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Mais de 33 mil consultas perdidas na paralisação


Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia 
Maria Fernandes Neves, 58 anos, foi barrada na entrada do Hospital Federal de Ipanema por conta da greve e corre risco de perder mais um rim | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia

POR BRUNO TREZENA
Rio -  Na greve de enfermeiros em hospitais federais em julho e agosto quem pagou o preço foram os pacientes. Levantamento feito mostra que, por causa da paralisação dos servidores, nesse período, deixaram de ser realizadas mais de 33 mil consultas, exames e cirurgias. Hoje, quem precisa de atendimento vai retornar às unidades médicas na esperança de remarcar seus tratamentos dentro do Sistema Público de Saúde. Não haverá mutirão para acelerar o serviço atrasado, segundo o Ministério da Saúde.

Reportagem, que ouviu funcionários, enfermeiros e médicos de cinco hospitais, além de membros do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindsprev-RJ), mostra que ao menos 33.860 atendimentos foram desperdiçados.
No Hospital de Ipanema, por exemplo, 2 mil consultas e 70% das cirurgias não foram feitas. “Passaram de 40 cirurgias por dia para cerca de 12”, revela uma das dirigentes do Sindsprev, Regina Loroza.

O agravante nos hospitais se deu por procedimentos que dependem da categoria e por ações para impedir a entrada de servidores. “Os grevistas bloquearam a entrada do ambulatório alguns dias”, disse uma atendente do Hospital da Lagoa, que não quis se identificar. “Mas muitos doentes também não vieram por falta de informação”, completa.

Perda assustadora

No Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, o prejuízo foi maior. “Cerca de 20 mil atendimentos não feitos”, informa a dirigente do Sindsprev na unidade, Christiane Gerardo. “Dois exames importantíssimos foram cancelados para minha filha de 3 anos”, desabafa Lizandra Cristina, 18 anos.

Unidades de referência também ficaram subutilizadas. O Instituto Nacional de Cardiologia não prestou 9.060 atendimentos. Já no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, inaugurado em 2011 para absorver uma grande demanda por atendimentos ortopédicos, o número de cirurgias caiu à metade. “Minha filha ficou sem realizar uma ultrassonografia do estômago. E agora?”, reclama Simone Leite, 35 anos.

Vagas na rede federal

Com mais de mil pacientes agendados por dia, os hospitais funcionaram abaixo da capacidade:

CARDOSO FONTES: Cerca de 20 mil atendimentos.
LAGOA: Menos 1.400 atendimentos. Maioria é de consultas e exames não feitos.
IPANEMA: Dois mil exames e consultas, além de diminuição em 70% das cirurgias sem complexidade.
INSTITUTO NACIONAL DE CARDIOLOGIA: Deixaram de ser realizados 9.060 consultas, exames e cirurgias.
INSTITUTO NACIONAL DE TRAUMA E ORTOPEDIA: Menos 1.400 consultas e exames, além de queda em 50% nas cirurgias e na triagem da entrada.

Governo reconhece impacto

A assessoria do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro confirmou em nota que a greve gerou impacto no Hospital Cardoso Fontes, com interrupção no atendimento de alguns ambulatórios e o adiamento de procedimentos cirúrgicos de caráter eletivo.

Ainda segundo a nota,os hospitais federais de Ipanema e Lagoa tiveram redução das cirurgias eletivas, sendo priorizados os casos de maior gravidade. A assessoria, contudo, não confirma que as duas unidades tenham interrompido os atendimentos ambulatoriais e os exames previamente agendados.

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