DURANTE TEMPESTADE, DILMA BUSCA SALVAR PETROBRAS



Papéis da estatal de petróleo perdem cerca de 9% do valor entre ontem e hoje, derrubados pela queda no preço internacional do petróleo e por baixa recorde na bolsa de valores da China; abalada pelas denúncias da operação Lava Jato e cercada por investigações e ações na Justiça que já chegam até aos Estados Unidos, desafio é o de reposicionar a companhia para um rumo seguro em meio a uma tempestade perfeita; entre montar o novo ministério e defender suas contas eleitorais da rejeição projetada pelo ministro Gilmar Mendes, do TSE, presidente Dilma Rousseff precisa, ao mesmo tempo, relançar a Petrobras; ela vai conseguir?


Fonte: Jornal 247

Em meio à formação de seu novo ministério e a batalha jurídica que se anuncia diante da iminência da rejeição, pelo ministro Gilmar Mendes, do TSE, das contas de sua campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff tem uma missão ainda maior: estancar a sangria e reposicionar a Petrobras em um porto seguro em meio à tempestade de queda de preços do barril do petróleo no mercado internacional. Uma missão bastante complexa.

No momento em que a estatal, por meio da perfuração de poços na área do pré-sal, bate todos os seus recordes de produção, uma surpresa se formou nos mercados internacionais. Nos últimos três meses, o preço do barril caiu mais de 35%, descendo de US$ 100 para cerca de US$ 65 agora. O piso desta queda, dizem os especialistas, ainda não foi identificado.

O que parece ser apenas uma noticia desagradável para as finanças da companhia, porém, pode abrir contribuir para tornar mais fácil a missão da nova equipe econômica de promover ajustes na economia brasileira. Especialistas do setor consideram que a baixa no preço do barril cria a oportunidade que o governo esperava para a volta da Cide - o imposto embutido em cada litro de combustível vendido, extinto em ... . Mas, importante, sem que para isso seja preciso reajustar o valor do litro da gasolina e do diesel nas bombas dos postos, para o consumidor. Há a possibilidade, assim, de o governo engordar suas receitas, com a Cide, sem onerar o bolso do público. A questão será a de implementar essa alternativa.

No campo político, como se sabe, o campo de manobra em torno da Petrobras, para o governo, é bastante estreito. As descobertas da Operação Lava Jato assanharam a oposição e alcançaram repercussão internacional. Nos Estados Unidos, especialmente, a Petrobras se tornou alvo de investigação pela SEC e pelo Departamento de Justiça, além de ser acionada por advogados que representam acionistas minoritários que sentiram lesados pelo que chamam de "cultura de corrupção" na companhia.

Na soma de todos esse fatores, a Petrobras atingiu, na segunda-feira 8, seu menor valor de mercado desde 2005, com suas ações ON cotadas abaixo de R$ 11. O preço do barril do petróleo, enquanto isso, retornou ao nível de 2009.

Nesta terça-feira, os papeis da estatal abriram o dia na Bovespa descendo mais 3%, tragados para baixo também pela pressão internacional. A bolsa da China, refletindo os temores dos investidores, perdeu 5% em suas atividades do dia.

Dar um salto para a frente na Petrobras, agora, quando todos os elementos apontam para um retrocesso, é uma missão quase impossível. E a presidente Dilma está ciente das dificuldades. 

- A queda nos preços do petróleo afeta as economias de todos os países, disse Dilma, no Equador, no final de semana, durante reunião da Unasul, certa dos reflexos imediatos nas finanças da estatal brasileira.

Para a Petrobras, a notícia da quebra nos preços internacionais do petróleo é impactante. A companhia está em meio a um processo de quebra de todos os seus recordes de produção de petróleo, superando todas as metas positivas do pré-sal. Simultaneamente, a Petrobras começa a enfrentar graves problemas com seus fornecedores. Centenas de pagamentos que eram feitos regularmente pela empresa foram suspensos, em razão das suspeitas em contratos levantados pela operação Lava Jato. Essa paralisação no relacionamento comercial com empresas de apoio já leva a greves, demissões, atrasos de salários e suspenção de atividades em estaleiros e fabricantes de plataformas e seus componentes.

