Jefferson ainda tenta envolver Lula no mensalão


Jefferson ainda tenta envolver Lula no mensalãoFoto: Edição/247

AO 247, ARLINDO CHINAGLIA JÁ NEGOU QUE TENHA SIDO O EMISSÁRIO DO GOVERNO LULA, EM 2005, DE UM ACORDO COM O DEPUTADO ROBERTO JEFFERSON; ENTREVISTA DO PRESIDENTE DO PTB, NO ENTANTO, VEM SENDO USADA PARA CONECTAR O EX-PRESIDENTE AO ESCÂNDALO; SEGUNDO REINALDO AZEVEDO, É “CRIME DE RESPONSABILIDADE”

Fonte: 247
 Na manhã desta quinta-feira, o deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP), líder do governo Dilma na Câmara dos Deputados, foi enfático ao negar uma entrevista concedida pelo ex-deputado Roberto Jefferson, na véspera. Nela, o  delator do mensalão disse que, em 2005, foi procurado por Chinaglia com uma proposta indecente: recuaria das denúncias e seria protegido. Segundo ele, a Polícia Federal indicaria um delegado “ferrabrás” para conduzir o caso, tudo seria arquivado e Jefferson, que tinha influência nos Correios, recuperaria os espaços do PTB no governo. O acordo, disse Jefferson, foi fechado com Valdemar Costa Neto, do PR, mas não com ele, que teria dignidade.
Ao 247, Chinaglia usou um bom argumento. “O que o deputado Roberto Jefferson queria, com suas denúncias, era criar um escândalo”, afirmou. “Se isso fosse verdade e tivesse realmente ocorrido, ele teria dito à época, e não agora”. De acordo com o deputado, que também foi líder do governo Lula, Jefferson faz “chicana jurídica”.
De todo modo, a entrevista de Roberto Jefferson vem sendo usada por setores interessados em conectar o ex-presidente Lula ao mensalão. Num artigo publicado nesta quinta-feira, o blogueiro Reinaldo Azevedo, de Veja, argumenta que a acusação, se verdadeira, configura crime de responsabilidade, pois Lula estaria usando uma instituição, a Polícia Federal, em defesa de interesses particulares. Leia:
Em entrevista ao Estadão, o ex-deputado Roberto Jefferson, que denunciou o mensalão, afirmou que o governo Lula lhe fez uma oferta à época: ele não prosseguiria com as acusações, entregaria a presidência do PTB e Walfrido dos Mares e Guia e, em troca, o Planalto escolheria a dedo um delegado — da Polícia Federal, suponho — para conduzir uma investigação de mentirinha, que acabaria por livrar a sua cara. Segundo disse, o mensageiro da oferta foi o então líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT), que exerce hoje a mesma função no governo Dilma.
A denúncia é gravíssima! Jefferson está dizendo, então, que o governo Lula queria usar nada menos do que a Polícia Federal numa farsa. Como as palavras fazem sentido, Chinaglia não pode deixar as coisas por isso mesmo. É claro que ele aparece como simples mensageiro na acusação. Mas teve o nome citado. Ou nega a afirmação de Jefferson, e aí vamos ver o que acontece, ou a endossa. A proposta configura Crime de Responsabilidade. Se Jefferson tivesse feito essa denúncia à época — na hipótese, claro, de ser verdade —, o destino de Lula teria sido um só: o impeachment. Leiam trecho da entrevista a Débora Bergamasco:
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Às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, diz que Arlindo Chinaglia (SP), então líder do governo, ofereceu uma “saída pela porta dos fundos” para que não seguisse com a denúncia que abalou o governo petista em 2005. Pela proposta, Jefferson entregaria a presidência do PTB ao então ministro Walfrido dos Mares Guia (hoje no PSB). Depois, seria escalado um “delegado ferrabrás” para tocar o processo e um relatório pelo não indiciamento do petebista. “Acharam que eu ia me acovardar. Me confundiram com o Valdemar Costa Neto. De joelho eu não vivo, eu caio de pé”, disse Jefferson ao Estado antes da Convenção Nacional do PTB, nessa quarta-feira, 18, em Brasília. Durante mais de três horas, discursos enalteceram a “coragem” do ex-deputado por denunciar o maior escândalo do governo Lula. A reunião do PTB foi feita para mostrar ao Supremo que Jefferson não é um “qualquer” e que goza de prestígio em seu partido. Ideia do advogado do réu petebista, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que sugeriu antecipar o evento, previsto para novembro, e transformá-lo em “convenção-homenagem”.
(…)
Ao denunciar o mensalão, o sr. queria preservar sua imagem?Claro. Me foi oferecida a troca: eu sairia da presidência do PTB, a daria ao Walfrido. Seria nomeado um delegado ferrabrás para o processo. E o relatório seria pela minha absolvição, pelo não indiciamento. Quer dizer, eu viveria de joelhos, sairia pela porta dos fundos. Eu falei: “Não vou, não. Entrei pela porta da frente e vou sair pela porta da frente. Ou vocês arrumam isso que vocês montaram ou vou explodir isso”. Não toparam e foi o que eu fiz. Acharam que ia me acovardar, que eu tinha jeito de Valdemar Costa Neto (presidente do extinto PL, hoje PR, e réu do mensalão), que ia renunciar para depois voltar. De joelho eu não vivo, caio de pé. Fiz o que tinha que fazer. Fui julgado errado pela turma do PT.
Quem fez essa proposta?O líder do governo (Arlindo) Chinaglia foi à minha casa e fez a proposta. Eu disse: “Não tem a menor chance de dar certo. Não vai para frente”.
Arrependeu-se?Não. Não dá para dar uma de galo mutuca e fugir. Vai olhar o neto no olho como? “Vovô foi acusado, renunciou para não ser cassado…” Isso é conversa de vagabundo, tô fora.
(…)

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