PÂNICO GLOBAL ATINGE EM CHEIO O MERCADO BRASILEIRO
Na sequência
do crash chinês, BM&FBovespa abriu em forte queda nesta segunda-feira;
índice chegou a cair mais de 6%, mas no final da manhã amenizou perdas e às
12h25, caía 3,79%; temor de quebradeira na China atinge em cheio exportadores
brasileiros, como a Vale, cuja ação despencava 9% na abertura do mercado no
Brasil; desaceleração também derruba os preços do petróleo ainda mais e fez
Petrobras cair 8,55% na Bovespa; dólar sobe quase 2% e é cotado acima de R$
3,56; crise internacional torna ainda mais delicada a gestão da economia no
Brasil; boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira 24, prevê queda de mais de
2% do PIB em 2015.
Fonte: Jornal 247.
O crash da China causa pânico
nas bolsas internacionais e afeta diretamente a Bolsa de Valores de São Paulo,
que abriu em queda de quase 6% no pregão desta segunda-feira 24. Às 12h25, as
perdas haviam sido amenizadas e o índice caía 3,79%, a 44.168 pontos.
A forte
desvalorização do Yuan trouxe indefinição ao cenário global e fez com que a
bolsa de Xangai despencasse 8,46%, a maior queda diária desde o auge da crise
financeira global em 2007, refletindo a frustração de investidores após Pequim
não anunciar novos estímulos no fim de semana. Na semana passada, já houve
recuo de 11%.
O cenário
atinge diretamente exportadores brasileiros, como a Vale, cuja ação despencava
7% no pré-market em Nova York e 9% na abertura do mercado no Brasil. A
desaceleração também derruba os preços do petróleo ainda mais e fez a Petrobras
cair 11% em Wall Street e 8,55% na Bovespa. As quedas nas ações das duas
empresas também foram amenizadas até o fim da manhã, para cerca de 5%.
Enquanto
isso, o dólar opera em alta de mais de 2%, cotado a mais de R$ 3,56.
A crise global torna ainda mais delicada a gestão da economia no Brasil. O
boletim Focus, do Banco Central, divulgado nesta segunda, prevê queda de mais
de 2% do PIB em 2015 (leia mais).
Abaixo,
reportagens do portal Infomoney e da agência Reuters sobre o mercado nesta
segunda:
Ibovespa
cai por pânico global com situação da China; dólar e DIs sobem forte.
O Ibovespa
abre em baixa nesta segunda-feira (24), em um dia de pânico profundo nas bolsas
internacionais, com a Ásia no olho do furacão negativo que arrasa os mercados
hoje. As fortes desvalorizações do yuan trouxeram indefinição ao cenário global
e fizeram com que a bolsa de Xangai despencasse 8,46%. Ao mesmo tempo, as
cotações de commodities recuam às mínimas em 16 anos. No cenário interno o
mercado avalia os desdobramentos da crise política depois que o ministro do STF
(Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, pediu a investigação da campanha da
presidente Dilma Rousseff (PT).
Às 10h19
(horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira caía 5,79%, a 43.072
pontos, ainda com muitas ações em leilão. O Ibovespa Futuro já afunda 5%. Já o
dólar comercial sobe 1,38% a R$ 3,5442, ao passo que o dólar futuro para
setembro sobe 1,18% a R$ 3,552. Os futuros dos índices norte-americanos Dow
Jones e S&P 500 recuam 4,06% e 3,78% respectivamente.
No fim de
semana, o governo chinês disse que vai permitir a fundos de pensão que comprem
ações. A especulação sobre corte de compulsórios para estimular a economia não
se confirmou.
As ações da
Petrobras (PETR3; PETR4) estavam cotadas para abrir em queda.
Também tinha
algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos
economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais
indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em
2015 oscilou de uma retração de 2,01% para uma de 2,06%. Já no caso do IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação
utilizado pelo governo, as projeções caíram de 9,32% para 9,29%.
Cenário
externo:
A
segunda-feira já começou bastante negativa para os mercados globais. As bolsas
asiáticas e europeias despencam em meio ao sell off global, agravado pelo tombo
dos papéis chineses, que intensificou a fuga de ativos mais arriscados em meio
a temores de desaceleração econômica global encabeçada pela China. Xangai teve
baixa de 8,46%, a maior queda percentual diária desde 2007.
O índice
MSCI que reúne ações da região Ásia-Pacífico exceto Japão caía 5,46%,
abaixo da mínima de três anos. Hang Seng teve queda de 5,17%, enquanto Nikkei
despencou 4,61%.
Ativos
vistos como um porto-seguro, como títulos de governo e o iene, apresentaram
ganhos em meio à instabilidade nos mercados financeiros. O gatilho para as
turbulências veio sob a forma da forte desvalorização do iuan chinês, que
alimentou temores sobre o estado da segunda maior economia do mundo.
"Os
mercados estão em pânico. As coisas estão começando a parecer com a crise
financeira asiática no fim da década de 1990. Especuladores estão vendendo
ativos que parecem ser os mais vulneráveis", disse o chefe de pesquisa do
Shinsei Bank, Takako Masai.
