Teletrabalho - Vamos todos trabalhar em casa?


Teletrabalho - Vamos todos trabalhar em casa? 

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IR À EMPRESA SÓ UMA OU DUAS VEZES NA SEMANA, ACORDAR MAIS TARDE E DAR DURO NAS HORAS EM QUE SE SENTIR MAIS BEM DISPOSTO, TER MAIS TEMPO PARA IR À ACADEMIA OU FAZER CURSOS DE IDIOMAS. ESSA PASSOU A SER A ROTINA DE MILHÕES DE ADEPTOS DO TELETRABALHO

Fonte: 247 - Por Luis Pellegrini
No mundo, de cada cinco pessoas, uma teletrabalha. Isso acontece sobretudo no Médio Oriente, na América Latina e na Ásia. Teletrabalham 57% dos trabalhadores na Índia, 34% na Indonésia e 30% no México. O fenômeno – como revela o infográfico abaixo – não para de crescer: mais da metade dos trabalhadores da Rússia, da África do Sul e da Argentina declaram-se dispostos a passar para o regime de teletrabalho, se lhes for dada a possibilidade.
Nos Estados Unidos, onde nasceu o teletrabalho, estima-se que os teletrabalhadores passarão dos atuais 23% a 43% até 2016. Isso acarretará numerosas vantagens: permitirá, por exemplo, reduzir a emissão de gases de escapamento de 9 milhões de automóveis ao ano, e economizará 280 milhões de barris de petróleo. Algumas estatísticas provam que teletrabalhar não diminui a produtividade. Ao contrário, a aumenta. De cada cinco teletrabalhadores, quatro se declaram bem menos estressados desde que passaram à nova modalidade.
Ir à empresa só duas vezes na semana, acordar mais tarde e ter mais tempo para ir à academia ou fazer cursos de idiomas. Esta passou a ser a rotina de quem já é teletrabalhador. No Brasil, o trabalho a distância no Citibank, no Rio de Janeiro, conhecido internamente como AWS (Alternative Work Strategies), começou como um piloto em setembro de 2008 envolvendo 16 pessoas. Atualmente, são mais de 300 pessoas atuando três dias de casa e dois na empresa. O raciocínio que levou essa empresa a tomar a decisão é simples: uma pesquisa revelou que boa parte dos funcionários pegavam um ônibus e o metrô, gastando, em média, uma hora para chegar ao escritório. Um tempo até curto se comparado com o que outros colegas que moram em lugares mais distantes levam: pelo menos duas horas no trânsito. Agora, eles têm que enfrentar esse trajeto apenas uma ou duas vezes na semana ou quando há alguma situação que exija sua presença na empresa.
As vantagens do trabalho remoto são muitas, como acompanhar a rotina da casa e a educação dos filhos, algo que seria muito mais difícil se tivesse que estar diariamente no escritório.

