PT SE DIVIDE NO RIO ENTRE RECONCILIAÇÃO COM PMDB E APOIO A FREIXO
Parte do
partido, capitaneada pelos deputados estaduais reeleitos Carlos Minc e Zaqueu
Teixeira, defende uma reaproximação com o governador reeleito Fernando Pezão
(PMDB); já as tendências mais à esquerda avaliam que partido deve ampliar a
aliança à esquerda com a costura do apoio ao deputado estadual Marcelo Freixo,
do Psol, candidato natural à disputa pela prefeitura daqui a dois anos
Fonte: Jornal 247
De: Maurício
Thuswohl, da RBA
Rio de
Janeiro – A relação entre o PT e o PMDB nunca mais será a mesma no Rio de
Janeiro depois das eleições de 2014. No que depender da vontade de gente
importante de ambos os partidos, dificilmente serão fechadas as feridas
resultantes do rompimento dos petistas com o governo de Sérgio Cabral e Luiz
Fernando Pezão, com o lançamento da candidatura própria do PT ao governo
estadual, e do apoio de parte do PMDB fluminense a Aécio Neves. As
consequências desse distanciamento podem ter reflexos imediatos na aliança
nacional e, certamente, desaguarão na disputa pela sucessão do prefeito do Rio,
o peemedebista Eduardo Paes, em 2016.
Do lado
petista, parte do partido, capitaneada pelos deputados estaduais reeleitos
Carlos Minc e Zaqueu Teixeira, ambos ex-secretários do governo Cabral, e pelo
prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, defende uma reaproximação com Pezão, embora
o próprio governador considere essa reunião “pouco provável” nos próximos
meses: “Foi o PT que quis romper e sair do governo. Lançou candidato próprio e
metade do partido apoiou meu adversário no segundo turno. Tenho muito boa
relação com a presidenta Dilma e com vários petistas, mas o natural nesse
primeiro momento é compor com quem me apoiou”, diz.
O recado de
Pezão tem como endereço o presidente regional do PT, Washington Quaquá, e o
candidato derrotado do partido ao Palácio Guanabara, senador Lindberg Farias.
Ambos articularam o apoio a Marcelo Crivella (PRB) no segundo turno contra
Pezão. E, nas palavras do governador reeleito, “dinamitaram algumas pontes” da
aliança regional com o PMDB.
Para azedar
ainda mais a relação, as tendências mais à esquerda do PT avaliam que, apesar
da ter conquistado somente 10% dos votos, a candidatura de Lindberg foi
vitoriosa por aglutinar, pela primeira vez, no estado, um campo de esquerda com
PCdoB, PV e PSB.
O objetivo
manifestado agora por esse setor do PT é ampliar ainda mais a aliança à
esquerda e isso poderá ocorrer com a costura do apoio dessas legendas ao
deputado estadual Marcelo Freixo, do Psol, candidato natural à disputa pela
prefeitura daqui a dois anos: “A candidatura própria do PT finalmente tirou
nosso partido da órbita do PMDB. Agora, queremos reconstruir o campo de
esquerda e o apoio a Freixo é uma ideia que empolga a militância petista”,
comenta Quaquá.
Essa
aproximação já teve resultados práticos nestas eleições. Embora o Psol,
oficialmente, tenha “liberado” o voto da militância no segundo turno das
eleições, importantes lideranças, como os deputados federais Jean Wyllys e
Chico Alencar, além do próprio Freixo, manifestaram apoio à Dilma na disputa
contra Aécio: "O grande gesto político do Freixo em apoiar a Dilma abriu
as portas para o apoio do PT a sua candidatura em 2016. Além disso, o Psol será
muito bem-vindo a esse campo de esquerda que formamos", completa Quaquá.
A volta
de Picciani
Se as
desavenças nas eleições de 2014 deixaram o PT dividido sobre o futuro da
relação política com o antigo aliado no Rio de Janeiro, o mesmo ocorre com o
PMDB. Magoado com Dilma e o PT desde que a candidatura ao Senado em 2010
naufragou diante de Lindberg e Crivella, ambos apoiados pela presidenta e
também pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jorge Picciani, presidente
regional do PMDB e principal artífice do apoio a Aécio, voltará a Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj), casa que presidiu por oito anos, com sede de
vingança. Com discurso antipetista, Picciani, que tem o apoio interno de Sérgio
Cabral, já articula nos bastidores a recondução ao posto no início da próxima
legislatura: "A maioria do partido está comigo", diz.
No entanto,
o desejo de boa relação com o governo federal faz com que outra parte do PMDB
fluminense repudie a posição de Picciani, acentuando a divisão na direção do
partido. O atual presidente da assembleia, deputado Paulo Melo, que, ao lado de
Pezão e de Paes, fez campanha para Dilma no segundo turno, já afirmou que não
pretende ceder espaço: “Tanto um (Cabral) quanto outro (Picciani) ficaram oito
anos na presidência da Alerj, e eu só estou há quatro anos. Querer que eu saia
agora é me dar um voto de desconfiança com o qual o partido não irá concordar”,
destaca.
Além da
relação imediata com o Palácio do Planalto, a preocupação do grupo pró-Dilma no
PMDB fluminense se volta também às próximas eleições municipais no Rio. O
objetivo é atrair o PT para conter a articulação em torno de Freixo, que tem
votação cada vez maior na capital e pode se tornar uma séria ameaça ao objetivo
de Paes, que é aproveitar a realização das Olimpíadas para eleger o sucessor e
se cacifar à disputa do governo estadual em 2018. O candidato apoiado pelo prefeito
é o deputado federal reeleito Pedro Paulo, seu homem de confiança e
ex-secretário da Casa Civil na prefeitura.
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