EX-PRESIDENTE LULA MANTÉM SILÊNCIO DIANTE DO PEDIDO DA POLÍCIA FEDERAL PARA OUVI-LO NA LAVA JATO
Em documento
entregue nesta quinta-feira (10) ao STF, o delegado Josélio Sousa, da
Polícia Federal, considerou que Lula pode "ter sido beneficiado pelo
esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu
partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de
apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na estatal".
A suspeita
é baseada em depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef - delatores da Lava Jato. A PF
destacou no inquérito o depoimento em que Costa afirma que "em razoão
da envergadura do esquema de corrupção montado na Petrobras, acha
muito pouco provável que tanto o ex-presidente Lula, quanto Dilma Rousseff não tivesse conhecimento do mesmo". Apesar de citada, Dilma não é alvo de
investigações.
Em outro
depoimento, o doleiro Alberto Youssef corrobora com a opinião de Costa,
afirmando que o "alto escalão do governo tinha
conhecimento" do esquema. Nenhum dos delatores, no entanto,
apresentou provas concretas a respeito da relação de Lula com os atos ilícitos.
Segundo
informações de outro delator, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco, o
esquema foi "institucionalizado na Petrobras no ano de 2003" -
portanto no início do primeiro mandato do ex-presidente Lula.
"Neste
cenário fático, faz-se necessário trazer aos autos as declarações do então mandatário maior da nação, Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de
que apresente a sua versão para os fatos investigados, que atingem o
núcleo político-partidário de seu governo", conclui o delegado
Josélio Sousa.
Por não
ocupar cargo público no momento, Lula não tem mais a prerrogativa de foro
privilegiado. Assim, a solicitação poderia ter sido feita ao juiz federal
Sergio Moro, que coordena os processos da Lava Jato na primeira instância,
e não ao Supremo, conforme fez a Polícia Federal.
Além da
autorização para ouvir Lula, a Polícia Federal pediu ainda para colher o
testemunho de representantes das construtoras envolvidas na Lava Jato, bem como
de integrantes do PP, do PMDB, do PT e de outras cinco pessoas citadas no
processo. A Polícia Federal pede 80 dias para executar essas etapas.
O pedido da
PF deve ser analisado pelo ministro Luiz Fachin, relator do processo no
Supremo. O STF ainda não se manifestou a respeito do assunto.
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