“Quando estou em casa, sinto que o meu trabalho rende mais. Talvez porque não haja o estresse do trânsito, minha mente fica mais calma, tranquila para produzir. Acredito que outro fator positivo é que em casa há mais concentração. No escritório, os inúmeros telefonemas, as conversas paralelas, colegas falando alto ao telefone, tudo acaba tirando a minha atenção da atividade”, diz o bancário Albérico Costa, de 48 anos, que trabalha no setor de Enterprise Risk Management, do Citibank, em entrevista a O Globo de 7 de julho 2012. 
Como esses funcionários do Citibank, cerca de 20 milhões de teletrabalhadores no país (segundo dados do Censo de 2010, divulgados no final de junho), passaram a ter, desde dezembro do ano passado, os mesmos direitos trabalhistas que qualquer outro funcionário que trabalha dentro da empresa. Com a promulgação da Lei 12.551/2011, que modifica o artigo 6º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e regulamenta o trabalho à distância no Brasil, a expectativa é que este número aumente, já que o interesse das empresas por este tipo de relação trabalhista deve crescer.
O fenômeno é mundial. Curiosamente, é na Europa – que atualmente vive uma grande crise econômico-financeira – que ele é menos relevante, se comparado ao resto do mundo. Na Itália, segundo a organização Manageritalia, apenas 3,9% dos ocupados teletrabalha, cerca de 800 mil pessoas. Mas a média europeia é, de qualquer modo, bem mais alta: 8,4%.  A Dinamarca ocupa o primeiro lugar, com cerca de 16% de teletrabalhadores, seguida por toda a Escandinávia com taxas ao redor de 14%. No Reino Unido, 9,6% são teletrabalhadores. Na Alemanha, 8,5%; na Espanha, 8,4%; na França, 7%.
Analistas opinam que os principais fatores para o relativo atraso de alguns países europeus em relação ao teletrabalho são dois: o sistema econômico baseado sobretudo nas pequenas e médias empresas; o atraso tecnológico, como, por exemplo, a ainda escassa difusão da banda larga.
O que é, afinal, o teletrabalho?
Conhecido nos países de língua inglesa como “telework” ou “telecommute”, o teletrabalho pode ser entendido como um modo de trabalhar independente da localização geográfica do escritório ou da empresa, facilitado pelo uso de equipamentos de informática e telemática e caracterizado por uma flexibilidade tanto na organização quanto nas modalidades de execução. Trata-se de um conceito fortemente ligado à evolução das tecnologias informáticas e, portanto, sujeito a contínuas transformações. Embora existam os que afirmam ser possível teletrabalhar sem o emprego de tecnologias refinadas, utilizando-se simplesmente um telefone ou um fax, a realidade é muito diferente. Para se recriar um ambiente típico de escritório em algum outro lugar, as modernas tecnologias são muito mais do que um simplesoptional. O teletrabalho é uma técnica para o deslocamento dos escritórios: ela permite liberar o trabalho dos vínculos espaciais e temporais. Como consequência, as pessoas podem escolher onde e como trabalhar. Teletrabalho não é uma profissão, nem um ofício: quem teletrabalha permanece sempre um tradutor, um programador ou qualquer outro tipo de profissional; no entanto, para desempenhar suas funções, não precisará mais permanecer no escritório durante as clássicas oito horas diárias. O seu local de trabalho será situado em qualquer lugar onde exista uma conexão à rede empresarial ou a possibilidade de enviar arquivos e mensagens.
Quanto à disciplina do teletrabalho, seu princípio fundamental é o do voluntariado: o teletrabalho é uma modalidade de prestação profissional que só pode ser adotada mediante um acordo prévio, individual ou coletivo, entre as partes.
Como regra geral internacionalmente adotada, o acordo responsabiliza o doador de trabalho (empregador) pelos custos de fornecimento, instalação, manutenção e reparação dos equipamentos de informática, bem como as demais ferramentas imprescindíveis ao fornecimento dos suportes técnicos necessários ao cumprimento das tarefas.
Prevê-se também que o doador de trabalho terá de adotar todas as medidas oportunas para prevenir o isolamento do trabalhador e proteger sua saúde e privacidade.
O trabalhador fica obrigado a cuidar os instrumentos de trabalho e a informar imediatamente a empresa no caso de defeitos ou mau funcionamento das ferramentas. É expressamente proibido colher ou difundir material ilegal via Internet.
O prestador de serviço fica livre para gerir de modo autônomo o seu tempo de trabalho, ficando claro que a quantidade de trabalho que lhe será atribuída será equivalente à quantidade atribuída aos prestadores de serviço presentes nos locais da empresa.
Fica claro também que os teletrabalhadores têm os mesmos direitos dos trabalhadores “tradicionais”, tanto no que diz respeito às atividades sindicais quanto ao acesso à formação.

Tipos de teletrabalho
Sempre como regra geral internacional, distinguem-se seis tipos de teletrabalho. As distinções são baseadas em função do lugar onde acontece a prestação profissional.
  1. Teletrabalho domiciliar (também chamado Home based Telework): o prestador opera a partir do seu domicílio, comunicando-se com a empresa por meio de computador, fax ou outros instrumentos. O computador pode estar conectado de modo estável à rede empresarial, ou pode se conectar a ela apenas para a recepção e remessa de trabalho.
  2. Teletrabalho a partir de um “centro satélite”: a prestação é feita em uma filial da empresa expressamente criada para isso.
  3. Teletrabalho móvel (também chamado mobile telework): a prestação é feita através de um computador portátil e de outros instrumentos móveis (celulares, tablets, etc).
Existem diversas empresas que já adotam o teletrabalho, porém, muitas delas não assumem como tal, uma vez que o conceito está difundido entre outras estratégias, como automação de forças de vendas e consultores (por exemplo). Muitas destas empresas são casos brasileiros de teletrabalho, aplicado na automação de forças de vendas, consultores externos, gestores regionais, enfim, em diversas posições dentro da organização.
No momento, as principais áreas de atuação estão nas áreas de vendas, consultoria, engenharia e prestadores de serviços, principalmente na área de tecnologia da informação, executivos de grandes empresas e, mais recentemente, televendas/tele-atendimento (call centers). 

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