FAMÍLIA DE LULA ORIENTA POLÍTICOS A NÃO VISITA-LO NESTE DOMINGO.




Após receber, neste sábado, o diagnóstico de câncer na laringe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa o domingo de repouso em casa com a família, em São Bernardo do Campo. Lula apareceu na varanda do apartamento com o neto Pedro, filho de Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, no colo. O ex-presidente deve passar a tarde em frente à TV para assistir ao jogo entre Corinthians, seu time, e Avaí.

Amigos e lideranças do PT disseram que não irão à casa do ex-presidente neste domingo. Segundo a assessoria de Lula, a própria família está pedindo a quem telefona que não o visite, pelo menos por enquanto. Neste sábado, o amigo Paulo Okamoto, presidente do Instituto Cidadania, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, visitaram Lula.

O repouso foi um conselho dos próprios médicos, já que nesta segunda-feira Lula começará o tratamento contra o tumor na laringe. No sábado, a presidente Dilma telefonou para a mulher do ex-presidente, dona Marisa, para conversar sobre a doença e desejar rápida recuperação ao amigo. Nesta segunda-feira, a presidente - que, com forte gripe, passou o domingo em Brasília - tem agenda em São Paulo. No entanto, não foi confirmada mudança de planos para uma eventual visita a Lula.

Segundo a assessoria do Hospital Sírio-Libanês, Lula pediu que fosse divulgado um boletim oficial tão logo soube da doença, mesmo procedimento adotado pelo ex-vice-presidente José Alencar. A notícia surpreendeu assessores próximos e amigos. Durante os exames e a internação para fazer a biópsia que confirmou o câncer, Lula ficou a maior parte do tempo apenas com a mulher.

Segundo o diretor de Oncologia do Sírio-Libanês, o médico Paulo Hoff, Lula poderá ser tratado em casa, mas começará a receber os remédios no hospital. Médicos do ex-presidente e especialistas explicaram que o câncer na laringe é causado, na maioria dos casos, pelo fumo. No ano passado, segundo sua assessoria, Lula parou de fumar. Ele teria tomado a decisão após sofrer alterações de pressão e uma crise hipertensiva enquanto ainda era presidente.

No caso de Lula, foi descartada cirurgia. Os médicos estão otimistas e dizem que a chance de cura é grande. Também não foi detectada metástase. "A doença está no início e é 100% curável", disse um dos médicos da equipe de Lula.

O tumor maligno, que tem entre dois e três centímetros de diâmetro, foi localizado na parte superior da glote, perto das cordas vocais. O tratamento será em três etapas, a cada 20 dias. Após esses três ciclos, Lula passará por uma nova avaliação, para saber se houve redução no tumor.

O médico que deve administrar as sessões é o oncologista clínico Artur Katz. Segundo ele, o tratamento buscará preservar os órgãos afetados pela doença (supraglote, glote e subglote): "O tratamento tem caráter curativo e não deve afetar a voz do ex-presidente."

Embora o câncer seja na garganta, Lula não terá a fala atingida durante o tratamento. As doses, no entanto, serão suficientes para causar a queda temporária de cabelos. A assessoria do ex-presidente não sabe se ele manterá a agenda dos próximos dias, mas adiantou que esta semana não há nenhuma viagem marcada.

Okamoto disse neste sábado que Lula vinha reclamando de uma rouquidão além do comum: "A gente vinha percebendo que a rouquidão dele (Lula) vinha aumentando, e ele mesmo estava reclamando disso", disse Okamoto.

O ex-presidente, que sempre teve problemas leves nas cordas vocais, começou a ficar mais rouco no último mês. Na quinta-feira, ao comemorar o aniversário de 66 anos em São Bernardo, recebeu a visita de seu médico particular, Roberto Kalil Filho, que se espantou com a rouquidão. Kalil pediu a Lula que fosse ao Hospital Sírio-Libanês, do qual é diretor, para um check-up. O médico também chamou a atenção do ex-presidente, que não fazia uma bateria de exames há mais de um ano.

Lula passou por testes na sexta-feira e, no sábado, foi sedado e submetido a uma biópsia feita por endoscopia que confirmou o diagnóstico de câncer na laringe. À noite, voltou para casa.
Por Tatiana Farah, da Agência O Globo

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