Para citar um caso, a Sete Brasil, que teve entre seus funcionários de alto escalão o ex-gerente Pedro Barusco e é controlada pelo banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, tem, segundo a mídia, uma dívida de R$ 300 milhões com seus fornecedores de perfuratrizes. Sem esses pagamentos, seus fornecedores já começam a demitir empregados às dezenas. Esse fenômeno negativo já perpassa boa parte da região litorânea brasileira. 

No resumo da ópera, a bolsa despenca, o preço do petróleo cai, as dificuldades entre fornecedores da Petrobras se avolumam, as contas eleitorais da presidente Dilma devem ser rejeitadas e a oposição aumenta o ritmo das batidas nos bumbos da radicalização. Um tempestade perfeita, para ser enfrentada com toda a habilidade que a presidente puder exibir.

Abaixo, reportagem do portal Infomoney sobre as ações da Petrobras:

Ibovespa ameniza perdas e tenta recuperar os 50 mil pontos; Petrobras e Vale afundam
Por Ricardo Bomfim

SÃO PAULO - Após cair 1,2% nos minutos iniciais do pregão, o Ibovespa ameniza as perdas nesta terça-feira (9), puxado pela alta dos bancos privados. A notícia de que a China propôs medida de aperto de crédito no país trouxe um mau humor generalizado nos mercados, levando o petróleo a renovar os menores patamares em cinco anos. Sem referências positivas no cenário doméstico, investidores preferem operar com cautela.

Às 11h13 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 0,37%, a 50.088 pontos. Já o dólar se recuperou das quedas do começo do dia e passa a operar perto da estabilidade, na faixa de R$ 2,61 - vale lembrar que a moeda renovou a máxima em mais de 9 anos na última segunda-feira.

As bolsas internacionais têm dia de queda quase generalizada nesta terça depois que a China divulgou medidas de aperto no crédito de curto prazo. O índice Xangai liderou as perdas e fechou em queda de 5,44%, a maior desde 2009, logo depois de ter fechado no maior patamar desde 2011 na segunda-feira. O governo chinês declarou que títulos com rating inferior a "AAA" não poderão mais ser usados como colaterais para empréstimos.

Petrobras e Vale no vermelho

A notícia da economia chinesa afeta diretamente a Vale (VALE3; R$ 20,63, -2,60%; VALE5; R$ 17,62, -2,44%), que tem no gigante asiático o principal destino de suas exportações e acaba refletindo a queda nos preços do minério de ferro - já que a China é a principal consumidora da commodity. Com a nova queda, a mineradora renova seus menores patamares desde 2009.

Outra importante ação do Ibovespa a cair forte é a Petrobras (PETR3; R$ 10,33, -3,64%; PETR4; R$ 11,06, -3,83%), que caiu mais de 6% na véspera e chegou a cair 5% na abertura desta terça. Ontem, investidores estrangeiros protocolaram uma ação civil pública contra a estatal nos EUA por alegar que a empresa violou a "Securities Exchange Act", legislação que regula as empresas de capital aberto no país. 

Ainda sobre a estatal, o Conselho de Administração confirmou que vai analisar o resultado financeiro do terceiro trimestre na próxima sexta-feira. O balanço não será auditado pela Pricewaterhouse Coopers, que está impedindo a publicação oficial dos resultados contábeis entre julho e setembro e pode trazer mais dores legais de cabeça para ela.

A queda de Petrobras, junto com a da Vale, que juntas compõem 15% do Ibovespa, trazem o índice para baixo.

Banco amenizam perdas quem ajudava a modeerar a queda do ibovespa eram as ações dos bancos privados -Bradesco (BBDC3; R$ 32,05, +0,86%, BBDC4, R$ 36,34, 2,14%) e Itaú(ITUB R$ 35,98, +0,93%) juntos os ápéis das duas instituições respondem por 20% da composição do Ibovespa.


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