CANDIDATOS FALAM SOBRE TERRITÓRIOS POPULARES EM DEBATE NA TV BAND
O Jornal
247 fez uma análise do debate entre candidatos ao Governo do Rio
de Janeiro ontem (19), na "Band", e reuniu as principais declarações
dos candidatos sobre políticas e projetos para os territórios populares.
Participaram do debate Anthony Garotinho (PR), Luiz Fernando Pezão
(PMDB), Lindberg Farias (PT), Tarcísio Motta (PSOL) e Marcelo
Crivella (PRB)
Por Artur
Voltolini, para o Favela 247
Na noite de
ontem (19), os candidatos ao Governo do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR),
Lindberg Farias (PT), Luiz Fernando Pezão (PMDB), Marcelo Crivella (PRB) e
Tarcísio Motta (PSOL) participaram de um debate organizado pela “Band”.
Os editores
da emissora tentaram aproximar os usuários das redes sociais (Twitter e
WhatsApp) do debate televisivo, mas acabaram por confundir as regras do debate.
Lembrado as de um jogo de tabuleiro e apresentadas por toscas animações 3D, as
regras inibiam a interação entre os candidatos. Algumas perguntas sorteadas
pelo apresentador eram respondidas apenas por dois participantes do debate, não
deixando os telespectadores saberem da opinião de todos os candidatos sobre
temas importantes para a sociedade. Algumas perguntas em vídeo enviadas por
WhatsApp tinham péssima qualidade de áudio.
O debate
parecia ser para um cargo de superprefeito do Rio de Janeiro e da Região
Metropolitana, tão pouco outros municípios e regiões do Estado foram
lembrados. Reflexos da época em que a cidade do Rio de Janeiro era a
capital da República. A Região Serrana foi lembrada por Garotinho, que acusou o
governo de Cabral e Pezão de ter sido ineficiente no apoio às vítimas da tragédia
de 2011 e na recuperação das cidades mais atingidas. Pezão, prefeito de Piraí
por duas vezes, falou sobre os rios da região do Vale do Paraíba Fluminense
quando um internauta perguntou sobre a gestão de recursos hídricos. Já Lindberg
citou o baixo desenvolvimento do município de Campos de Goitacazes para
criticar Garotinho, ex-prefeito da cidade hoje governada por sua esposa,
Rosinha Garotinho.
O legado de
Leonel Brizola foi citado por quase todos os candidatos, que pretenderam se
colocar como continuadores de suas obras sociais. Eles lembraram principalmente
dos CIEPs. Apenas Tarcísio Motta disse que não é preciso construir escolas, e
sim contratar professores e implementar o período integral.
Segue abaixo
uma análise do desempenho de cada candidato, e em seguida os temas relacionados
ao territórios populares levantados no debate e o que cada candidato disse
sobre eles. As regras impediram que todos os candidatos respondessem sobre
todos os temas.
Desempenho
dos Candidatos:
Anthony
Garotinho (PR): Político
experiente, ex-governador e deputado federal, Garotinho passeou pelo debate.
Ignorava as perguntas dirigidas a ele e dizia o que bem queria. Chegou até a
divulgar seus sites e perfis em redes sociais em seu tempo de resposta. Foi o
mais agressivo dos candidatos e atacou todos os adversários.
Lindberg
Farias (PT): O
senador teve uma atuação mediana. Centrou seu discurso na barreira
invisível que divide a Zona Sul da capital com o resto da cidade, da Baixada
Fluminense e da região de Niterói e São Gonçalo. Ele criticou a diferença de
investimentos no que ele chamava de “Rio Cartão-Postal” e “Rio Pobre”. Disse
ter sido crítico dentro do PT à aliança com o governo Sérgio Cabral, do PMDB.
Citou Lula três vezes, mas não citou a presidenta e candidata à reeleição Dilma
Roussef.
Luiz
Fernando Pezão (PMDB): O atual governador não esteve bem no começo do debate. Muito
duro, não parecia acostumado às câmeras. A péssima iluminação não o ajudou
muito, deixando-o com um ar sombrio. Ele se ateve a defender o legado do seu
Governo e o de Sergio Cabral, de quem foi vice. Embora o PMDB carioca tenha
fechado coligação com o PSDB de Aécio Neves, citou Dilma Roussef e a pareceria
do Estado com o Governo Federal por duas vezes.
Marcelo
Crivella (PRB): Sobrinho
do bispo Edir Macedo e atual Ministro da Pesca, Crivella teve uma atuação
discreta e adotou uma postura de não agressão no debate. Sempre com um ar
sereno, fez questão de lembrar suas origens populares e de dizer ter feito
ensino técnico.
Tarcísio
Motta (PSOL): Professor
de história do colégio Pedro II, foi o melhor orador do debate. Se esforçou
para se mostrar como o único candidato que significava alguma ruptura com a
forma que o Estado tem sido governado pelos últimos 20 anos. Com um discurso
bem preparado, Tarcísio pareceu estar falando apenas para a militância do PSOL,
já que sua fala era cheia de palavras difíceis e termos acadêmicos. Inclusive
fechou o debate se dirigindo à militância, e não aos telespectadores.
Temas
referentes aos territórios populares
Desmilitarização
da PM
Garotinho
disse que o Estado não está preparado para a desmilitarização da polícia, e
criticou o treinamento de apenas 6 meses para os novos policiais militares.
