ESPORTE - REBAIXAMENTO DO BOTAFOGO LIÇÃO PARA QUEM GASTA MAIS DO QUE PODE
Decidido
neste final de semana, o rebaixamento do Botafogo para a Série B do Brasileiro
não é casual, ou apenas fruto da série de erros finais do seu ex-presidente
Maurício Assumpção. Por seis anos, a gestão dele multiplicou por cinco os
gastos com futebol, explodiu a dívida e por isso gerou a asfixia financeira e o
caos que levaram o time à Segundona. É uma lição para clubes que gastam mais do
que podem porque esse pode ser seu futuro.
E Assumpção
não pode responder sozinho por esse descalabro. Foi reeleito e referendado
dentro do clube. Não faltou festa da torcida quando contratou Seedorf com
milhões de salário anual, uma despesa que não havia como os alvinegros pagarem.
Com esse
elenco com jogadores caros, de 2009 para 2013, Assumpção elevou de R$ 30
milhões para R$ 163 milhões os gastos com o futebol. No mesmo período, sua
receita foi triplicada, ficando em R$ 150 milhões – não esqueçamos que existem
outras despesas da agremiação. Resultado: a dívida dobrou até atingir R$ 700
milhões no final do ano passado. Não se sabe como vai acabar em 2014.
Qual a
consequência? O clube tinha que deixar de pagar impostos ou suas dívidas
trabalhistas para ir cobrindo esses buracos já que não havia dinheiro
suficiente. Uma hora a conta chega: decisões judiciais penhoraram as receitas
do clube e o impediram de ter caixa para pagar salários. O Botafogo disputou o
Nacional inteiro sem quitar os compromissos com seus jogadores.
Do elenco
que tinha Seedorf só sobrou de medalhão o goleiro Jefferson após as dispensas
no meio do campeonato feitas por Assumpção. Batido pelo Santos, o time que foi
rebaixado tinha jogadores como Andreazzi, Ronny e Bruno Corrêa, pois era o que
restou para Vágner Mancini escalar nesta rodada final.
Haverá quem
argumente que o Palmeiras de Paulo Nobre economiza e também está ameaçado de
rebaixamento. Mas a diretoria palmeirense, na realidade, gasta mais do que
ganha e acumula déficit graças a uma receita baixa. A dívida com o próprio
dirigente é crescente.
A verdade é
que o Botafogo não é exceção. No futebol nacional, o que mais se faz é gastar
além do que há disponível em caixa e financiar o buraco comprometendo o futuro.
A conta do time carioca chegou na Vila Belmiro e levará anos para ser pagar. É
bom que outros clubes perdulários lembrem que, se persistirem nesta política de
gastança desenfrada, também vai chegar a hora deles.
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