CANDIDATOS SE DESESPERAM AO CHEGAR COM MINUTOS DE ATRASOS



Mais de 600 inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no estado do Rio de Janeiro e muitos planos de construção do início da sonhada independência financeira para alguns, os mais jovens; para outros, os mais maduros, conquistar uma vaga para realizar o sonho de fazer curso superior; entretanto, teve quem chegou atrasado apenas um minuto e se desesperou


Vinícius Lisboa/Agência Brasil - Com o fechamento dos portões, pontualmente às 13h, os inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começaram hoje (8) o primeiro dia de prova. No estado do Rio de Janeiro, 606 mil pessoas se inscreveram e, só na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), 5,6 mil eram aguardadas. Os minutos finais da entrada foram marcados por uma correria que se repete ano após ano, inclusive com candidatos atravessando na frente dos carros na Rua São Francisco Xavier, onde fica a universidade. Atrasada em apenas um minuto, Amanda Alli, de 19 anos, foi a primeira a encontrar o portão fechado.

"Tinha um monte de colégios perto da minha casa e me colocaram para fazer aqui. Eu estava do outro lado da rua e o portão estava aberto. Minha mãe vai me matar", desesperou-se ao contar que saiu uma hora antes de casa, em Pilares, e enfrentou muitos engarrafamentos: "desci do carro e peguei uma moto táxi para chegar até aqui", lamentou aos prantos, depois de se atirar no chão e implorar para que a deixassem entrar.

A jornalista Luci Braga, de 50 anos, levou a filha Ana Carolina, de 17 anos, para prestar o exame. De lá, Luci já tinha uma programação: "tem um grupo de mães de Enem de que eu faço parte. A nossa estratégia é fazer a primeira parte, garantindo que elas estão na sala e, daqui, ir para uma igreja e fazer uma oração e mandar energia. Cada um na sua fé". Para ajudar o desempenho da filha, a mãe ainda preparou um kit: "tem fruta, biscoito, cereal, remédio".

Já a dona de casa Edith da Silva, de 48 anos, deixou o filho no local da prova e partiu para a Uerj para prestar o exame: "quero fazer para mim, não é para a sociedade ou para a família. É porque eu quero estudar. Sempre tive esse sonho, mas como a vida do brasileiro é difícil, tendo que pagar creche e escola, preferi investir no meu menino. Hoje ele tem 17 anos e quer fazer economia", conta a mãe, que sonhava em fazer veterinária mas agora pensa em sociologia: "minha família é grande, com dez irmãos. Hoje, acho que esse campo é mais para os jovens", lamenta.

Trinta minutos antes do começo da prova, Deborah Soares, de 17 anos, discutia com uma amiga qual era a melhor forma de marcar as respostas no caderno de prova para não se confundir na hora de preencher o cartão-resposta. A estudante quer uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni) para cursar publicidade na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) ou uma vaga para o mesmo curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Deborah Soares também faz planos para o ano que vem se não passar: "quero trabalhar ano que vem, me tornar independente. É muito ruim ter que ficar pedindo dinheiro. Se eu passar, faço [o curso] de manhã e trabalho à tarde", diz Deborah, que sonha ser fotógrafa, além de publicitária.


Já o estudante Bruno Veras, de 17 anos, já sabe até onde quer trabalhar: Petrobras. Para isso, pretende se formar em engenharia química na UFRJ. "É a área com que eu mais me identifico. Estou tranquilo, vim preparado", conta ele, que aposta que o tema da redação de amanhã será "água".

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