Pezão também
afirmou que o estado não está preparado para isso, disse que pegou uma polícia
com equipamentos sucateados e que a reaparelhou. Remarcou a luta de seu governo
contra o crime organizado, e disse que investirá em formação policial.
Crivella
afirmou ser contra a desmilitarização, e que depreciar a polícia e o trabalho
policial não resolve os problemas, e que os cidadão devem se reconciliar com a
polícia. Citou ainda um projeto de criar um batalhão de policiais
motociclistas.
Lindberg
lembrou ser o autor da PEC 51, que propõe a desmilitarização da polícia e tramita
no Senado Federal. Lembrou que as polícias dos Estados Unidos, da Inglaterra e
da Alemanha não são militarizadas. Afirmou que mesmo que a PEC não seja
aprovada, é possível reformar a polícia do Estado, mudando a lógica da guerra e
do enfrentamento. Citou o que chamou de “genocídio da juventude negra” e disse
que vai manter as UPPs, mas transformá-las em unidades de políticas públicas
Tarcísio
Motta afirmou acreditar ser fundamental a desmilitarização da PM, o que,
segundo ele, ficou claro nas jornadas de junho. Disse que se deve investir mais
na formação dos policiais, e que a polícia deveria ter ouvidoria e corregedoria
externas
Transporte
Alternativo
Pezão
afirmou ter legalizado as vans e implementado bilhete único intermunicipal.
Lindbergh
disse ser favorável ao transporte alternativo, e que legalizou a situação dos
motoristas de VANs quando foi prefeito de Nova Iguaçu.
Tarcício se
pocicionou a favor do transporte alternativo, mas frisou que ele deve ser
complementar, e sua função deve ser interligar os meios de transporte de massa.
Criticou o controle de algumas vans por grupos de milicianos.
Crivella
lembrou de seu passado como taxista, e disse entender o que sentem tanto os
motoristas tanto de táxi quanto os de vans, e se declarou grande defensor do
transporte alternativo.
Garotinho
atacou Pezão, dizendo que ele caçou mais de 1000 concessões de vans que
haviam sido dadas por ele quando Governador, e chamou Pezão de mentiroso. Se
disse o padrinho do transporte alternativo no Rio.
Cultura e
juventude
Tarcísio
Mota afirmoi que o Rio deve acabar com a “Cultura do Espetáculo”, e que deveria
se investir mais na cultura das comunidades, que os editais deveriam ser mais
democráticos, e que os equipamentos culturais precisam ser melhor distribuídos
pelo Estado. Disse que investirá no resgate das culturas tradicionais e afirmou
se orgulhar de ter um vice quilombola.
Crivella
acredita que os projetos culturais devem ser direcionados para quem precisa, e
lembrou de projeto de quando era senador “Som+Eu”, no Morro da Providência, que
formou uma orquestra com centenas de jovens.
UPP
Crivella
disse querer aumentar o contingente policial e reaproximar a população da
polícia. Afirmou que não é para discutir se a UPP é boa ou não, ou se a culpa
pelos problemas é do governo ou não, já que a culpa para a situação de hoje é
de governos anteriores. Disse que instalará fábricas nas favelas para empregar
a população local, pois o tráfico se aproveitaria de jovens na ausência de seus
pais.
Garotinho
quis deixar claro que nunca disse que acabaria com as UPPs, ele disse ser a
favor das UPPs e de prender criminosos, e que irá criar um Batalhão de Defesa
Social, que trabalhará para expandir a polícia de proximidade, coisa que disse
ter feito com o antigo GPAE quando foi Governador.
Cotas
raciais
Lindberg
disse ser favorável às cotas, já que hoje, num curso de medicina de uma
Universidade Federal, há 30 negros estudando, quando antes não havia nenhum.
Disse que deve haver um controle maior dos casos de pessoas que tentam burlar o
sistema, mas que é importantíssimo que haja engenheiros negros no Brasil, por
exemplo.
Tarcísio
Motta é a favor das cotas raciais e econômicas, e que os alunos cotistas
apresentam melhores resultados em salas de aula, mas insistiu que se deva
investir em assistência estudantil e polítoca de permanência para possibilitar
que os alunos concluam o curso.
Legalização
da maconha
Lindberg se
disse contra a liberação da maconha, ao mesmo tempo que criticou a
“guerra às drogas”, e que se combate o tráfico com políticas públicas, e que
hoje há cerca de 30 mi jovens que nem estudam e nem trabalham no Estado.
Tarcísio
Mota se disse totalmente favorável a legalização, e que atualemnte ela já é
liberada. Para o candidato o Estado deveria controlar o uso abusivo das drogas,
assim como fez com sucesso com com o tabaco. Chamou a guerra às drogas de
hipócrita, e disse que ela é, no fundo, uma guerra aos pobres.
Crivella se
posicionou contra a legalização da maconha, afirmou que “maconha não
constrói um país. Os países que liberaram voltaram atrás” Citou a empresa
holandesa de fabricações de aviões Fokker, dizendo que seus aviões estavam
saindo com problemas por causa do uso da maconha por parte dos funcionários,
sem citar nenhum caso específico.
Garotinho se
disse contra a legalização, e disse que há estudos em países onde ela foi
legalizada que mostram a ineficácia da ação, embora não tenha citado quais
estudos.
Pezão disse
que o Estado ainda não está preparado para a legalização da maconha, e afirmou
que com a política das UPPs “libertou 450 mil pessoas do controle do tráfico de
drogas”.
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