RELATOR CONDENA JEFFERSON POR LAVAGEM DE DINHEIRO
Ministro relator da Ação Penal 470 entendeu que o presidente do PTB e delator do "mensalão", Roberto Jefferson, se beneficiou do esquema do PT e cometeu o crime de lavagem de dinheiro; ontem, ele já havia sido condenado por corrupção passiva; outros condenados por Barbosa foram José Borba, do PMDB, e Romeu Queiroz, do PTB, também pelos dois crimes; Emerson Palmieri foi absolvido por lavagem, mas condenado por currupção passiva; assista ao vivo
Relator da Ação Penal 470, o ministro Joaquim Barbosa concluiu na sessão desta quinta-feira 20 seu voto sobre o crime de lavagem de dinheiro que envolve a cúpula do PTB. Barbosa condenou os réus Romeu Queiroz e Roberto Jefferson, delator do "mensalão", e absolveu Emerson Palmieri, quem, segundo ele, não teve participação na lavagem de dinheiro recebido pelo ex-presidente do PTB, José Carlos Martinez, já falecido. Ontem, os três foram acusados por Barbosa pelo crime de corrupção passiva. O voto do ministro relator sobre o capítulo 6 segue, até aqui, o que pede a acusação da Procuradoria Geral da República apresentada ao Supremo Tribunal Federal.
Em relação ao réu José Borba, então líder do PMDB na Câmara dos Deputados, o ministro concluiu que também houve os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. De acordo com a defesa do réu, as acusações só são baseadas no depoimento de Marcos Valério, apontado como o operador do esquema. Mas o ministro afirmou que não pode acolher a alegação da defesa de que só há crime se há recibo. "Todos os depoimentos são concordantes", diz Barbosa, em referência também a Simone Vasconcelos e outras testemunhas.
O julgamento está sendo transmitido ao vivo pela TV Justiça.
Antes de se ater às acusações contra políticos do PTB, o ministro confirmou as condenações por formação de quadrilha do deputado federal Waldemar Costa Neto (PR-SP) e do ex-tesoureiro do PL, Jacinto Lamas, ambos também já condenados pelo ministro por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Bispo Rodrigues, deputado do PL e líder da bancada evangélica da Câmara na época dos fatos descritos pela denúncia, não responde por esta imputação, embora também tenha sido condenado por Barbosa por corrupção passiva e lavagem. O relator votou, nesta quarta, pela absolvição de Antônio Lamas, irmão de Jacinto e ex-assessor parlamentar do PL, acusado também de formação de quadrilha. Lamas já havia sido absolvido por lavagem de dinheiro.
Leia abaixo noticiário anterior do 247:
Valeu a pena, Bob?
Em 2005, quando era alvo de várias denúncias na imprensa, Roberto Jefferson decidiu delatar o mensalão. Ele imaginava que poderia se safar, mas seu destino parece ser o mesmo daqueles a quem atacou: a cadeia. A partir das 14h, Joaquim Barbosa retoma a acusação contra o presidente do PTB e a decisão já parece estar tomada
247 – Em 2005, Roberto Jefferson sentiu o cheiro de queimado. Uma capa de Veja, uma de Época, denúncias nos jornais... enfim, ele havia virado a “bola da vez”. Imaginou que as denúncias contra si tinham origem no Palácio do Planalto e decidiu atacar quem julgava ser seu algoz: o ex-ministro José Dirceu, poupando sempre o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nasceu, assim, o que hoje que se conhece como mensalão. Jefferson deu duas entrevistas à jornalista Renata Lo Prete, à época editora da Folha de S. Paulo, em maio daquele ano. Na primeira, disse que o PT pagava uma mesada de R$ 30 mil aos parlamentares da base aliada. Na outra, disse que o operador era o empresário Marcos Valério.
Do PT, Jefferson recebeu R$ 4 milhões (até hoje não se sabe o destino desses recursos), mas queria mais. Talvez por isso tenha sido alvo das primeiras denúncias em Veja, Época e nos grandes jornais. E construiu uma história que, na sua visão, poderia poupá-lo do destino que hoje bate à sua porta. Disse que todos os partidos se venderam ao esquema da “mesada”, menos o PTB, que não poderia se tornar escravo do PT. Ou seja: para o seu partido, Jefferson disse que se tratava de mero caixa dois (o que provavelmente também aconteceu com todos os outros).
Fiel ao seu estilo teatral, Jefferson provocou um furacão na República, conseguiu preservar alguma influência durante o governo Lula na área relativa aos seguros – especialmente a Susep – e, às vésperas do julgamento, posou de herói. Disse que caiu, mas “livrou o Brasil de José Dirceu”.
Pode até ser verdade, mas no que depender do relator Joaquim Barbosa, o presidente do PTB também terá livrado o Brasil de Roberto Jefferson
BRASIL 247
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