Bolsas de
valores em todo o mundo, do Japão à Indonésia, foram duramente atingidas pela
queda das ações chinesas desde a abertura nesta segunda-feira, após Pequim não
anunciar nenhum grande estímulo no fim de semana para sustentar as ações, como era
amplamente esperado após a queda de 11 por cento da semana passada.
O sell off
se estendeu pela Europa, que vê as principais bolsas do continente caírem cerca
de 3%. Por outro lado, a Alemanha vê consequências limitadas da
desaceleração econômica da China para sua economia, a maior da Europa, disse
uma porta-voz do Ministério da Economia nesta segunda-feira.
"Estamos
monitorando os desdobramentos na China com muita atenção. As consequências
imediatas para a economia da Alemanha, no entanto, devem ser limitadas",
disse a porta-voz.
No cenário
do continente, líderes da oposição grega fizeram progresso zero neste domingo
nos esforços para tentar formar uma nova coalizão, apesar dos apelos internos e
externos por eleições rápidas para que o país possa lidar com crises econômica
e humanitária simultâneas.
O sell off
se estende no mercado de commodities: o minério de ferro negociado no porto de
Qingdao tem baixa de 5,02%, a US$ 53,08, enquanto o brent é negociado com queda
de 3,78%, a US$ 43,74.
22 ações
do Ibovespa caem mais de 6%: Petrobras, Vale e siderúrgicas afundam:
A sessão
desta segunda-feira (24) é marcada pela queda de todas as 66 ações do índice,
sendo que a menor queda é da Souza Cruz (CRUZ3) que recua 0,45%, lembrando que a companhia se
prepara para deixar a Bolsa. Enquanto isso, 65 das 66 ações do benchmark da
Bolsa registram perdas de mais de 4%. Para conferir o desempenho de todos os
papéis do Ibovespa confira aferramenta altas e baixas do InfoMoney.
10h55:
Bancos:
Em mais um dia de
"sell-off" global, os papéis dos bancos afundam e ajudam a pressionar
ainda mais o benchmark. O Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 25,07, -5,04%), Bradesco (BBDC3, R$ 23,26, -5,45%; BBDC4, R$ 22,05, -5,28%),
Banco do Brasil (BBAS3,
R$ 17,36, -5,85%) e Santander (SANB11, R$ 13,08, -7,50%) caem todos mais de 5%.
A mineradora Vale e as siderúrgicas afundam nesta segunda-feira seguindo
o desempenho do mercado chinês e do minério de ferro. Enquanto isso, CSN (CSNA3, R$ 2,75, -9,84),
Gerdau (GGBR4, R$
4,73, -8,16%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,58, -13,13%) e Usiminas (USIM5, R$ 2,79, -9,12%)
despencam.
As fortes
desvalorizações do yuan trouxeram indefinição ao cenário global e fizeram com
que a bolsa de Xangai despencasse 8,46%. Ao mesmo tempo, as cotações de
commodities recuam às mínimas em 16 anos. O minério de ferro spot com 62%
de pureza no porto de Qingdao afunda 5,03% a US$ 53,28 a tonelada.
Como era de se esperar com o "dia negro" no mercado asiático, as
ações da Petrobras afundam logo no início da sessão desta segunda-feira,
com o petróleo Brent recuando 4,11% a US$ 43,59. No noticiário da
estatal, a companhia desativou a unidade de craqueamento catalítico fluido
(FCCU, na sigla em inglês) com capacidade de produção de 56 mil barris por dia
de gasolina na refinaria de Pasadena, Texas, Estados Unidos, com capacidade
para 100 mil barris por dia, após um incêndio durante a noite de domingo, afirmaram
fontes familiarizadas com as operações da fábrica.
Ainda no
radar da empresa, os ministros de Minas e Energia, Eduardo Braga, e da Fazenda,
Joaquim Levy, instituíram grupo de trabalho com o objetivo de avaliar os
impactos sobre a concorrência, a regulação e as políticas públicas do processo
de desinvestimento da Petrobras "em atividades com características de
monopólio natural".
Além disso,
o fundo de investimentos alemão HSBC Inka, controlado pelo HSBC, retirou as
acusações feitas contra Petrobras em um processo em Nova York, segundo
informações do Valor. A ação havia sido arquivada na quarta-feira,
acusando a companhia de inflar valores de ações e títulos de dívida vencidos
entre 19 de agosto de 2012 e 13 de maio deste ano. Em seguida, a Inka ajuizou
uma nova ação judicial contra a estatal em Nova York, mas sem citar o HSBC como
seu controlador. Com a mudança, a companhia segue ré de 13 ações individuais,
além da ação coletiva - a "class action" - que corre paralelamente
nos Estados Unidos.
