EM MEIO À INDEFINIÇÃO SOBRE CESSAR-FOGO, GAZA É BOMBARDEADA NOVAMENTE

Israel / AFP
Com novo bombardeio a Gaza, possível trégua deve ser adiada

Em meio à indefinição sobre um cessar-fogo que segundo o Hamas seria anunciado oficialmente ainda na noite desta terça-feira, a faixa de Gaza foi bombardeada novamente por forças de Israel.
Para especialistas, a nova ofensiva adia uma possível trégua no conflito.
Pelo menos 20 palestinos foram mortos nesta terça-feira. Dois israelenses - um soldado e um civil - também morreram, vítimas de ataques de foguetes lançados da faixa de Gaza.
Mais cedo, autoridades egípcias e palestinas afirmaram que o cessar-fogo seria anunciado ao fim de conversas realizadas na capital do Egito, Cairo.
No entanto, o porta-voz do governo israelense, Mark Regev, disse à BBC que o acordo ainda não havia sido finalizado.
"Não tenho dúvida de que o Hamas queira uma trégua temporária para que possa descansar e rearmar-se de forma a atacar Israel novamente na semana que vem ou no próximo mês. Não estamos interessados nessa proposta", afirmou.
Ainda na noite desta terça-feira, um funcionário do alto escalão do Hamas, Izzat Risheq, avaliou que a trégua não seria firmada até a manhã desta quarta-feira.
Já os militares israelenses alegaram que a nova ofensiva tinha por objetivo matar "dois alvos terroristas" na região central da Faixa de Gaza.
Poucas horas antes, Israel havia exortado moradores de vilarejos ao redor da Faixa de Gaza para se deslocarem a zonas centrais para sua "própria segurança".
Entre os palestinos mortos nesta terça-feira, estão dois jornalistas de uma TV ligada ao Hamas.
Há poucos minutos, a correspondente da BBC Lyse Doucet tuitou de Gaza que "ouviu fortes explosões" e que estava "sem luz".
A queda de energia foi confirmada pelo repórter da BBC Rushdi Abualouf. Segundo ele, grande parte do território estava "às escuras".

Estados Unidos

Na noite desta terça-feira, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, chegou a Israel, em um esforço para alcançar um armistício.
Ela afirmou que trabalharia com Israel e o Egito para costurar uma trégua em Gaza "nos próximos dias".
Clinton acrescentou que é essencial "amenizar a situação" na região e aceitar os esforços egípcios.
Após uma reunião a portas fechadas com o premiê israelense Binyamin Netanyahu, a secretária de Estado americana deve viajar a Ramallah na Cisjordânia e no Cairo nesta quarta-feira.
As Forças Armadas de Israel disseram que cerca de 150 foguetes foram lançados de Gaza em direção a Israel nesta terça-feira, e muitos foram interceptados pelo sistema de defesa antimísseis, o Iron Dome.

Clinton e Netanyahu / AP
Em visita a Israel, Hillary Clinton reiterou apoio ao país

Os militares também relataram a morte de um de seus soldados na área de Eshkol por um foguete - a primeira deste tipo desde a retomada do conflito.
Um civil israelense que trabalhava para o ministério da Defesa foi morto por outro míssil no deserto de Negev.
Paralelamente, os integrantes do Hamas executaram seis pessoas na tarde desta terça-feira, acusadas de serem informantes de Israel.
Uma testemunha disse à agência de notícias AFP que "homens armados pararam um micro-ônibus, tiraram de lá seis homens e os fuzilaram sem deixar o veículo em que estavam."

Risco regional

O novo capítulo do longevo conflito entre Israel e os territórios autônomos da Palestina teve início na semana passada, após a morte do comandante militar do Hamas, Ahmed Jabari.
Israel, que confirmou a autoria do assassinato, alegou que a morte do líder e sua subsequente ofensiva tinham por objetivo interromper o lançamento de foguetes por parte de Gaza.
O ministro de Saúde de Gaza disse que pelo menos 130 palestinos, muitos deles civis, morreram desde a última quarta-feira. Três civis israelenses morreram na última quinta-feira em Kiryat Malachi, no sul de Israel.
O conteúdo do plano de cessar-fogo costurado pelo Egito ainda não é conhecido, mas tanto Israel quanto o Hamas já teriam apresentado suas condições.

Ban Ki-Moon / Getty
No Egito, secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pediu fim do conflito


As demandas israelenses incluem o fim de todo e qualquer ataque hostil de Gaza bem como uma convocatória internacional para impedir o rearmamento do Hamas, enquanto que o grupo palestino defende o término do bloqueio à região e das ofensivas por parte de Israel.
As tropas de Israel permanecem na fronteira entre o país e o território, elevando os temores de uma ofensiva militar por terra semelhante à de 2008/2009.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, encontrou-se nesta terça-feira com o chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, no Cairo, antes de partir rumo a Israel.
Durante uma coletiva de imprensa com Netanyahu, Ban condenou os ataques de foguetes palestinos, mas exortou Israel a mostrar agir com "máxima parcimônia".
"Uma intensificação do conflito não beneficia a ninguém", afirmou.

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