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Prefeito denuncia que bando até cobrava pedágio Artur Messias relata que candidatos, para fazer campanha na Chatuba, tinham que pagar de R$ 3 mil a R$ 5 mil a traficantes



Rio -  O bando de traficantes do Chapadão, chefiado por Remilton Moura da Silva Junior, o Juninho Cagão, estava impondo a cobraça de R$ 3 mil a R$ 5 mil de pedágio para permitir que candidatos a prefeito e vereador fizessem campanha na Chatuba, revelou o prefeito de Mesquita, Artur Messias.

Segundo ele, nenhum candidato, mesmo que fosse morador da Chatuba, estava isento da taxa. Messias contou que equipes da prefeitura foram proibidas de executar serviços públicos essenciais, como a coleta do lixo domiciliar e troca de lâmpadas.

O prefeito informou que os traficantes diziam que não queriam aquele tipo de serviço na região. “Ou seja, a vontade deles se sobrepunha à vontade dos moradores”, lamentou Artur Messias, lembrando que nos últimos meses bandidos exibiam armadas pesadas na Chatuba.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Preocupado com a violência, o prefeito de Duque de caxias, José Camilo Zito dos Santos, é outro que pede mais ação das forças de segurança. “Esperamos que Deus nos abençõe e que não aconteça nenhuma tragédia na nossa região”, afirmou.

Para ele, se não há condições de criar Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em todas as cidades em situação de risco, é preciso que se faça um plano de prevenção.

Delegado licenciado e ex-Chefe da Polícia Civil, o deputado estadual Zaqueu Teixeira assegurou que várias regiões da Baixada estão vulneráveis. Ele citou o Complexo da Mangueirinha e as favelas do Lixão, Vila Ideal, Beira-Mar, Parque das Missões e Santa Lúcia, em Caxias.

E disse que há presença de grupos controlando territórios no Gogó da Ema, em Belford Roxo, na Bacia do Edem, que engloba Vila Norma e Vila Rosali, em São João de Meriti, e no corredor da Estrada de Madureira, Prados Verdes e Km 32, em Nova Iguaçu. “O desafio da Secretaria de Segurança é identificar a migração de bandidos e o controle armado de território e fazer a intervenção policial”.

Beltrame alega que quis evitar uso político do tema

A assessoria do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, admitiu que ele recebeu convite para a audiência pública na Baixada Fluminense, com alguns políticos estaduais. Segundo a assessoria, ele não compareceu por considerar que, num debate em público, a discussão sobre o tema da segurança pública corria o risco de ser travada sob um viés eleitoral, especialmente em um ano de eleições municipais.

Na ocasião, segundo a nota enviada a O DIA, o secretário explicou ao deputado Zaqueu Teixeira que o governador Sérgio Cabral já havia autorizado orçamento para a contratação, pelo Regime Adicional de Serviços (RAS), de 491 policiais militares por dia para o policiamento ostensivo da Baixada, 236 dos quais para o 20º BPM, de Nova Iguaçu.

A assessoria informou ainda que, após recusar o convite para o debate, o secretário convidou a Diocese de Nova Iguaçu para uma discussão direta sobre o problema. “Uma comissão da Diocese esteve então na Secretaria de Segurança e entregou ao secretário um documento com sua visão sobre os problemas de segurança na região”, diz a nota.

Clima na cidade é de medo

Na avaliação do aposentado Luiz Pereira de Souza, 73 anos, a culpa pela tragédia na Chatuba é do governo do estado e da prefeitura. Segundo ele, todo mundo sabia que os traficante do Rio estavam se refugiando na Baixada, mas ninguém tomou providência. “Deixaram correr frouxo e deu no que deu”, disse.

Ele acusa o prefeito Artur Messias de deixar a região se favelizar, criando condições para que o crime organizado se instalasse. “Todos, portanto, são cúmplices dessa desgraça e desordem que chegou a nossa cidade”, acusa.

Para o pedreiro Severino Antônio dos Santos, 67, a situação na Baixada é de medo, pânico e terror, com os bandidos do Rio invadindo a região. “Moro há 40 anos em Mesquita e nunca tinha visto uma coisa dessas”, diz Santos.

Ele contou que, ao saber da chacina pela TV, pensou logo no filho caçula, que tem 16 anos. “É uma situação muito delicada para todos nós”, observa.
O DIA

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