A EMPRESÁRIA CARIOCA QUE FAZ A DIFERENÇA NA LUTA CONTRA O CÂNCER INFANTIL

Felipe e Renata posam juntos (Foto: Reprodução)Felipe e Renata posam juntos (Foto: Reprodução)
Figura queridíssima no Rio, a empresária Renata Cordeiro Guerra poderia escrever um livro daqueles para se ler com uma caixa de lenços do lado, para aplacar poças de lágrimas. Mas muito pelo contrário: ela encontrou na doença do filho, Felipe - um tumor cerebral que o venceu em abril deste ano -, forças para lutar, resistir e continuar sua história com a inauguração do Instituto Todos Com Felipe, num escritório montado em sua própria casa, na zona sul carioca. O lançamento oficial da empreitada será dia 13 de novembro, com um show da banda The Skelters, formada por amigos de Renata e simpatizantes da causa. Vai ser no espaço de shows Miranda, na Lagoa, com a participação de 450 convidados com renda revertida para o Instituto.

Renata, Felipe e a filha dela: "Não adianta ficar jogada numa cama chorando. Tenho uma filha a quem dar atenção" (Foto: Reprodução)

 "Eu fazia o meio-campo para as pessoas que queriam ajudar e vi um caminho se abrir. Por que não fazer um instituto? Meu pai é advogado e disse que não era tão difícil", contou ela, que, em setembro, através de doações de pessoas físicas e jurídicas, também conseguiu construir a Brinquedoteca Felipe Cordeiro Guerra Nigri, no Hospital Nossa Senhora do Loreto, na Ilha do Governador, uma referência no estado para cirurgia e tratamento de crianças e adolescentes com lábio leporino e fissura lábio-palatal. "Enquanto esperavam as consultas, as crianças brincavam na lama. Aquilo me emocionou, juntei parceiros e construí uma área de 100 metros quadrados que atualmente atende 300 crianças. Hoje elas não querem mais sair de lá e o local virou um oásis", explica.
Felipe e a irmã: "Ele sempre soube pelo que estava passando", diz Renata (Foto: Reprodução)

Felipe e a irmã: "Ele sempre soube pelo que estava passando", diz Renata (Foto: Reprodução)



Renata descobriu a doença do filho em 2005. De lá até abril deste ano, quando o heroico rapazinho faleceu, aos 13 anos, foram inúmeros tratamentos, incluindo quimioterapias, radioterapias, cirurgias, fisioterapias, tratamentos em hospitais no exterior e no Brasil. "Não consigo ficar parada. Se ficar pensando na morte do Felipe, enlouqueço. Esse trabalho me dá uma satisfação tão grande que transforma minha dor em amor", ensina ela, que também é triatleta e faz terapia para amenizar o sofrimento. "Me cuido, faço triatlon e isso é uma coisa que me salva. Não adianta ficar jogada numa cama chorando. Não faria bem para mim, nem o Felipe gostaria disso e tenho uma filha a quem dar atenção", diz.

Felipe Cordeiro Guerra foi vencido pelo tumor cerebral em abril  (Foto: Reprodução)
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Felipe Cordeiro Guerra foi vencido pelo tumor cerebral em abril (Foto: Reprodução)


Felipe era superpopular entre os coleguinhas da Escola Americana, na Gávea, e seus amigos, que sempre o visitavam nos hospitais depois das cirurgias, vão fazer uma festa com renda revertida para o Instituto no dia 25.  "Amigos e familiares têm que estar do lado da criança e isso faz total diferença no tratamento. No caso do câncer, o acompanhamento dos pais e a fé movem montanhas, as portas se abrem e as pessoas encaram a doença de uma outra forma. Se você é derrotada e faz quimioterapia, sai sofrida da sala. Mas se você leva um jogo de tabuleiro e joga com as crianças, eleva o astral, dá esperança e motivação. Nunca desabei quando Felipe estava entre nós e só chorei quando ele morreu.

Minhas amigas dizem que têm vergonha de falar que estão chateadas porque o filho fez algo que elas não gostaram, porque eu estou sempre bem. Ainda tenho uma filha e deixo para ficar triste na análise, nos quilômetros de corrida. Cada um pensa de uma forma", diz Renata, afirmando que o filho sabia por tudo o que estava passando. "Quando ele ficou doente pela segunda vez (2009), falou: 'Mãe, não tive infância e não vou ter adolescência, né?'. Nunca neguei, mas também não falava sobre como iriam acontecer certas coisas. Sempre dizia que estávamos juntos e que nunca iria deixá-lo de lado. Éramos grudados. Ele era uma pessoa que trocava energia, muito resignado, persistente, queria ir aos tratamentos e lutava pela vida.


 Tinha maior bom astral e o poder de me acalmar. Transmitia uma paz...Converso sempre com ele", conta. E quando a dor aperta? "Eu choro. Não tem mágica. Não tenho muita tristeza porque sei que ele está comigo, dentro de mim... Sinto uma saudade diária, a cada minuto, mas é um dia de cada vez. Tento pensar no hoje". Renata tem o coração tão grande, cheio de esperança e amor, que ainda divide um sonho com a coluna: "Construir um hospital para crianças com câncer, que seja referência no assunto".

Época

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