USINA DE TRATAMENTO DE BIOGÁS DO ATERRO DOIS ARCOS VAI TRANSFORMA EM COMBUSTÍVEL O LIXO DAS CIDADES DA REGIÃO DOS LAGOS
A Usina de Tratamento de Biogás do Aterro Dois Arcos, inaugurada hoje (4)
pelo governo do Rio em São Pedro da Aldeia, em conjunto com as empresas Osafi e
Ecometano, vai transformar em gás natural cerca de 600 toneladas de lixo
produzidas diariamente por oito municípios da Região dos Lagos, que formam o
consórcio que construiu o aterro sanitário. São eles: São Pedro da Aldeia,
Búzios, Iguaba Grande, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Silva
Jardim e Araruama. O projeto recebeu investimento de R$ 18 milhões.
A usina
ainda não está ligada à rede da Companhia Estadual de Gás do Rio de
Janeiro (CEG-Rio), e, até que o gasoduto seja construído, o biogás produzido no
local será comprimido e entregue a um consumidor industrial. Também nesta
fase inicial, o gás obtido vai abastecer os caminhões que fazem o
recolhimento do lixo e os veículos da própria companhia, que funcionarão
com gás natural veicular (GNV).
“Depois,
quando o gasoduto estiver pronto – são quatro quilômetros, que devem ficar
prontos entre março e abril de 2015 – este gás vai ser misturado com gás da
CEG-Rio”, adiantou a coordenadora do Programa Rio Capital da Energia, Maria
Paula Martins. A distribuição do produto aos consumidores será feita sem custos
adicionais, segundo ela. “O consumidor não vai distinguir que está consumindo
uma mistura [de gás natural e biogás], nem tem mudança no preço”. De início, a
produção diária será de 6 mil metros cúbicos de gás e, em oito anos, deve
chegar a 20 mil metros cúbicos, com produção estimada de 5 milhões de metros
cúbicos de biogás purificado por ano.
Maria
Paula lembrou os benefícios ao meio ambiente e disse que a usina vai
evitar o lançamento na atmosfera de cerca de 470 mil toneladas de dióxido de
carbono até 2020 e poderá gerar créditos de carbono, que serão emitidos pela
Organização das Nações Unidas (ONU). “Tem um aproveitamento nobre. O setor
energético é caro, e a gente acaba usando [o lixo] de forma produtiva para a
empresa”, avaliou.
De acordo com o pesquisador do Instituto Luiz Alberto Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luciano Basto, o Brasil economizaria cerca de R$ 32 bilhões por ano se reaproveitasse todo o lixo produzido. Se a conta incluir os resíduos da pecuária confinada e da agricultura, a economia ultrapassaria R$ 100 bilhões anuais.
O tratamento
e destinação adequadas dos resíduos também resolvem questões sanitárias. O gás
que seria naturalmente produzido e iria poluir a atmosfera é armazenado para
aproveitamento energético. Na forma de gás, como produzido na Usina de
Tratamento de Biogás do Aterro Dois Arcos, a utilização é bastante flexível,
segundo Basto. “Pode servir para geração elétrica no local ou fora,
transportado por caminhões; para fins veiculares; e até para injeção na
tubulação de gás que distribui pelo estado. Aí, pode ser usado para
comércio, indústria, residência”, listou.
Na avaliação
do pesquisador da Coppe-UFRJ, o caminho economicamente viável e ambientalmente
mais adequado “é pensar na substituição de combustível veicular, porque o
Brasil é importador de diesel e gasolina, que podem ser substituídos por
biometano”. De acordo com Batso, este gás tratado é competitivo do ponto de
vista financeiro na comparação com combustíveis líquidos. “Para a balança
comercial do país, pode ser muito interessante e mais vantajoso esse caminho”. O combate ao desperdício, por meio da
substituição de combustíveis importados, seria um ganho de produtividade
imediato, segundo o pesquisador.
Apesar das
vantagens dos aterros, Basto destacou que, como os resíduos sólidos são um
problema que a sociedade tem que resolver com urgência, é preciso buscar novas
tecnologias de tratamento para substituição dos aterros, que são
difíceis de licenciar. A partir daí, segundo o pesquisador, poderá
haver sistemas de biodigestão que comecem tratando o lixo, mas sirvam
também para os resíduos da pecuária confinada e da agricultura. “Isso se
caracteriza como um mercado gigantesco no Brasil, que sempre continuará a ser
produtor e exportador de produtos agropecuários”, avaliou.
Fonte: Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil
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