10h36:
Suzano (SUZB5, R$ 15,78, -6,41%)
A companhia segue o desempenho dos mercados globais, e não consegue evitar a
queda nem com a disparada do dólar, que chegou a R$ 3,57 na máxima do dia. No
noticiário, em resposta à taxação antidumping aplicada pelo Departamento de
Comércio dos Estados Unidos, a Suzano informou, no sábado, que não planeja
alterar a sua estratégia de exportação para os Estados Unidos, enquanto não for
proferida uma decisão final na investigação, prevista para o primeiro trimestre
de 2016.
Segundo a
companhia, o caso sob investigação não se refere a preços abaixo do custo de
produção, mas sim à avaliação dos valores praticados no mercado norte americano
comparados à atuação da empresa no mercado doméstico. Esta comparação, segundo
a Suzano, sofre forte influência cambial dependendo do período de investigação.
Anteontem, a
empresa informou que o Departamento de Comércio dos Estados Unidos proferiu na
quarta-feira decisão preliminar, em processo de investigação de dumping nas
importações de certos tipos de papel não revestido provenientes da Austrália,
Brasil, China, Indonésia e Portugal. O papel não revestido é usado em envelopes
e páginas de livro, por exemplo.
10h35:
Klabin (KLBN11, R$ 18,75,
-6,25%).
A Aneel autorizou o adiamento do cronograma de implantação da Usina
Termoelétrica Klabin Celulose, em Ortigueira (PR), segundo resolução
publicada no Diário Oficial. A Klabin pediu postergação do cronograma de
implantação citando dificuldades relacionadas à definição da
composição acionária, estruturação financeira, revisão do
escopo técnico da fábrica de celulose e complexidades nos
estudos para conexão dessa usina, segundo documento da Aneel. A UTE
tem potência instalada total de 330.000 kW.
10h34:
Telefônica (VIVT4, R$ 37,62, -5,10%)
A Telefônica Vivo não está mais disposta a participar da consolidação do número
de operadoras de telefonia no país, segundo o Valor Econômico. Segundo o
joranl, a companhia quer tocar sua vida, do alto de seus R$ 70 bilhões de valor
de mercado, e mira a Sky para ganhar força no que é menor em sua carteira de
serviços: TV por assinatura. Em outras palavras, comprar a TIM no modelo
tripartite - dividindo com Oi e Claro - não está em seus planos, no cenário
atual. A compra da Sky seria uma operação do porte da GVT, entre R$ 20 bilhões
e R$ 25 bilhões.
10h34:
Brasil Pharma (BPHA3, R$ 0,63, -5,97%)
A Brasil Pharma teve seu rating de longo prazo rebaixado pela Fitch Ratings
para ‘B+(bra)’ , de ‘BB(bra)’. A agência colocou o rating em observação
negativa. Em comunicado, explicou o motivo do rebaixamento: "reflete a
contínua incapacidade de a companhia retornar a uma geração de caixa
operacional materialmente positiva e as maiores incertezas em relação à
equalização de sua estrutura de capital em bases sustentáveis".
Dólar
sobe quase 2% ante real por preocupação com China e política local
Reuters - O dólar avançava cerca de 2 por cento em relação ao real nesta
segunda-feira, ultrapassando 3,55 reais e acompanhando a intensa aversão ao
risco nos mercados globais após as bolsas da China derreterem diante dos sinais
de desaceleração da segunda maior economia do mundo e por preocupações com a
crise política que atravessa o Brasil.
Às 9:47, o
dólar avançava 1,55 por cento, a 3,5501 reais na venda. Na máxima da sessão, já
chegou a 3,5700 reais, com alta de 2,12 por cento, próximo dos 3,5709 reais
atingidos no último dia 6, maior pico intradia desde 5 de março de 2003 (3,5800
reais).
A divisa dos
Estados Unidos também fortalecia contra as principais moedas emergentes, como
os pesos chileno e mexicano.
"Os
agentes internacionais esperavam que o banco central chinês anunciasse novas
medidas no final de semana para dar suporte ao sistema financeiro. Como nada
foi feito, as principais bolsas chinesas fecharam novamente com fortes quedas
hoje, arrastando as demais praças para um pregão de perdas", escreveu o
operador da corretora SLW, em nota a clientes, João Paulo de Gracia Correa.
As bolsas de
Xangai e Shenzhen desabaram mais de 8 por cento nesta sessão, reforçando o
quadro de preocupações com a China, que vem afetando o apetite por ativos de
risco, como aqueles denominados em reais, nos mercados globais.
No Brasil,
preocupações políticas também atingiam o ânimo dos agentes financeiros, após o
vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, determinar
que as contas de campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff e o PT sejam
investigados por suposta prática de crimes, argumentando que há "vários
indicativos" de que ambos foram financiados por propina desviada da
Petrobras.
Os mercados
financeiros têm sido profundamente afetados pelas incertezas em torno da
permanência de Dilma no cargo até o fim de seu mandato. "Está cada vez
mais difícil imaginar a luz no fim do túnel", disse o operador da
corretora Intercam Glauber Romano.
Mais tarde,
o Banco Central dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em
setembro, com oferta de até 11 mil contratos, equivalentes à venda futura de
dólares.
(Por Bruno
Federowski)
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