seria levado à um lugar secreto, na cidade de Misrata.

Caso a morte do ex-líder seja confirmada, é provável que a constituição geopolítica do país passe por mudanças. A Líbia é vítima da ditadura de Gadafi há mais de 42 anos. Para o diretor e cientista político do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Geraldo Tadeu Moreira, o curso da guerra na Líbia já previa que os rebeldes seriam vitoriosos. O professor crê que partir do momento em que Gadafi ficou circunscrito à sua cidade natal já tinha perdido seu poder na política líbia. "Era uma questão de tempo para que Conselho Nacional de Transição assumisse a integralidade sob o território."

O especialista explica que a ditadura de Gadafi é um modelo de poder absolutamente pessoal, onde qualquer instituição fora dos interesses políticos do ex-líder não possuía autorização para se fixar no país. "As relações eram dominadas por meio de relações de Gadafi e como não existiam instituições que bancassem uma transição para a democracia a única saída para o rompimento com o governo autoritário era a guerra civil." O professor esclarece que a Líbia caminha para um novo caminho, o surgimento do regime democrático.

"O desafio da Líbia agora é criar bases para um regime democrático, de liberdade e pluralismo." O professor afirmou que é possível que as potências ocidentais estarão por detrás do processo, como a Organização das Nações Unidas e a Otan. "É fundamental que o novo governo se instale e seja capaz de ganhar legitimidade pois a Líbia é um país importantíssimo na geopolítica do Mediterrâneo."
Pressão internacional pode não legitimar transição

Em setembro, Conselho Nacional de Transição (CNT) informou que vai realizar eleições para a uma Assembleia Constituinte dentro do prazo de oito meses e em 20 deseja fazer eleições presidenciais. O pesquisador informou que para isso acontecer é necessário organizar um sistema político eleitoral.

O cientista político da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), João Pontes Nogueira, avaliou que a Líbia poderá agora permitir a entrada de empresas produtoras de petróleo a fim de reconstruir a infraestrutura do país. Nogueira explica que as relações externas da Líbia foram muito ativas durante os anos e em alguns momentos se mostrou um ator inconveniente no contexto da Liga Árabe. O especialista esclarece que "nesse momento a questão do equilíbrio de poder no norte da África está bastante fluida".

O professor esclarece também que as eleições que o Conselho Nacional de Transição (CNT) quer formatar é possível que sejam feitas às pressas. Para o cientista, "o ideal é que o governo tenha um cronograma mais dilatado para estabelecer um poder forte e estável." Nogueira acredita que a interferência dos países ocidentais para a democratização imediata do país também possa interferir no novo governo. "Temo que a pressão internacional não legitime a Líbia como governo democrático, a exemplo da democratização do Congo."
Fonte: Blog Sidney Rezende.

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