PÚBLICO APROVA LANÇAMENTO DE CINE INCLUSIVO REALIZADA PELA UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA




Filmes e debates promovem reflexões sobre a inclusão de pessoas com deficiência

Arquiteto, professor de LIBRAS, surfista. Estas são algumas das ocupações de Carlos L'Astorina, o palestrante da edição de estreia do Cine Inclusão, realizado na tarde desta terça-feira (27), na Universidade Veiga de Almeida (UVA), em Cabo Frio. A apresentação fugiu do convencional e emocionou. Surdo, se comunicou com a plateia por meio da Língua Brasileira de Sinais, contando com o apoio de uma tradutora. Mariana Rosa (aluna de Psicologia), Elioenai Duarte, coordenadora da área da surdez da Prefeitura de Macaé, e a professora Adriana Souza fizeram a tradução do evento. Na pesquisa de satisfação respondida pelo público, 100% dos respondentes consideraram o tema pertinente e o evento interessante.

Surdo desde que nasceu, em uma família de ouvintes, contou que o mundo o emocionava, mas vivia em outra realidade. Amava o mar, desde pequeno, e isso assombrava a mãe. Aprendeu a nadar, a surfar, conheceu o Havaí e partiu para outros continentes. “A comunicação complicava. Todos falavam, e eu? Só entendia um pouco, fazendo leitura labial”, relata, citando que havia a barreira da comunicação e para vencê-la, se esforçou muito para aprender LIBRAS. “Me percebi como capaz. Tinha um lugar no mundo”, contou, incentivando a plateia a aprender o básico para poder se comunicar com os surdos. O palestrante conta que fez faculdade numa época em que inclusão e acessibilidade não faziam parte do currículo. Se virou como pode para ir até o fim, fazendo leitura labial para acompanhar o conteúdo. Já formado, lembra que seus projetos eram bacanas, mas não tinha como apresentá-los e, muitas vezes, se sentiu excluído. Para ele, amor e respeito às pessoas “diferentes” é essencial.

A aluna do segundo período de Psicologia Rose Anne de Andrade parabenizou a iniciativa. “Essa abertura é muito importante para que as pessoas vejam e entendam do assunto”, destaca, citando que as pessoas se isolam no “mundo dos normais” e muitas vezes não têm sensibilidade com aqueles que possam necessitar de alguma ajuda. A aluna usa muletas desde a infância e no último ano passou a usar cadeira de rodas. Diz que foi bem acolhida na Universidade, porém, no contexto social, a acessibilidade ainda é uma das grandes dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam.

A mostra de filmes faz parte do projeto "Inclusão de Pessoas com Necessidades Específicas” do campus, que está implantando um núcleo de acessibilidade. A professora Adriana Souza acredita que a atividade será fundamental para difundir a proposta de inclusão plena a todos os públicos que frequentam a Universidade. “As pessoas com deficiência hoje têm garantia de acesso e estão aí. Precisamos aprender como lidar, como se relacionar, como promover o acesso ao ensino inclusivo, afinal, elas não estão na universidade apenas por socialização”, ressalta Adriana. A professora acredita que muito preconceito é fruto da desinformação, daí a necessidade de conhecer, refletir e debater o assunto. “O grande desafio é saber como lidar com o diferente, nas dimensões humana e atitudinal”, destaca.

A Universidade tem investido em acessibilidade nos últimos anos, especialmente na estrutura física, com a instalação de rampas e piso tátil, por exemplo. A biblioteca possui diversos equipamentos que possibilitam a inclusão, desde os espaços adaptados aos cadeirantes, até equipamentos para pessoas com visão reduzida, cegos e surdos. Um exemplo é a impressora em Braile.

A capacitação dos professores também faz parte da proposta. Oficinas de inclusão têm sido realizadas semestralmente, mediadas pelas professoras Adriana e Marta Dias. “Estamos trabalhando para que a temática se torne cada vez mais familiar”, informa e acrescenta: “também formamos pessoas, é necessário conhecer a diversidade humana”.

Proposta mensal
O debate foi precedido da apresentação do filme A Família Bélier (2014), do diretor Eric Lartigau, que aborda a temática surdez, em comemoração ao Dia Nacional dos Surdos (26) e Dia Mundial dos Surdos (30). Uma vez por mês, um filme com a temática inclusão será apresentado, seguido de debate, com a participação plena da plateia e pessoas com deficiência na mesa de debates compartilhando suas experiências. A próxima sessão está marcada para o dia 18 de outubro, a partir das 15h, com o filme “Meu pé esquerdo” (Jim Sheridan, 1989).

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Att,

Andréa Luiza Collet.
Assistente de Comunicação. 

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