RELAÇÃO 'POR FAZER' É AGENDA PARA DILMA E XI JINPING QUE ESTÁ EM BRASÍLIA

Xi Jinping (AP)

O presidente chinês Xi Jinping está em Brasília para encontro entre líderes de países dos Brics
A presidente Dilma Rousseff recebe nesta quinta-feira em Brasília o presidente da China, Xi Jinping, num momento em que o Brasil enfrenta dificuldades para melhorar a qualidade da relação com seu principal parceiro comercial.
Após uma expressiva evolução no volume de comércio entre os dois países na última década, o Brasil tem visto minguar a participação de produtos industrializados em sua pauta de exportações para a China. Já os chineses vendem ao Brasil cada vez mais produtos industrializados.


O governo tenta aumentar as exportações de produtos industrializados e também ampliar a participação de empresas chinesas no Brasil, prioritariamente nos setores de automóveis e energias renováveis.
Segundo Marcos Troyjo, especialista em Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, o maior desafio para o Brasil na relação com a China é mudar os termos de troca do comércio.
Troyjo diz que, hoje, a tonelada exportada pelo Brasil para a China vale US$ 200 (R$ 444) em média, enquanto a tonelada importada desse país vale US$ 3 mil (R$ 6,6 mil).
"Continuamos a exportar petróleo, minério de ferro e soja para os chineses, enquanto cada vez mais eles exportam para a gente produtos de alto valor agregado."
Economistas consideram que a exportação de produtos industrializados, com alto valor agregado, é mais benéfica do que a exportação de matérias-primas (commodities), já que sua produção envolve mais mão-de-obra e atrai mais recursos para um país.
Há pelo menos cinco anos, o governo diz que diversificar as exportações brasileiras para a China é uma de suas prioridades. Nesse período, porém, a proporção de produtos industrializados na pauta de exportações do Brasil para a China só diminuiu.
Em 2013, a China exportou US$ 36,4 bilhões em produtos industrializados ao Brasil. No mesmo ano, o Brasil exportou para a China US$ 7 bilhões em produtos desse tipo.

Investimentos chineses

Outro desafio para o Brasil na relação bilateral, segundo Marcos Troyjo, é atrair mais investimentos chineses.
"A China é nosso principal parceiro comercial, mas ainda não conseguimos dar à relação um status comparável no que diz respeito aos investimentos”.
"As empresas chinesas estão começando a se espalhar pelo globo e seria interessante nos assegurarmos de que estaremos em seu mapa de investimentos.”
Fábrica de carros na China (AFP)
Chineses exportam cada vez mais produtos de alto valor agregado
Segundo um estudo do Conselho Empresarial Brasil-China, os chineses anunciaram investimentos de US$ 68 bilhões no Brasil entre 2007 e 2012. Metade desses projetos está em execução, de acordo com o estudo.
Em visita à China no ano passado, o vice-presidente Michel Temer convidou os chineses a participar das concessões abertas pelo governo brasileiro nas áreas de infraestrutura, transporte, logística, portos e energia, entre outros.
Outro tema tratado na visita de Temer – e que deve ser retomado no encontro com Xi Jinping – foi ampliar a presença no mercado chinês de produtos do agronegócio brasileiro.
O governo brasileiro avalia que esse setor (particularmente o de frigoríficos) tem o maior potencial para ampliar suas exportações à China no curto prazo.

Energia verde

Em encontro na segunda, representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) cobraram mais investimentos chineses nos setores de energias renováveis, máquinas avançadas, tecnologias da informação e comunicação.
Hoje, segundo o MDIC, os principais investimentos chineses no Brasil são nas áreas de transmissão de energia, infraestrutura, telecomunicações, automóveis, bens de capital e eletroeletrônicos.
Painéis solares na China (Reuters)
Brasil quer mais investimento chinês em energia renovável
O órgão quer maior participação da China nas áreas de energia eólica e solar, na qual os chineses detêm crescente expertise. O governo brasileiro avalia que também há espaço para a instalação de mais indústrias de automóveis chinesas no país e tenta convencê-las de que o mercado nacional pode ser uma porta de entrada para países vizinhos.
De olho em possíveis parcerias no setor, a Confederação Nacional dos Transportes abriu em abril um escritório em Pequim, para fazer a ponte entre empresários dos dois países.
“Antes as empresas chinesas investiam sozinhas no Brasil e agora a união com nossas empresas transformou em algo enraizado, possibilitando a criação de novos negócios” disse, em entrevista recente a jornalistas, o presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, Sérgio Amaral.
Ruth Costas e João Fellet
Da BBC Brasil em São Paulo e Brasília

Comentários

VEJA AS DEZ POSTAGENS MAIS VISITADAS NOS ÚLTIMOS 7 (SETE), DIAS