DELATOR JÚLIO CAMARGO DIZ QUE CUNHA PEDIU US$ 5 MILHÕES EM PROPINA
Consultor
Júlio Camargo, que prestava serviços às empresas Toyo Setal e Camargo Corrêa,
disse nesta quinta-feira em depoimento à Justiça Federal no âmbito da Lava Jato
que foi pressionado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a pagar
US$ 10 milhões em propinas para viabilizar dois contratos de navios-sonda
assinados pela Petrobras; segundo o delator, Cunha pediu US$ 5 milhões
pessoalmente a ele; peemedebista negou as acusações e chamou o delator de
"mentiroso"; o delator disse não ter revelado o fato antes por
temer represálias às empresas que representava ou mesmo à sua família e a si
próprio.
Fonte: Jornal 247
O consultor
Júlio Camargo, que prestava serviços às empresas Toyo Setal e Camargo Corrêa,
contou à Justiça Federal, em depoimento nesta quinta-feira 16 em Curitiba, ter
sido pressionado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a pagar
US$ 10 milhões em propinas para viabilizar dois contratos para a construção de
navios-sonda junto à Petrobras.
Segundo
Júlio Camargo, Cunha pediu pessoalmente a ele a quantia de US$ 5 milhões, em
uma reunião no Rio. De acordo com o depoimento, Cunha teria dito que
estava "no comando de 260 deputados", além de ter mostrado certa
"agressividade" durante o encontro. O delator disse ainda que não
havia revelado o fato anteriormente por temer represálias às empresas que
representava ou mesmo à sua família e a si próprio. A informação foi adiantada
nesta quinta pelo jornal O Globo.
O
peemedebista negou as acusações e chamou o delator de "mentiroso".
"Ele é mentiroso. Um número enorme de vezes dele negando qualquer relação
comigo e agora (ele) passa a dizer isso. Obviamente, ele foi pressionado a esse
tipo de depoimento. É ele que tem que provar. A mim, eu nunca tive conversa dessa
natureza, não tenho conhecimento disso. É mentira", afirmou Eduardo Cunha.
Um advogado
que presenciou o depoimento afirmou que "Cunha é o beneficiário final.
Júlio Camargo imputou ao Eduardo Cunha divisão da eventual propina ou do valor
que o Fernando Baiano ganhou, metade para cada um". Dos US$ 5 milhões
entregues a Cunha, metade teria sido obtido junto ao doleiro Alberto Youssef. O
restante teria sido obtido junto a Fernando Baiano, apontado como um dos
operadores do esquema. Segundo Júlio Camargo, Fernando Baiano seria o
"sócio oculto de Eduardo Cunha".
"Me
organizei porque o deputado Eduardo Cunha não aceitou que eu pagasse somente a
parte dele. Ele me disse: 'Olha, Júlio, não aceito que pague só a minha parte.
Pode até pagar o Fernando [com prazo] mais dilatado, mas o meu eu preciso
rapidamente. Mas faço questão de você incluir no acordo ainda aquilo que você
falta pagar ao Fernando', e aí chegou entre US$ 8 a 10 milhões", disse
Camargo.
É a primeira
vez que Júlio Camargo cita Eduardo Cunha como receptor de propina no âmbito da
Lava Jato. Ele teve a delação premiada homologada em dezembro do ano passado.
Em Brasília, há dias os comentários dão conta de que Cunha está prestes a ser
denunciado. O deputado afirmou que, se isso acontecer, ele retaliará o Planalto.
Abaixo, a
nota de Cunha sobre a acusação de Júlio Camargo:
NOTA À
IMPRENSA
Com
relação à suposta nova versão atribuída ao delator Júlio Camargo, tenho a
esclarecer o que se segue:
1- O
delator já fez vários depoimentos, onde não havia confirmado qualquer fato
referente a mim, sendo certo ao menos quatro depoimentos.
2- Após ameaças publicadas em órgãos da imprensa, atribuídas ao Procurados
Geral da República, de anular a sua delação caso não mudasse a versão sobre
mim, meus advogados protocolaram petição no STF alertando sobre isso.
3- Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las.
4- É muito estranho, às vésperas da eleição do Procurador Geral da República
e às vésperas de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator
tenham conseguido o efeito desejado pelo Procurador Geral da República, ou
seja, obrigar o delator a mentir.
Deputado
Eduardo Cunha
Presidente da Câmara dos Deputados
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