Leitura para político sem compromisso com as necessidade do povo.


Mestre! O texto abaixo escrito é de autoria do Frei Betto, com o titulo: “APOCALIPSE BRASIL” e uma ótima leitura para certos políticos que só pensam em seus próprios umbigo refletirem  após um Domingo de Páscoas. E que Deus nos proteja.  
A propósito! Semana passada tive um sonho.
As línguas de fogo do dragão faziam as cercas se dilatarem, os currais estufarem, as flores tombarem quais palitos soprados pelo vento. Do outro lado do arame, homens e mulheres salgavam a boca com lagrimas, e tinham suas mãos calejadas e vazias.
O sertão virava mar e inundava pastos e ervas; poleiros e casebres.
No limite das águas, famílias desprendiam-se pelos cortes de poeira abrasadas pelo sol. Agarrada às pernas dos adultos, crianças estatelavam os olhos hepáticos diante da voz inapelável da voz dos que cobravam juros que se tornaram grãos, frutos, animais e rendas. Seqüestrados os seus bens, milhares de despossuídos tomavam rumo contrário à fonte da vida.
Vi em sonho multidões de condenados da terra buscarem refúgio no tapete estéril do asfalto, encravados nas cáries de pontes e viadutos, a pisar estrelas em barracos. Os pais deambulavam insones em busca do ofício inexistente, embriagados pelo espectro da mendicância. Os filhos largados pelas ruas, traziam no corpo nanico o gigante cujos olhos encurralavam a quem ousasse fita-los. Onde eram crianças, via-se demônio; onde era súplica, ouvia-se ameaças; onde era gesto, sentia-se agressão.
Dia a dia a turba sem terra inchava as cidades, peste incontrolável a disseminar sombra de penúria e morte. Uns tantos humilhados pelo desdouro de esmolar pão, roubavam o sustentos na arte da violência.
Mão impedidas de semear grãos, multiplicavam drogas; alienadas da enxada empunhavam armas; algemadas pela premência ceifavam vidas.
Vi em seguida aquele que não deram ouvidos ao canto lúgubre das sereias urbanas e, cheios de alento, agrupavam-se à beira dos caminhos em presépios recobertos de plásticos negros. Eram os profetas da resistência. Aquecidos por um sol escarlate, traziam em si s sabor agreste de espíritos seduzidos pelo corpo sinuoso da terra fértil, pleno de primícias e promessas.  Acampamentos faziam-se assentamentos, cerca rompia-se pelo direito natural, a filha estéril do latifúndio transmudava-se em múltiplas meninas prenhe de frutos e flores.
Malgrados a teimosia dos lavradores que se negavam a servi lenha na fogueira das metrópoles, os dragão baforava o seu hálito iníquo pelas ventas dos estufados senhores que se recusavam chão e pão.
Como deter a turba engendrada por suas próprias ambições? Abraçar de arame eletrificado também as cidade? Desesperado, os servos do dragão invadiam fronteiras e corações, grilavam papéis, sonegavam tributos, subornavam oficiais, contratava pistoleiros. No eco de cantos, tiros. Árvores e corpos tombavam. O sangue escorrido fermentava o solo, lavava-se nos rios e acendia a esperanças.
O arauto do príncipe vociferou: “Invasão! Invasão!” Uma voz de criança retrucou: “Como se as terra de Santa Cruz não tivessem sido invadido a mando d’el rey, seus nativos trucidados, os negros escravizados e, agora exilados de seus direitos os filhos desta terra, mãe cruel, pátria armada, imbecil!”.
Vi então dezenove anjos abrirem uma porta de luz. Do outro lado, uma inscrição: Eldorado. Já não havia medo, e os olhos estavam secos de lagrimas e as gargantas mudas de toda dor. Toda tristeza havia passado. Os arames das antigas cercas estendiam-se como cordas de violas e violões. Alegria, os filhos deste solo, repartido, saudavam a mãe gentil, pátria amada, Brasil.
     
   
  

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