GUIA ORIENTA A MÍDIA COMO TRATAR TEMAS DE DIREITOS HUMANOS
O Coletivo Intervozes,
de comunicação social, o Fórum de Juventudes do Rio e o Fórum Social de
Manguinhos lançaram hoje (18) o Guia Mídia e Direitos Humanos, com debate no
Museu da Maré sobre o papel da mídia na criação de estereótipos em relação aos
moradores de comunidades.
A publicação
é fruto de uma parceria do Intervozes com a Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República (SDH), e foi elaborado depois de oficinas sobre a
formação em direitos humanos feitas em cinco cidades.
Integrante
do Intervozes, a jornalista Mônica Mourão, explica que o guia é muito otimista,
no sentido de tentar dar subsídios ao comunicador que queira fazer uma
cobertura bem intencionada sobre as diversas questões que envolvem os direitos
humanos.
“A gente
construiu um guia com indicações, sugestões, dicas e material de consulta para
comunicadores, comunicadoras, jornalistas profissionais também, que querem
fazer uma matéria, precisam muitas vezes cobrir algo nessa área e às vezes não
sabem como fazer uma abordagem respeitosa, que garanta direitos, ao invés de
violar esses direitos”.
A publicação
traz as principais bandeiras de luta que envolvem as pessoas com deficiência, a
questão de gênero, população negra, crianças e adolescente e população idosa,
com glossário, como tratar certos temas e utilização de termos, além de guia de
fontes e boas práticas.
De acordo
com Mônica, serão feitas outras atividades de divulgação, mas o lançamento de
hoje foi em apoio à mobilização pela permanência do Museu da Maré, além de ser
um local simbólico em termos de violações de direitos humanos.
“É
fundamental discutir comunicação e direitos humanos em territórios onde esses
direitos são especialmente violados. Então a gente achou que era muito
importante nesse dia de resistência do Museu da Maré, que está sendo ameaçado
de despejo, a gente estrar aqui junto em solidariedade, mostrando que a gente
está ao lado deles, e também tentando articular pessoas, entidades e movimentos
de direitos humanos que possam futuramente fazer outras atividades que possam
fazer essa temática de comunicação de direitos”.
Durante o
debate, foram apontadas questões como a construção, pela grande mídia, da ideia
de que o morador de favela é criminoso e que as vítimas de violência policial
são, a princípio, envolvidas com atividades ilícitas, sem direito a contestação
ou defesa.
Integrante do Fórum de Manguinhos e do Fórum de Juventudes, Monique
Cruz explica que a construção de estereótipos é tão intensa que acaba habitando
o imaginário popular até mesmo dentro das próprias comunidades marginalizadas
pelos meios de comunicação. Portanto, a comunicação é importante para reverter
esse quadro.
“A retomada
de uma identidade local, de uma positivação dessa identidade é muito
importante. O reconhecimento da pessoa como parte desse lugar, da história
desse lugar e da importância disso, não só para o local, mas para a cidade,
traz toda essa possibilidade de enfrentamento desses estereótipos. Nosso maior
inimigo é a comunicação, mas também é o nosso maior aliado. As pessoas não
conseguem fazer essa interligação do que elas são de fato, falam que morador de
favela é tudo bandido ou babá. Mas, espera aí, eu também sou morador dessa
favela, cresci aqui e não sou má, não sou feia, não sou suja, não sou bandida.
Como a gente consegue trazer essa reflexão para as pessoas do próprio lugar,
porque dentro das comunidades a gente reproduz também esses estereótipos.”
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