“QUE CAPITALISMO É ESSE, PORRA?”
Este não é o título da entrevista do novo presidente da Gol, Paulo Kakinoff, à Folha, mas sim a reação do ator Paulo Cesar Pereio às declarações que Kakinoff, novo “piloto” da companhia, concedeu na entrevista. Nela, Kakinoff defendeu o duopólio entre Gol e TAM, e condenou a competição no setor aéreo
Muitos empresários adorariam ser monopolistas. Por isso mesmo, cabe aos órgãos reguladores impor a competição ao mercado, em benefício do consumidor. Nesta quinta-feira, o executivo Paulo Kakinoff, novo presidente da Gol (prejuízo de R$ 715 milhões), concedeu uma entrevista, à Folha. Nela, afirmou que “três é demais no mercado de linhas aéreas brasileiras”. Resposta imediata do ator Paulo Cesar Pereio, candidato a vereador em São Paulo, no Twitter: “Que capitalismo é esse, porra?” Leia alguns trechos das respostas de Kakinoff:
Reduzir o duopólio e estimular a competição pode ajudar a melhorar o serviço?
Que duopólio é esse em que a terceira empresa já tem quase 15% do mercado?
Há dois modelos para esse setor em todo o mundo: uma ou duas companhias que se mantêm saudáveis e equilibradas, com oferta competitiva de tarifas. Ou um mercado com três, quatro empresas onde duas estão com resultados fracos e as demais em situação periclitante.
É um setor de baixas margens, de alta volatilidade, sujeito a fatores exógenos.
Mas há uma pressão para que mais empresas operem em Congonhas.
As pessoas voam no Brasil com o que há de mais avançado em termos de tecnologia e com tarifas que só diminuíram nos últimos cinco anos.
Temos uma das operações mais eficientes do mundo e ainda assim tivemos resultados extremamente negativos.
Que benefício a concorrência trará para o consumidor?
Passagens mais baratas.
Temos que viabilizar o setor para manter as tarifas baixas. Temos um modelo de preços em que as tarifas mais altas são as mais próximas da data do embarque. E normalmente são esses os exemplos usados. Mas eles são a exceção. Quem compra com 60 ou 30 dias de antecedência, paga menos do que de ônibus.
A ponte aérea RJ-SP não é a rota mais lucrativa?
É a maior receita em volume de passageiro, não necessariamente a mais rentável.
Está dando prejuízo?
Hoje nada dá resultado. A eventual abertura de Congonhas diminuirá ainda mais a viabilidade econômica das empresas que continuam investindo para oferecer nível mundial de segurança e tecnologia. Reduzimos nossos voos, mas não paramos nossa frequência de renovação de frota. Isso custa. Bastante. Não há espaço para a discussão de mais concorrência.
Três é demais?
Para mais do que três, não há espaço. Três já é demais.
Alguém vai ser comprado? A Gol vai comprar a Azul?
De forma alguma. Com o atual cenário, três é demais. Está todo mundo perdendo dinheiro. Três pode ser bom? Pode. Como? Expandindo o mercado, investindo em tecnologia para menor espaçamento entre pousos e decolagens. Com eficiência podemos ser competitivos.
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